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Dinamite suspende pagamentos a Romário e admite que Tita foi um erro e fala

Rua da Alfândega, 382. Roberto Dinamite marca ponto nesse endereço todas as semanas, por mais apertada que esteja a sua agenda de deputado estadual e de presidente do Vasco. É lá, na Igreja de São Jorge, ajoelhado diante do altar de seu santo de devoção, que ele fortalece a fé e o espírito guerreiro de quem não abandona um sonho: ser um dirigente feliz.

Não tem sido fácil. O caos financeiro do Vasco, a bancarrota do time, as críticas do ex-presidente, as cobranças dos torcedores e a falta de tempo para o teatro com a mulher transformaram a vida de Roberto Dinamite. Sobra-lhe tempo para reuniões como a de sexta-feira, quando fechou com a Eletrobras um forte patrocínio para o ano que vem. Sobra-lhe tempo, também, para rezar e, sobre a mesa da espaçosa sala da presidência, uma enorme Bíblia é tão sagrada como os pôsteres de times imortais do Vasco a decorar a parede.

Os velhos tempos não voltam, mas Roberto garante que o futuro não será tão ruim como imaginam os menos otimistas. Ainda que, para cortar gastos, seja necessário correr o risco de deflagrar uma briga na Justiça com um dos ídolos do Vasco, Romário, que não mais receberá mensalmente as parcelas de aproximadamente R$ 130 mil referentes a uma dívida da antiga administração.

São 14h55, o almoço do presidente esfria num lugar reservado do restaurante de São Januário. “Não vamos cair”, diz Roberto, já de pé para encerrar a entrevista, mas voltando à mesa em busca de uma madeira-de-lei na qual possa bater três vezes, como se fosse possível espantar tamanha desgraça.

Sua vida mudou muito?

Estou dedicando grande parte do meu tempo ao Vasco. Mas consigo ir também à Assembléia. Estou vivendo intensamente em função do clube. Nunca fiz tanta reunião na minha vida. Não consigo mais ter um horário fixo para café, almoço e jantar. Além das reuniões, tenho ido aos treinos do time, pois quero estar acompanhando tudo de perto. E, fora isso, ainda dou uma ou outra entrevista.

A situação é pior do que você esperava?

Eu sabia mais ou menos o que encontraria aqui. Sabia que a parte administrativa exigiria atenção maior. Houve uma dificuldade muito grande de ficar a par do que acontecia dentro do Vasco. Aí descobrimos que a receita toda estava comprometida até o fim do ano, e, ainda, parte do ano que vem, pois a verba de televisão do Campeonato Estadual já fora antecipada.

E essa caixa-preta já foi aberta?

Totalmente, não. Uma auditoria já começou e teremos tudo em breve. Ele (Eurico Miranda) disse que deixou isso, aquilo, 10 milhões do Phillippe Coutinho, mas não foi nada disso. Desde que chegamos, pagamos três meses de salário no clube. No primeiro, fizemos uma movimentação bancária. Depois, usamos a parcela do Phillippe Coutinho e ainda tivemos que arrumar um complemento. Há uma pendência de anos atrás com uma marca e, ainda, um valor pago mensalmente a dois jogadores.

Um deles é o Romário?

É. E o Edmundo ganhou seu direito na Justiça. A gente tem de cumprir. Em relação ao Romário, a gente está suspendendo o pagamento. Nosso departamento jurídico está conversando com os advogados dele, porque queremos compreender de que forma foi contraída essa dívida. Paramos de pagar, não me lembro se este mês ou no que passou. Vamos cumprir com nossas obrigações, desde que haja documentos que dêem respaldo a elas. Mas, veja bem, não estou falando que considero esse pagamento ilegal. Só estou tentando entender a formação dessa dívida.

O patrocínio da Eletrobras será o ponto de partida da sua administração?

Essa parceria será o ponto de partida de tudo. Eles estavam conversando comigo agorinha aqui na minha sala e a parceria está 90 por cento sacramentada. E há outras coisas em curso para o ano que vem, outras parcerias.

