Futebol

Edmundo solta o verbo e mostra arrependimento de estar no futebol

Edmundo tem 37 anos, disputou final de Copa do Mundo pela Seleção e tem passagens vitoriosas por grandes clubes brasileiros. No Vasco, é ídolo absoluto da torcida. Financeiramente, está resolvido. Com todo esse currículo, o atacante não precisaria se expor num momento difícil como o atual. Mas não foge à luta. Longe da família, o ídolo vascaíno subiua serra de Teresópolis para se concentrar com o Vasco.

Nesta entrevista, Edmundo fala das críticas que o incomodam, revela que a decisão de deixar o futebol no fim do ano estátomada, mas lembra que antes tem uma última missão como ídolo em campo: ajudar o Vasco a permanecer na Primeira Divisão do Brasileiro em 2009.

Você poderia falar um pouco dessa sua paixão pelo Vasco, do qual é torcedor?

Vou ser sempre apaixonado pelo Vasco, independentemente de estar aqui ou não. O que mais quero agora é ajudar o clube neste momentos. Quero deixar o Vasco na Primeira Divisão e emdezembro vou sair do futebol. Seguirei meu caminho.

A decisão de se aposentar no final do ano é definitiva?

É. Já é algo decidido, paro no final do ano. Meu filho me ligou perguntando se a festa de aniversário dele seria num dia ou no outro. Eu disse que não poderia ir em nenhum dos dois. Não tem como. Quero aproveitar mais isso, viajar com meus filhos. É algo que pretendo fazer.

Já está preparado para a aposentadoria então?

Cara, eu não estava preparado quando comecei a carreira, imagina quando for encerrá-la. É algo que será natural.

Nos últimos momentos você evitou dar declarações fora dos jogos do Vasco. Está chateado?

A maior parte das coisas que saem sobre mim é negativa. Sou apontado como o culpado pelo momento ruim. Sei que a situação do Vasco não é boa, um momento difícil e o clube é muito grande. Mas o culpado é sempre o Edmundo e isso incomoda. Venho aqui todos os dias fazer o meu melhor, me dedico nos treinos. E só são publicadas coisas ruins, negativas. Falaram muito sobre o acidente, mas não foram a fundo para saber que é algo que já prescreveu e passou.

É esse o grande problema que o faz evitar conceder entrevistas?

Eu já até parei para pensar: meu Deus, será que eu só fiz coisa errada? Acho que não, fiz coisas certas também. Querem muito a minha colaboração, mas não percebem que colaboram pouco comigo.

Não há mais prazer em jogar futebol com todo esse ambiente?

Claro que ainda gosto de jogar futebol. Mas não é só treino e jogo. São vários outros fatores. Estou contando as horas, contando os minutos. Não agüento mais. Quando chegar dezembro vou seguir o meu caminho e curtir a minha vida.

Arrepende-se, então, de ter entrado no mundo do futebol?

Um pouco. Mas tenho certeza de que se hoje eu tivesse 17, 18 anos ia estudar. Não ia jogar bola, não. O ídolo do futebol no Brasil é diferente dos outros esportes. Existe atleta de outro esporte que foi pego no doping e hoje é idolatrado,respeitado. Na minha opinião, isso é pior do que um acidente (de carro). Sou lembrado muito por coisas que fiz 15 anos atrás, sempre cara mau da história.

É um preço alto ser um astro do futebol no Brasil?

Não é nem isso. Mas tudo que você faz tem alguém atrás, informando. Veja o Ronaldo. O cara saiu de uma situação difícil na vida, foi campeão do mundo, melhor do mundo três vezes, fez o que fez. E não pode nem tirar férias em Ibiza que já falam tudo sobre ele. Tudo é vigiado. Em 2004, eu esta va no Fluminense e fui disputar uma partida no meu condomínio. Num lance, bati com o cotovelo na grade e me machuquei. Antes mesmo de chegar na clínica, do outro lado da rua, a notícia que eu havia me machucado já tinha chegado na imprensa. Ou seja, alguém que jogava bola comigo já havia ligado para algum repórter. Ainda bem que o Fluminense entendeu na época. É uma relação muito complicada.

Você está prestes a se tornar o segundo maior artilheiro da história do Brasileiro. Pensa nisso?

Lógico que eu penso no individual, no meu aproveitamento. Às vezes sou até um cara egoísta, mas não tenho essa vaidade depensar só em recordes. Estou mesmo é focado em ajudar o Vasco a sair dessa situação. Isso é oque importa agora.

Fonte: Lancepress