O jornal Miami Herald, o maior de Miami, trouxe uma matéria pesada neste domingo contra Josh Wander, ex-sócio da 777 Partners e da SAF do Vasco. Nela, o empresário tem um esquema desvendado e exibido como uma rede de enriquecimento ilícito. Leia e tire suas conclusões.
“Antes de tudo desmoronar, Josh Wander estava no topo de um império de investimentos esportivos em Brickell que se estendia pelos círculos de Miami e Nova York e pelos bairros mais famosos de Londres. Ele fundou uma empresa financeira global, a 777 Partners, e também possuía participações minoritárias em clubes de futebol, como o Everton FC da Premier League inglesa.
Agora, Wander enfrenta acusações criminais federais em Manhattan por, supostamente, ter fraudado credores e investidores em mais de meio bilhão de dólares — US$ 500 milhões — ao longo da última década.
A acusação descreve Wander como responsável por “um esquema descarado para enriquecer a si mesmo por meio de fraude e engano”. Promotores federais disseram que ele mentiu para credores e investidores sobre a situação financeira de suas empresas para obter empréstimos e investimentos, desviando boa parte do dinheiro para uso pessoal e para cobrir prejuízos.
Em maio de 2024, a subsidiária britânica de sua empresa — que detinha investimentos em uma firma de aviação de Nova York, times de futebol e empresas de seguros — já enfrentava sérios problemas, segundo a acusação.
Na denúncia de 24 páginas apresentada na quarta-feira, os promotores afirmam que o esquema de Wander para obter empréstimos e títulos falsos e fraudulentos levantou quase US$ 500 milhões.
A torre Iconic, às margens do rio Miami, também teria ligação com o amplo caso, que cita dois ex-colegas de Wander como co-réus.
Um processo civil paralelo movido pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) cita as mesmas pessoas: Wander, o cofundador Steven Pasko, o ex-diretor financeiro Damien Alfalla, a 777 Partners e suas subsidiárias.
Wander deve comparecer pela primeira vez ao tribunal de Manhattan na terça-feira, quando provavelmente declarará inocência em sua audiência de acusação.
“Este é um colapso empresarial de magnitude épica”, disse o advogado dele, Bruce Zabarauskas, em nota. “Nos últimos anos, houve um fluxo constante de rumores falsos, acusações e processos direcionados ao Sr. Wander e sua empresa.”
Até maio de 2024, os danos colaterais de Wander já incluíam quase 500 milhões de dólares em perdas entre credores e investidores.
A acusação afirma que Wander usou os mesmos ativos como garantia para múltiplos empréstimos — um clássico caso de dupla garantia. “Para obter financiamento para as operações da empresa, Wander ofereceu os mesmos ativos como colateral para diferentes credores”, diz o documento.
“Para arrecadar mais de US$ 500 milhões de investidores, Wander vendeu participações preferenciais na 777 Partners com base em declarações falsas sobre os negócios da empresa.”
Wander — junto com Pasko, de 77 anos, e Alfalla, de 49 — deixou a empresa no ano passado, deixando a gestão nas mãos da firma de reestruturação GlassRatner Advisory & Capital Group, LLC. Em comunicado, o advogado da firma, Jon Sale, afirmou que a empresa “cooperou integralmente com a investigação do Departamento de Justiça”.
A investigação conduzida pela Promotoria de Manhattan, pelo FBI e por agentes em Miami concluiu que Wander e seus parceiros estavam em “situação financeira crítica” há anos e que supostamente operavam um esquema elaborado de tipo Ponzi, usando os mesmos ativos como garantia em diferentes entidades da empresa.
Wander ganhou destaque no mundo esportivo pelas participações da 777 Partners em clubes de futebol no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Brasil e Austrália. O grupo enfrentou repetidos problemas de folha de pagamento e desempenho abaixo do esperado.
Um dos maiores credores da 777 Partners — a A-Cap — também processou Wander e outros, buscando dezenas de milhões de dólares em perdas, de acordo com um processo movido em Nova York.”