Em entrevista exclusiva ao Vascaínos Unidos, com Eduardo Machado, administrador de empresa e pós-graduado em marketing que exerceu o cargo de Vice-Presidente de Marketing do Vasco, esclarece Projeto Pró-Vasco, categorias de bases, credores e muito mais.
1 - Como surgiu a ideia de fazer o Pró-Vasco?
Eduardo Machado: O Pró-Vasco (www.provasco.com) na verdade é uma inspiração. E essa inspiração vem essencialmente de inúmeros vascaínos com os quais convivo. Faço parte do grupo de conselheiros voluntários do CRVG e em todos os contatos percebe-se todo o amor e dedicação pelo clube. O nome é o que menos importa, o que vale mesmo é a essência e a vontade de todos os grandes e apaixonados Vascaínos que querem sempre o melhor. Por isso é um modelo público e transparente, para servir no mínimo como referência de diretrizes, objetivos e metas àqueles que quiserem fazer uso do mesmo. Mas a idéia partiu da experiência prática oriunda da observação e contato com os Vascaínos amigos.
2 - Como o Pró-Vasco visualiza a atual imagem do Clube?
Eduardo Machado: A marca Vasco da Gama tem muito reconhecimento não somente no Brasil mas no mundo inteiro. Mas isso que nos trouxe até aqui, não indica ou garante novas ondas de crescimento. Esse fluxo tem que ser alterado. O CRVG tem que entrar em uma competição com chances reais de vencê-la, isso não pode ser um lampejo. Portanto essa não-sustentabilidade em alta performance impacta negativamente na marca, no mínimo a mantém estagnada, e parados veremos alguns competidores nos ultrapassarem, o que no longo prazo não será bom. Temos que reverter essa tendência o quanto antes.
3 -O Pró Vasco é a favor da reforma do estatuto? Quais seriam as Principais Mudanças?
Eduardo Machado: Sim. Fim das reeleições ilimitadas (1 reeleição é o correto em nosso entendimento), garantia de apresentações de resultados para o Conselho Deliberativo e demais poderes do clube, cumprimento mínimo das diretrizes aprovadas na peça orçamentária (claro com flexibilidade e autonomia para ajustes ao longo do ano fiscal), gestão competente bem definida sendo orientada por ordem de importância e impacto dos objetivos acordados. Basicamente é isso. No mais o estatuto do CRVG, apesar de ser de 1979, ainda é extremamente salutar e inteligente, precisa sim de uma atualização e da inclusão de práticas de gestão e controles mais específicas para que não haja um leque grande de interpretações e maneiras de se conduzirem questões fundamentais. Mas como essência, está tudo ali escrito. Foi escrito e aprimorado por grandes Vascaínos ao longo da sua história, é uma peça que tem enorme valor histórico e prático.
4- O Pró-Vasco lutará junto a FIFA pelo reconhecimento de títulos conquistados, como o de Paris 1957?
Eduardo Machado: O CRVG tem que lutar por todos os reconhecimentos que defendam nossa trajetória nacional e internacional. No Brasil tivemos o reconhecimento de títulos brasileiros anteriores a 1971, na América do Sul anos atrás tivemos o reconhecimento favorável ao nosso próprio clube do 1º. Campeonato Sulamericano conquistado de maneira invicta em 1948. Portanto temos que ir a FIFA via CBF e reconhecermos esses títulos sim. Vou além, quem detiver os direitos de transmissão dos jogos, terá que apresentar o curriculum do CRVG, isso tem que estar em contrato.
5 - Como a Pró-Vasco vê o trabalho de empresários nas categorias de base? E o que acha do modelo atual da Base do Vasco?
Eduardo Machado: Empresários fazem cada vez mais parte, cada vez mais cedo do mundo do futebol. Os números do negócio futebol só fazem aumentar e com isso a movimentação começa cedo. Acho que temos que criar regras claras para a atuação desses profissionais e aprimorá-las constantemente.
