Futebol

Cosme Rímoli fala sobre partida de ontem e alerta: "Tudo ainda pode piorar"

Mais um gigante de volta à Série A.

O grande Vasco da Gama.

Esta é a informação mais importante. Só que o que dá agonia para o mais ufanista vascaíno são os detalhes. Incompetentes dirigentes fizeram o clube ser rebaixado para a Segunda Divisão três vezes em oito anos. E hoje, jogando no Maracanã, não só sofreu, suou sangue. Deixou antever desde já, enormes dificuldades para se manter na Série A.

Quase 60 mil torcedores viram a equipe fraca, envelhecida, montada com patrocínio fraco, com Jorginho sem comando, perdido, demitido. Enquanto o time sofria para vencer por virada o Ceará sem nove jogadores, por 2 a 1, dois gols de Thalles, a torcida gritava contra o eterno ditador Eurico Miranda. Não há perspectiva de revolução com dirigentes ultrapassados.

A alegria para a volta para a elite vinha com raiva. O clube carioca conseguiu apenas a terceira colocação na Série B. Ficou atrás do Atlético Goianiense e Avaí. Sem passar a menor convicção que está pronto para ficar na Série. Não conseguiu nem o obrigatório e amaldiçoado título da Segunda Divisão.

Até os jogadores sabiam que não passaram a menor certeza que o futuro será tão melhor. Foi o acesso mais decepcionante de um gigante rebaixado para a Série B. Os vascaínos cansaram de passar vergonha com seu time.

"Pedimos desculpas ao torcedor porque depositaram muita confiança no nosso time. Muito difícil jogar sob uma pressão como essa. Não queríamos ter terminado o ano desse jeito, queríamos ter subido antes. Mas pelo menos conseguimos confirmar essa volta à Primeira Divisão", dizia Júlio César. Em vez de comemorar, ele se desculpava. E dava razão à revolta da torcida.

A comemoração no Maracanã veio com protesto. Vaias, palavrões. Falta de confiança. O sufoco na Série B foi uma péssima premonição. Não há planejamento, grandes projetos, certeza de chegada de dinheiro, nada. É como se fosse proibido ao torcedor, o simples direito de sonhar.

Só há a certeza que o time será implodido.
O contrato de Jorginho não será renovado.
E tudo ainda pode piorar.

O retrógrado gerente de futebol Isaias Tinoco, está insistindo com Eurico Miranda. Quer que o velho presidente aceite Vanderlei Luxemburgo como técnico em 2017. O treinador mais decadente do futebol brasileiro. Tinoco e Luxemburgo são amigos íntimos. Conselheiros estão implorando para Eurico não aceitar. Mas o ditador presidente faz o que quer com o Vasco.

O jogo de hoje foi assustador. O Vasco de Jorginho com seu elenco velho, cansado, sem talento. Com direito a oito jogadores com mais de 30 anos. Apenas Nenê e Martín Silva têm potencial para atuar sem susto entre clubes grandes da Série A.

Mas antes de detalhar o jogo, vale a pena destacar o motivo principal para o Vasco sofrer tanto para subir novamente. O time demonstrou o que acontece quando o treinador não tem mais repertório. Esgotou sua variação tática com um elenco. Jorginho já deveria ter sido demitido há muito tempo. Seu trabalho foi ótimo na primeira metade da Série B. Depois, seu esquema 4-5-1, foi decorado pelos adversários. O técnico não tinha mais nada a oferecer. E tudo se tornou desesperador por falta de talento do time para simples jogadas individuais.

O time entrou em pane pela absoluta incompetência do técnico.

E da ruindade do time, indigno para vestir a camisa do Vasco.

Eurico Miranda acompanhava a equipe, cobrava os jogadores, Jorginho. Mas em cada entrevista deixava claro que não tinha a menor ideia do que acontecia. Se tornou um dirigente que ficou ultrapassado. Infelizmente, os problemas de saúde só o deixaram ainda mais longe da realidade. Nas rodadas finais da Série B, o Vasco se aproveitou dos pontos que acumulou na primeira fase do torneio.

Aliás, vale a pena destacar o péssimo nível técnico da Série B. Times decadentes, sem técnica, jogando à base de correria, com esquemas táticos da década de 90, que não conseguiam enganar seus próprios torcedores. Atletas envelhecidos, enjeitados pela Série A. Os empresários já levaram as jovens promessas há muito tempo desta triste Segunda Divisão do país.

O que ficou foi o resto.
Os que não serviam.

A partida do Maracanã tecnicamente foi lamentável. O remedado Ceará, que não subiu e nem foi rebaixado, teve uma postura muito mais eficiente taticamente. Dominou o Vasco durante todo o primeiro tempo. Sérgio Soares fez seu time atacar, desprezando a pressão da torcida. O que facilitava era a postura previsível, lenta, sem intensidade do time carioca. Os cearenses reinavam no meio de campo. E criaram inúmeras chances para marcar. O gol que fez justiça ao desempenho no primeiro tempo nasceu em uma falha do goleiro Martín Silva. Ele não esperava o chute de longe do lateral Eduardo. 

O Ceará foi para o intervalo com o justo placar favorável por 1 a 0.

A esta altura, o que dava uma mínima tranquilidade aos torcedores era saber que o Náutico fracassava. Perdia para o Oeste, em Recife, por 2 a 0. Se vencesse e com a derrota vascaína, ficaria com a vaga. Mas envergonhados, os vascaínos xingavam muito Eurico Miranda e os dirigentes que estavam no Maracanã. Além de vaiar a equipe e Jorginho.

No intervalo, Jorginho trocou o cansado e limitado volante Diguinho por Eder Luís. Abriu seu time. E partiu para a marcação por pressão. Parecia que se lembrava da grandeza da camisa. O Ceará mostrava seu desentrosamento na defesa. E em uma bola parada, veio o empate vascaíno. Falta levantada para a área, falha da defesa, Éder Luís chutou, Éverson deu rebote e Thalles empatou com raiva. 1 a 1, aos dois minutos.

E dois minutos mais tarde, outro gol de bola parada. Madson cobrou lateral, a zaga cearense ficou olhando, Jorge Henrique cabeceou e Thalles, também de cabeça, marcou 2 a 1, aos quatro minutos. Muita festa no Maracanã.

Mas depois, veio o sufoco do time misto do Ceará. Wescley acertou o travessão. O time de Sérgio Soares continuou melhor até o final. Mas não conseguiu empatar.

No sufoco, o Vasco estava de volta à Série A.
Mas em vez de apenas alegria, muita apreensão para a torcida.
O medo era claro no Maracanã.
O clube sobe mas sem a menor perspectiva que tudo será diferente em 2017.
Muito pelo contrário.
O futuro parece desanimador.
As vaias para o acesso obrigatório eram simbólicas.
Tentativas desesperadas de lembrar os dirigentes da grandeza vascaína.
São Januário precisa parar de passar tanta vergonha....

Fonte: Blog do Cosme Rimoli