Romário está acostumado a ser o craque dos times em que atua. Foi assim durante toda a carreira, seja em Vasco, PSV, Barcelona ou Flamengo. O Baixinho só não foi páreo para Maradona em 1979. Naquela época, o craque do infantil do Olaria era Claudinho Maradona.
Cláudio Vieira, hoje com 40 anos, jogou num time que ainda tinha Aílton, atual técnico do América, e Gonçalves, ex-zagueiro do Botafogo. Os dois apontam Claudinho como o destaque daquela equipe.
Em tempos de festa para Romário, Cláudio viaja no tempo e lembra a época em que o Baixinho fingia lustrar a sua chuteira nas comemorações de gol. E pensa também no que poderia acontecer caso não tivesse desistido do futebol aos 14 anos.
- Todos os meus amigos que acompanhavam os jogos do Olaria me perguntam por que eu parei. Acho que teria me dado bem no futebol, mas me realizei vendo Aílton, Gonçalves e Romário jogando. Não me arrependo, mas sempre me bate uma nostalgia - afirma Cláudio, que compara o seu estilo ao de Gerson, o Canhotinha de Ouro.
Foi a preocupação com o futuro que acabou com a carreira de Claudinho Maradona. Enquanto outros jogadores dependiam do futebol, ele viu o pai prosperar como empresário e preferiu se concentrar nos estudos e seguir o mesmo caminho.
Quando nasceu o filho João Vitor, há dez anos, Cláudio vibrou: teria para quem contar a breve experiência no futebol.
- Foi uma lavagem cerebral. Ele cresceu ouvindo as minhas histórias e hoje conta para os amigos - diverte-se.
Ao ver Romário dando entrevistas e jogando, um ex-companheiro se recorda imediatamente dos tempos de infantil no Olaria. Considerado o craque no time de 1979, Cláudio diz que o Baixinho já tinha algumas características que hoje são marcantes nele.
- Ele já era um pouco marrento, mas no bom sentido. Não prejudicava o grupo, nem desprezava ninguém. Mas sabia que o time dependia dele para fazer gols - diz Claudinho Maradona, como era chamado na época.
Quando está em uma roda de amigos e ouve alguém comentando um jogo do Vasco e dizendo que Romário fez gol, mas participou pouco da partida, Cláudio avisa:
- Ele é assim desde criança. Toca pouco na bola, mas decide a partida e faz gols bonitos.
Mas Romário não era o único a fazer os gols do time. Aílton, hoje técnico do América, atuava no meio-campo e também tinha fama de artilheiro. Aliás, se na época tivesse de apostar em um dos dois como futuro autor de mil gols, Cláudio não teria dúvida:
- Qualquer um que entendesse de futebol escolheria o Aílton. A bola passava sempre pelos pés dele, e além disso ele tinha mais força física.
Na foto, Claudinho Maradona e seus dois filhos, todos vascaínos