Basicamente sem a permissão de esquemas nocivos aos interesses e esforços do CRVG. Quanto a 2ª. parte da pergunta temos pessoas de valor na base como o Mauro Galvão e Manuel como Diretor. Ambos com dedicação exemplar. Tem muita gente boa por lá também, mas o que importa é um diagnóstico correto situacional.
A partir do mesmo promover ajustes mandatórios. Outro ponto fundamental é a visão do futebol profissional do que acontece com frequência definida. Temos que ter uma alinhamento completo de todas as categorias com o futebol profissional, claro que de cima para baixo. Não podemos permitir troca de favores e beneficiamentos oriundos de relacionamentos internos ou externos. Isso terá que ser eliminado dentro da maior brevidade possível. Mas o mais importante é olhar para quem faz o bem nas categorias da base e valorizar esses trabalhos. O foco tem que ser em quem trabalha bem e não em quem fala bem.
6 - O Pró-Vasco é a favor do Clube atuar fora do Estado do RJ, em jogos oficias?
Eduardo Machado: O CRVG é um clube do Brasil, do mundo. E temos que estudar fórmulas para estarmos presentes fora do RJ. A pré-temporada pode ser em algum outro estado do Brasil ou até mesmo em outro país como o Catar por exemplo que tem os melhores centros de treinamento do mundo.
Tem jogos do campeonato carioca por exemplo que poderiam ser levados para fora nos 2 turnos por exemplo, até mesmo com mando dos adversários, mas tudo tem que ser conversado bem direitinho com a FERJ e com os responsáveis pela condução do futebol no CRVG. O aspecto financeiro não pode ser o mais importante, é relevante sim, mas o aspecto da imagem e valorização do clube é o que mais importa. O resultado financeiro é consequência disso.
7 - Qual o planejamento o Pró-Vasco tem para resgatar o histórico vitorioso do Remo?
Eduardo Machado: O remo está na nossa origem, no nosso nome. Tem que ter foco no remo sim. Um dos caminhos são os projetos incentivados. O outro é o caminho privado. A frota precisa ser renovada o que leva a um investimento inicial elevado para os padrões do esporte, o outro ponto é o cumprimentos das obrigações com os atletas e comissão técnica. A vantagem é que para se ter um remo novamente hegemônico, os valores são bem menores que os de outros esportes.
Mas hoje todo valor no CRVG impacta no dia a dia financeiro do mesmo. Mas o caso do Remo não pode ser negociável. Tem que existir e tem que haver um cronograma para em até 3 anos ter o remo de volta ao topo. O trabalho do Vice-Presidente Paulo, do Diretor Joaquim, do Fábio a quem reconhecemos os esforço de todos os demais membros da comissão é hercúleo. Trabalham com o que tem por um CRVG forte. E isso tem que ser melhorado sem dúvida.
8 - O Vasco é capaz de reviver o Esporte Olímpico e formar equipes de ponta no Vôlei, Basquete e Futsal?
Eduardo Machado: Capaz é, mas uma temporada forte no Vôlei custa em torno de R$ 10 milhões/ano. No basquete e futsal R$ 5 milhões/ano. Isso para se disputar títulos. Então temos que decidir se vamos na linha da base nos primeiros anos com visão de um profissional baseado nessas pratas de casa no médio prazo ou se combinamos isso dentro do menor prazo possível. O Vice-presidente de Quadra e Salão Ricardo Leon tem sido também um guerreiro. Tira leite de pedra literalmente.
O caminho é similar das respostas anteriores. Mas nosso entendimento é que esse trabalho não poderá ser visto como um problema mas sim como uma solução para o fortalecimento da imagem do CRVG. Inclusive em locais onde o time de futebol profissional não tem tenha a menor perspectiva de se apresentar. A torcida do CRVG está em todos os lugares. Se esses times forem competitivos ela se motivará. Isso sem falar no trabalho conjunto que podemos fazer com as torcidas organizadas que possuem seus núcleos/famílias espalhadas pelo Brasil e até mesmo pelo mundo.
