Muito provavelmente, da próxima vez que Juninho Pernambucano voltar ao Recife, não será mais jogador profissional. Por isso, o período de três dias na cidade onde nasceu foram especiais. Mesmo focado no trabalho, viveu emoções pessoais importantes, reencontros e até um momento de apreensão. Mas com o apito final da vitória do Vasco por 3 a 0 sobre o Náutico, na última quinta-feira, encerrou sua passagem por Pernambuco com motivos para celebrar e motivação de sobra para seguir em frente.
Desde que desembarcou no Aeroporto dos Guararapes, na tarde da última terça-feira, Juninho sentiu de perto o carinho da torcida local. O acolhimento do filho ilustre amenizou um pouco uma mínima apreensão sentida por ele por sua última partida disputada no Recife. Em plena Ilha do Retiro, foi hostilizado pela torcida do Sport após marcar um gol. Na ocasião, até mesmo seus familiares tiveram problemas no estádio.
Mas os dois dias de treinos com o Vasco na Ilha do Retiro fizeram Juninho trocar possíveis traumas por boas lembranças. Encontrou antigos funcionários do clube que o revelou e sofreu assédio – dessa vez positivo – do público. Em entrevista coletiva na última terça, externou a sensação de possivelmente jogar no Recife pela última vez como profissional.
No entanto, foi também num treino na Ilha do Retiro que Juninho viveu certa apreensão. Na quarta-feira, acusou o cansaço e o pouco tempo de recuperação desde a partida contra o Cruzeiro, no último domingo. Naquele momento começou a discutir com a comissão técnica do Vasco uma maneira de ser poupado no jogo contra o Náutico, já que também não se poderia deixar de levar em conta o confronto com o Atlético-PR no próximo domingo. Empenhado em atuar em sua cidade, num novo estádio e diante de familiares numa partida na qual a equipe precisava muito da vitória, chegou-se ao consenso de que ele entraria no segundo tempo.
Em sua passagem pelo Recife, Juninho conseguiu aliar o trabalho ao descanso. Liberado pela comissão técnica, ele comemorou o aniversário da mulher Renata com um jantar, retornando em seguida ao hotel que serviu de concentração da equipe, na praia de Boa Viagem.
Na Arena Pernambuco, um camarote reservado a amigos e parentes – além de integrantes da comissão técnica do Vasco – acompanhou atentamente todos os movimentos de Juninho. Ovacionado pela torcida quando entrou em campo no segundo tempo, o capitão teve novamente uma atuação decisiva, melhorando o passe e dando qualidade à saída de bola. Como resultado, o time marcou seus três gols nos 45 minutos em que o Reizinho esteve em campo.
Mas ele sabia que não havia feito nada sozinho. Por isso, fez questão de apontar para Dakson – autor de duas assistências – pedindo que para o companheiro a ovação que os vascaínos o direcionaram após a partida. Como combinado há alguns dias, Juninho trocou sua camisa com o lateral-direito Auremir, ex-Vasco, e fez uma reverência ao público. Antes de voltar para o vestiário, direcionou o olhar e os beijos para o camarote onde estavam os familiares, sendo respondido com acenos e aplausos.
Para encerrar os dias de visita à sua casa, terminou a última quinta-feira comemorando a vitória do Vasco com os pais. No lugar onde não precisa do Pernambucano no nome, Juninho manteve a decisão de não fazer planos de aposentadoria. Mas certo de que se essa foi sua despedida como jogador no Recife, tornou-a inesquecível.
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