A escolha definitiva pela aposentadoria dos gramados para o ex-volante Filipe Soutto, formado no Atlético-MG e com passagens pelo Vasco, aconteceu por conta de um set de filmagens.
Pode parecer estranho, mas é que, quando ainda atuava, Soutto recebeu um convite para interpretar o volante Gérson em uma série que vai contar a trajetória do Brasil na conquista do tricampeonato mundial em 1970.
Sem saber, era o que ele precisava para tomar a decisão de pendurar as chuteiras.
A virada de chave aconteceu no dia a dia das gravações e no convívio com outros atores, como Bruno Mazzeo e Rodrigo Santoro, que o ajudaram a estar imerso no mundo do audiovisual.
Para ele, apesar de uma realidade diferente dos gramados, o ambiente é parecido.
— Envolve mídia, sonhos, projetos, profissionais que às vezes são parecidos em como lidar com o dia a dia, embora um seja muito voltado para competição, como o futebol, e outro voltado para desempenho. Ambos são avaliados por pessoas de fora e se sentem no direito de criticar, elogiar. Vivi isso a vida inteira e lá isso também foi natural.
— Usei esse tempo para me conhecer fora do futebol, entender se, de fato, jogar me preenchia tanto assim como eu imaginava. Vivi, no dia a dia, momentos que tinha saudade do vestiário, da resenha, de jogar, ganhar e perder, e depois vivi uma fase que não tinha tanto isso latente em mim e foi quando eu decidi parar.
Fillipe Soutto começou nas categorias de base do Atlético-MG em 2005 e, cinco anos depois, fez sua primeira partida no profissional. Ele ficou no Galo até 2013, quando foi emprestado para o Vasco. Jogou a Série A do Brasileiro pelos dois clubes.
Soutto também jogou por Joinville, onde foi campeão da Série B, Náutico, Linense, Londrina, Red Bull Brasil, Vitória, Ituano e Brusque, antes de ir para o Botafogo-SP em 2022, onde é ídolo e disputou quase 100 jogos, conquistando um acesso da Série C para a B.
Soutto deixou o Botafogo-SP em 2024 em três temporadas. Neste ano, disputou o Campeonato Mineiro pelo Betim, quando “virou ator”.
— Eu nunca imaginei ser ator um dia, ter essa experiência fora do futebol. Minha vida inteira foi no futebol. Comecei a jogar muito novo e até esses dias era jogador. Quando recebi o convite, não imaginava que seria a tão sonhada transição. Esse processo de transição da base para o profissional, do profissional para o pós-carreira, são momentos críticos para o jogador de futebol. E eu, como outros, temia esse momento – afirmou.
Paralelamente, Soutto mantinha contato com o presidente do Conselho Administrativo da SAF do Botafogo-SP, Adalberto Baptista. Ao término das gravações, retornou ao clube como gerente de futebol, já aposentado dos gramados.
— Já tínhamos conversado algumas coisas e o Adalberto já tinha sido bacana comigo desde que saí do clube, dizendo que as portas estavam abertas.
Soutto vai usar a experiência como jogador para ajudar no ambiente dos atletas no dia a dia, sendo elo com a diretoria executiva e a presidência ao longo de 2026 nas disputas do Paulistão e Série B.
Ao longo da carreira de jogar, estudou Administração de Empresas e já fez cursos de Gestão Técnica de Futebol, da Universidade do Futebol, Gestão de Futebol, da CBF, e Gestão Esportiva, da Conmebol, além de Aperfeiçoamento em Gestão Estratégia de Esportes.
— O que eu vivi na série, no mundo audiovisual, me preparou para estar aqui hoje, tranquilo em relação ao não jogar mais, em saber que jogar não era a única coisa da minha vida e que agora posso colocar em prática o que tentei aprender ao longo do tempo e que, de fato, é esse o momento de tirar do papel, tirar da cabeça e espero que seja aqui no Botafogo-SP.
Apesar de se aventurar no novo mundo, a vivência de Soutto nas telinhas deve parar por aqui.
Gostei, mas estou satisfeito pelo que vivi (risos). Já deu. Jogar é muito mais fácil, melhor.
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