9 - A cessão atual de Bares e Restaurantes nas sedes do Clube é visto como vantajoso pelo Pró-Vasco?
Eduardo Machado: Certamente não é um problema. Para as condições que temos inclusive temos um serviço de almoço self-service ou cardápio de excelente qualidade. Valores de mercado. Na área premium e nos camarotes é outro contrato e aí as reclamações existem, mas não é só questão de serviço. Nossos acessos a essas área são praticamente as mesmas desde a inauguração do estádio.
Os corredores são estreitos e isso atrapalha a logística como um todo. Os departamentos no CRVG para citarmos como exemplo são espalhados pelo clube e isso dificulta a comunicação, dificulta as entregas e contatos diretamente. Imagina uma operação com milhares de pessoas demandando por um serviço por um curto espaço de tempo. Isso tem que ser repensado sim mas em um modelo de modernização das área do clube, seja em um “retrofit” com expansão de São Januário ou em uma tentativa de viabilização de uma Nova Arena, ventilada há pelo menos 15 anos no CRVG.
Mas tenho certeza que o modelo que chegarmos tem que ser vantajoso para o CRVG claro mas também para a parte concessionária. Se não houver equilíbrio a prestação e qualidade do que se entrega será algo de críticas. E isso hoje não se tem críticas qualitativas. O bacalhau, o arroz de polvo a carta de vinhos, a atenção dos funcionários, o Buffet servido e reposto com atenção, o CRVG recebe o aluguel dessas áreas.
Alguns abordam a questão da exclusividade nas outras sedes para festas por exemplo, mas isso é assim em diversos lugares. Não quer dizer que não possa ser repensado, mas vá em uma casa de festas e diga que vai levar o seu Buffet mas que precisa utilizar as dependências da própria casa de festas? Veja se é fácil conseguir. Mas a intenção por exemplo é termos um restaurante panorâmico por exemplo e bem mais amplo. E isso certamente será pensado dentro de um modelo equilibrado, mas que gere receitas significativas e recorrentes para o clube.
10 - O Vasco tem aproximadamente cerca de 15 mil sócios. Como o Pró-Vasco pretende fazer para o número de associados aumentar?
Eduardo Machado: Primeiro temos que ter a consciência que manter um sócio conquistado é fundamental para a expansão. Não adianta conquistar novos sócios se a barreira de saída praticamente é nula. Portanto o segredo está na atratividade ser cada vez menos dependente dos resultados do futebol profissional.
Dito isso, o segundo aspecto é aproveitar os jogos em São Januário e estabelecer mutirões com os sócios que ali estejam. Pedirmos para chegarem mais cedo e colocarmos pontos de regularização, de venda, etc.... Se fizermos 100 sócios por jogo, serão cerca de 3.000 por ano nesse tipo de ação. O outro caminho é o autoatendimento via portal de voz e internet. Mas de uma maneira facilitada em termos de cadastro, com opcional de serviços de “leva e traz” com empresa de recolhimento e entrega de documentos. Temos que ir até o torcedor nesse caso e não esperarmos passivamente que ele venha. Isso tem que ser feito via agendamento através de call center ativo (isto é o Vascaíno sendo acessado via telefone fixo ou celular preferencialmente) e com um processo claro e rápido com passos definidos.
Se tivermos um bom cadastro para ser trabalhado podemos buscar um número maior, mas no primeiro ano termos 20 novos por dia seria de bom tom, o que daria mais uns 5.000 sócios por ano nessa modelagem. Os restante seria pela internet mesmo através de campanhas recorrentes e estimulantes, em que a meta poderia ser fixada em outros 12.000 sócios/ano. Em suma, de maneira conservadora, a meta seriam mais 20.000 sócios no primeiro ano. Mas essa estrutura custa. Por isso o reinvestimento tem que ser constante.