Um mandato é suficiente para consertar tudo?

Não posso falar que um mandato é suficiente, mas não quero me eternizar como presidente. Quero apenas dar minha contribuição para o que acho importante. Vejo uma luz muito próxima. Nossa proposta é tentar no máximo uma reeleição.

Não estaria arrependido de ter brigado tanto para chegar aqui?

Não me arrependo de nada. Eu já sabia que seria um desafio. Meu maior sofrimento é quando, em razão dos resultados não estarem acontecendo, alguém vira para mim e começa a me cobrar. O que posso fazer é buscar condições para que os jogadores tirem o time dessa situação. Estou fazendo isso. Agora, teremos o Flamengo pela frente. Fui o jogador que mais vezes jogou esse clássico com a camisa do Vasco. Vencemos vários, porque tínhamos aplicação. Podemos vencer. Os cinco primeiros colocados do Campeonato são relativamente bons, nada mais que isso.

É mais fácil ser jogador ou ser presidente?

É mais fácil ser jogador. Mas, se o time vence tudo, se o time é campeão, deve ser muito bom ser presidente. O que mais quero, hoje, é ser feliz e campeão como presidente do Vasco. Quero ser feliz como presidente.

Já conseguiu ter algum prazer como presidente ou somente tristezas?

Tive um gostinho lá no meu primeiro jogo, quando vencemos o Sport por 4 a 0, aqui. Mas nem deu tempo de pensar que seria moleza, pois, quando acabou aquela partida, eu já estava pensando na próxima.

A família reclama?

Minha mulher sempre falava que não entendia por que fui me meter nisso. Durante esse último jogo, contra o Sport, falei com ela umas cinco vezes por telefone. A família sofre pra caramba. Mas, quando começar a ganhar, a gente vai ficar feliz também. Minha mulher já sofreu por mim em outras situações e sabe como sou. Às vezes, chego em casa meio agitado, respondendo mal. Mas é bom ter o aconchego, a força da família. Outro dia, ela me ligou dizendo que estava indo ao teatro com uma amiga, a mulher do Júnior. Não tenho mais lazer.

O seu time não está mais fraco do que o deixado pela administração passada, quando Jean e Morais estavam aqui?

Não é que o time seja fraco. É a realidade que nós temos. Jean e Morais são jogadores de qualidade, mas não queriam ficar. Ou você tem uma postura radical, que não é do meu tipo, ou busca o diálogo... Tentamos trazer o Roque Júnior, mas não foi possível. Se juntássemos o dinheiro gasto com três jogadores que vieram recentemente, não seria o suficiente para trazermos o Roque Júnior.

Que erro você não repetiria?

Um erro? Deixa eu pensar... Futebol é resultado, né? Houve a situação da contratação do Tita. Acreditei no trabalho de um profissional, ora...

E, com ele, vieram jogadores que nada acrescentaram, certo?

Fazer o quê? Se hoje eu fosse contratar alguém, também consultaria o Renato. Não sei trabalhar de outro jeito.

A inédita Segunda Divisão seria o fim?

Não, não aceito conversar sobre Segunda Divisão. Nem penso nisso. Antes desse último jogo, um dirigente do Sport veio dizer pra mim que eles já caíram e que não é tão ruim, porque você vê o torcedor mais próximo, e os estádios ficam lotados. Tá maluco??? Não quero essa experiência, obrigado!!!

Você considera uma herança maldita o que recebeu do ex-presidente?

Ele é a pessoa que mais mal me fez, pessoalmente. Foi naquele episódio aqui, quando eu estava com meu filho na tribuna... Não há como me sentar na mesma mesa que ele. Isso não existe. Não quero o mal dele, mas não há como a gente se falar.

Em que você se baseia para dizer que o Vasco não cai para a Série B?

Não há nenhuma equipe acima da média na Série A. Nosso time não é o dos meus sonhos, não é o melhor, mas também não é o pior.

Você tem medo de cair?

Não tenho medo de nada. Não vou cair (bate na mesa).

Fonte: O Dia Online
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