Clube

Força Jovem traça paralelo entre o Vasco de ontem e o Vasco de hoje

O gigante está acordando

“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo... Temos todo o tempo do mundo”. O trecho da música Tempo Perdido do grupo Legião Urbana parece ter sido escrito baseado neste momento de transição pelo qual passa o Club de Regatas Vasco da Gama. Destruído e com a imagem arranhada em quase todos os seus departamentos, o clube não apenas parou no tempo nestes últimos oito anos, mas caminhou para trás aceleradamente, proporcionando um atraso tanto em relação ao seu potencial, quanto na comparação com seus rivais nacionais.

Mas um drástico agito político parece ter feito o quebrado relógio vascaíno dar sinais de funcionabilidade, possibilitando ao torcedor sonhar que o tempo volte a ser contado da maneira que o Gigante merece.

Se é impossível ao clube recuperar esse atraso de oito anos em 12 meses, tornando-se hoje a potência esportiva que era no final da década de 90, ao menos se tornou possível que a rota para esse destino seja retomada. E para felicidade da imensa torcida, parece que isso começou a acontecer.

O clube de anteontem

O objetivo aqui é fazer uma analogia entre o Vasco que passou e o Vasco atual, mas não há como se falar do Vasco de “ontem”, sem falar do Vasco de “anteontem”.
No fim da década de 90, o Gigante da Colina era o orgulho carioca, a alegria de sua torcida, porque sem dúvida alguma, era de longe a maior potência do futebol brasileiro. Naquele momento o clube festejava ainda suas recentes conquistas: campeão da Copa Libertadores, duas vezes campeão brasileiro em quatro anos, campeão carioca invicto, campeão do Torneio Rio-São Paulo e campeão da Copa Mercosul.
Potência também era nas finanças, por ter uma parceria forte com o que seria mais tarde o maior banco do mundo, o Bank of America. O parceiro injetou um capital inicial de 40 milhões de reais nas contas do clube, além de introduzir novas formas de arrecadação e conseguir o patrocínio da Proctor & Gamble, uma grande multinacional que, dentre outras coisas, estampou a marca do seu sabão em pó ACE na camisa de futebol e das batatas Pringles nas camisas do time de basquete. Esporte esse, que ganhou duas vezes a Liga Sul-Americana, por duas vezes conquistou o Campeonato Sul-americano, foi também campeão brasileiro contra seu maior rival e chegou a ser vice-campeão do mundo, quando só parou na disputa da final contra uma equipe da NBA. Sem falar no sucesso do esporte amador, que se reflete nos títulos do futsal, futebol feminino, vôlei, natação, remo, pólo aquático, dentre tantas outras modalidades.

O clube de ontem

Todas essas conquistas ficaram imortalizadas no passado, mas a direção que assumiu o clube nas eleições de 2001, não conseguiu dar prosseguimento à seqüência de sucessos. Pior do que isso, o clube se transformou em uma fábrica de decepções para seus torcedores. Aos poucos, o dinheiro foi desaparecendo, os parceiros foram se afastando, as propostas de patrocínio foram sumindo, os esportes amadores foram se desmontando e o futebol profissional acabando.
Passou a ser coadjuvante no Campeonato Estadual, cedendo seu lugar em jogos decisivos para times de pequeno porte, e a lutar constantemente contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Quem não se lembra das derrotas para o Volta Redonda, em São Januário, e das cenas de comemoração nos jogos em que conseguiu escapar da segunda divisão?! Ridículo! Aquele não era o nosso Vasco. Foi também uma era de derrotas consecutivas para os principais rivais, inclusive em finais e semifinais, um desrespeito à torcida que nunca perdeu pra ninguém nos estádios.
Mas como um clube com tanto sucesso e dinheiro suficiente para se manter forte por décadas pode ter se transformado em uma caricatura em tão pouco tempo? Má administração? Incompetência? Falta de sorte?!

