Romário não ficou marrento apenas depois de conquistar fama e glória. A malandragem já estava no sangue do Baixinho desde cedo.
Garoto pobre da Vila da Penha, subúrbio carioca, Romário foi revelado pelo Vasco, onde estreou em 1985, aos 19 anos. Era visto como uma promessa, mas não tinha tanto cartaz. Tinha até medo de ser dispensado.
- Quando fui cortado da seleção antes do mundial de juniores (em 1985, por indisciplina) pensei o que Vasco fosse me mandar embora. Mas não aconteceu. O Antônio Lopes confiou em mim - lembra o Baixinho.
Pouco depois, durante uma concentração do Vasco, o Baixinho chamou o treinador para conversar. Agradecimento? Nada disso...
- Ele chegou e me disse: \"Professor, me coloca no time. Jogo muito mais do que esse camisa 10 aí\" - lembra Antônio Lopes.
- O camisa 10 era nada mais nada menos que o Roberto Dinamite, o maior ídolo da história do Vasco - completa o treinador.
Lopes lembra que teve sorte para resolver logo a questão.
- O Romário já jogava muito mesmo. Mas aí o Gersinho acabou se machucando em seguida. E então o Romário entrou no time. O ataque ficou Mauricinho, Roberto e Romário. Como o Gersinho era ponta-esquerda, o Baixinho passou a usar a camisa 11. Daí vem a história do número, já que nas divisões de base ele jogava com a 9 - finaliza o treinador.
Dois anos depois, Romário já tinha o status de artilheiro do Campeonato Carioca. Treino do Vasco, o lateral-esquerdo Lira se irrita num lance e chuta a bola para longe. O técnico Sebastião Lazaroni nem pensa duas vezes. Manda o jogador, que era amigo do Baixinho, para o vestiário.
O treino segue e Romário recebe um passe. Domina a bola e dá um bico para arquibancada. E já sai falando... \"Quero ver me tirar também\". O treino acabou mais cedo...
Nem quando foi para Europa o Baixinho acalmou. Na primeira temporada no PSV, Romário tinha perdido um pênalti contra o Roda no primeiro tempo. No segundo tempo, o juiz marca nova penalidade. Os companheiros não querem deixá-lo cobrar mais uma vez. Mas o Baixinho pega a bola e não larga. Discute, bate e marca o gol. Bola na rede e os companheiros chegam para comemorar. Mas, irritado, o atacante começa a empurrar a todos, fala que não quer conversa e volta andando para o meio-campo.