O dinheiro do plano de sócios terá que ser praticamente reinvestido no plano de sócios nos 2 primeiros anos, até que um patamar de 40.000 ou 50.000 sócios seja efetivamente atingido. Voltando ao ponto de diminuição da dependência o sócio tem que sentir o poder da carteirinha do CRVG nas grandes redes sim, mas também no seu bairro. Tem que sentir uma economia no bolso quando for ao bar ou pizzaria da esquina e tiver 5% de desconto.
O comércio é controlado em grande número por Vascaínos que certamente serão simpáticos à causa, além de terem a oportunidade de fidelizarem e aumentarem a receita. É uma trabalho de formiguinha que pode também ser feito de maneira ativa através do mesmo call center. A rede de benefícios aumentando a atratividade também aumenta e a corrente positiva se fortalece. Esse é o caminho. Para as grandes “tacadas”e acordos, aí são projetos especiais também muito importantes que serão liderados pelo departamento de marketing do clube.
11 - O que o Pró-Vasco acha do projeto Vasco Dívida Zero? E planeja trabalhar em parceria?
Eduardo Machado: Sensacional iniciativa. A parceria tem e deve ser ampliada. Acho importante em um primeiro momento pensarmos na possibilidade dos recursos conseguidos mensalmente irem para os dívidas mensais que por exemplo terão que ser pagas para a manutenção das CNDs, por exemplo se a prestação é de R$ 500 mil e o programa Dívida Zero captar R$ 100 mil naquele mês, o CRVG completa com R$ 400 mil. A solução será apagar o fogo do presente para o passado. Esse seria o único foco em termos de pagamento. A outra parceria é no tocante aos doadores que não sejam sócios, aí também pode-se se fazer um trabalho pelo CRVG para que o mesmo associe-se. Outras ideias serão bem vindas.
12 - Modernização de São Januário ou Nova Arena?
Eduardo Machado: Nova Arena custará pelo menos mais R$ 500 milhões e terá que ser paga de alguma forma. É dobrarmos aproximadamente nossa dívida total. Mas obviamente não podemos descartar como possibilidade. Temos que conversar muito com quem as fez e mergulhar bem fundo nos prós e contras. Isso porque temos nosso estádio e por isso temos alternativas.
Estudos para modernização do complexo de São Januário são fundamentais, até para compararmos todas as alternativas disponíveis. Cabe um centro comercial, um shopping, enfim o que pode ser contemplado e como o CRVG pode se beneficiar com essa modernização?
Para não fugir do foco da resposta: são 2 soluções, separadas por centenas de milhões de reais e por isso precisam ser colocadas à mesa com inteligência e responsabilidade. E todos tem que participar de maneira transparente e objetiva.
13 - Credores, O Vasco Hoje sabe o que deve e pra quem deve? Como o Pró-Vasco espera lidar com isso?
Eduardo Machado: Espero que o CRVG efetivamente saiba para todos que devem. A prática não poderá ser o descumprimento do que se combina e assina. Ter que ser justamento ao contrário. E as exceções tratadas com todo o respeito. Espera-se resolver o presente e não acumular novas dívidas, claro que isso será praticamente impossível a partir do dia seguinte da posse (D+1) por uma série de decisões e contratos tomados até o dia da posse terão reflexos pós-posse e podem surgir problemas oriundos dos mesmos. Mas tem que ser encarado como um problema da instituição e não da gestão A ou gestão B. É assim que tem que se lidar com isso, frente a frente, um a um, com total respeito. Resgatarmos a imagem de seriedade e de bom pagador do clube.
Para Finalizar gostaríamos que você deixasse uma mensagem para os Vascaínos, que confiam e apoiam todos os trabalhos que são para o bem do nosso Clube.
Não existe um salvador da pátria, só nossa união e apoio incondicional ao CRVG nos colocará no mais alto degraus do futebol mundial. E nós podemos voltar para lá sim. Juntos!!!! SV e Vamos que vamos!!!!
Site do Projeto Pró-Vasco: www.provasco.com