O presidente afastado da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ednaldo Rodrigues, acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta-feira (16) pedindo o cancelamento da nova eleição presidencial da entidade, que foi convocada mais cedo nesta sexta pelo interventor da Confederação, Fernando Sarney.
Na petição, à qual a ESPN teve acesso, os advogados de Ednaldo argumentam que, caso o dirigente seja recolocado no cargo, isso pode gerar duplicidade de mandatos, o que "comprometeria a governança do futebol brasileiro", de acordo com os autos.
Além disso, Rodrigues falou em "reiterados alertas" de Fifa e Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), que "vedam qualquer forma de interferência judicial ou estatal" no comando de suas associações e podem, com isso, proibir a participação da seleção brasileira em competições organizadas por elas.
O pedido é para que o STF decida pela "paralisação do processo eleitoral em curso" até que haja uma definição sobre a permanência ou saída definitiva de Ednaldo do comando da CBF.
Veja alguns trechos da petição:
Caso esta Suprema Corte reconheça a higidez do acordo homologado nos autos e a legitimidade da Assembleia Geral da CBF, os efeitos práticos da convocação eleitoral promovida por Fernando Sarney serão imediatamente esvaziados, com o consequente restabelecimento da diretoria eleita em 2022.
A realização de novo pleito apenas três dias antes do julgamento definitivo desta Corte representa, portanto, não apenas afronta à autoridade jurisdicional do Supremo Tribunal Federal, mas sobretudo grave risco de nulidade superveniente, com consequências institucionais irreparáveis.
Eleições conduzidas por autoridade cuja legitimidade é objeto direto da controvérsia constitucional e que podem ser revertidas por decisão do STF em menos de uma semana não reúnem os requisitos mínimos de estabilidade, segurança e efetividade que devem nortear os processos decisórios de uma entidade do porte da CBF.
O risco institucional é evidente. A permanência do atual cronograma pode implicar a instalação de um quadro de duplicidade de mandatos e disputas paralelas pela presidência da entidade, o que comprometeria a governança do futebol brasileiro, colocaria em xeque a validade de atos administrativos e contratos firmados, e alimentaria incertezas com potencial reflexo internacional – especialmente considerando os reiterados alertas da Fifa e da Conmebol quanto à autonomia das associações nacionais e à vedação expressa a qualquer forma de interferência judicial ou estatal.
Diante disso, impõe-se, como medida de urgência, por mais este motivo, a imediata suspensão dos efeitos do comunicado de 16 de maio de 2025, com a consequente paralisação do processo eleitoral em curso – ou a ser iniciado -, até que esta Corte se manifeste de forma definitiva sobre o mérito da ADI 7.580/DF. Trata-se de medida indispensável à preservação da autoridade das decisões já proferidas por este Relator, à integridade do controle concentrado de constitucionalidade e à proteção da estabilidade institucional da Confederação Brasileira de Futebol.
O pedido de Ednaldo Rodrigues será julgado pelo ministro Gilmar Mendes.
Fernando Sarney convoca eleição
Mais cedo, o interventor da CBF, Fernando Sarney, convocou a nova eleição presidencial da entidade, que visa eleger o sucessor de Ednaldo Rodrigues, afastado na última quinta-feira (15) de seu cargo pela Justiça.
Ficou determinado que o pleito acontecerá no dia 25 de maio, um domingo, um dia antes do novo técnico da seleção brasileira, Carlo Ancelotti, anunciar sua primeira lista de convocados para os jogos das eliminatórias da Copa 2026.
No processo, serão eleitos um presidente, oito vice-presidentes, três membros efetivos e três membros suplentes do Conselho Fiscal, que cumprirão mandato entre 2025 e 2029.
Os interessados em concorrer ao cargo devem inscrever suas chapas entre 18 e 20 de maio, quando termina o prazo para registro.
Vale lembrar que Ednaldo Rodrigues entrou ainda na quinta-feira com pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para ser reintegrado ao seu cargo.
Em paralelo a isso, a defesa de Ednaldo requer também que o ministro Gilmar Mendes "reconheça a ilegalidade da designação do Sr. Fernando José Macieira Sarney como interventor da CBF, por flagrante afronta ao art. 64 do Estatuto da entidade".
O artigo citado aponta que "em caso de vacância ou afastamento da presidência, seja observado o regramento estatutário vigente, com a assunção interina do cargo pelo diretor mais idoso, Sr. Hélio Menezes, até a realização da Assembleia Geral nos termos previstos".
Quem vai se candidatar?
Segundo apurou a ESPN, o presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Reinaldo Carneiro Bastos, estuda se candidatar à presidência da CBF.
De acordo com fontes, Bastos conta com apoio de algumas Federações e dos blocos formados pelos clubes das Séries A e B, que lhe dariam sustentação na votação.
Com isso, outro candidato deve sair do grupo de 19 Federações que "abandonaram" Ednaldo no comunicado da noite da última quinta-feira (15).
Nos bastidores, circula o nome de Samir Xaud, cuja família está no comando da FRF (Federação Roraimense de Futebol) há quase cinco décadas.