A transição

O abalo político trouxe ao gigante a possibilidade de renascer e à torcida a esperança e a alegria perdidas, sinais já visíveis nos dias de hoje, mas também abriu uma ferida difícil de ser aceita, que será fechada com toda a certeza, mas que deixará uma grande cicatriz.
O ferimento se chama Série B e foi um golpe muito forte no coração de quem realmente ama o clube. Mesmo para aqueles que pressentiam a iminência do pesadelo, o rebaixamento abalou demais.
Culpados são todos, não escapa ninguém. Nem mesmo os sócios, conselheiros e torcedores, que criaram, alimentaram e deram poder demais a um monstro, que por pouco quase devorou a todos. Cabe culpa a quem assumiu o comando também. Por mais que tivesse havido sabotagem interna ou externa, como já se especulou, que a situação financeira e estrutural do clube fosse tão crítica, erros aconteceram como contratações equivocadas de jogadores e treinadores, por exemplo. Costumamos dizer que a culpa de rebaixar o clube talvez seja injusto impor à direção que entrou, mas a culpa por não ter conseguido mudar a rota da colisão não há como ser negada.
E é desnecessário dizer que a maior parte da culpa pelo rebaixamento foi da administração passada, que saiu pela porta dos fundos, mas simplesmente para constar, vale lembrar que foi a responsável por não haver dinheiro nos cofres do Vasco e por não ter de onde tirar dinheiro, devido aos adiantamentos de receitas, dos pequenos valores de patrocínio e da falta de crédito para o clube no mercado financeiro. Esses recursos teriam possibilitado contratações de jogadores às pressas para evitar a tragédia que ocorreu, já que o elenco deixado de herança era digno de terceira divisão.

O clube de hoje

Como na música do Legião Urbana, não temos mais o tempo que passou. Aquele período de 2001 a 2008, em que nossos adversários em todo o país conquistaram títulos e ampliaram suas torcidas, enquanto nós ficamos parados observando, passou e nada mais pode ser feito em relação a isso. Da mesma forma o vexame do rebaixamento para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro é um fato consumado e não adiantaria mais ficar se lamentando por tempo prolongado. E parece que torcida e a nova diretoria entenderam isso.
Aos poucos foi surgindo no torcedor um sentimento de paixão e amor que há muito tempo não se via. Tanto que para muitos é surpreendente as demonstrações de carinho de uma enorme quantidade de vascaínos pelo Brasil a fora e até do exterior, quando é sabido que em um passado um pouco distante isso sempre foi comum acontecer.
O trabalho da nova direção também começou a aparecer aos poucos, é bem verdade que esbarrando em alguns erros devido a sua inexperiência no princípio do ano, mas se acertando no decorrer dos meses de 2009. E trabalho de um lado com paixão do outro deu ao Vasco nova vida e nova esperança.
Realmente não temos mais o tempo que passou, mas temos todo o tempo do mundo para reconstruir o que foi destruído. As dívidas em torno de 250 milhões de reais batendo à porta diariamente, a falta de crédito presente no mercado e as receitas futuras já usadas com antecedência pela administração anterior, aos poucos estão dando lugar a soluções criativas e novas receitas.
Já é realidade uma campanha de novos sócios que está próxima dos 25 mil associados pagantes, quando ano passado sequer haviam 900. O Vasco da Gama voltou a ter um patrocinador forte, a Eletrobrás, mesmo que ainda esbarrando em alguns empecilhos burocráticos, o que não acontecia há mais de 10 anos. Inclusive, é o único clube do Brasil patrocinado por uma empresa estatal, tirando esse rótulo do seu maior rival. Hoje, a Penalty, fornecedora de material esportivo, paga ao clube cerca de sete vezes mais do que a Reebok pagava e proporciona ao Gigante o status de ter o melhor uniforme do país do ponto de vista tecnológico. São coisas que aos poucos devolvem orgulho e confiança ao vascaíno, já que no profissionalismo esportivo atual nada se faz sem dinheiro.
Outros projetos também estão em andamento, como a definição de um centro de treinamento, a ampliação e modernização do estádio de São Januário e a geração de novas formas de receita. Com a tendência de um futuro promissor, parece que o tempo não pára no Vasco de hoje.

O futebol atual

Mas nada disso tem sentido sem o futebol. Apesar de estar na segunda divisão, não é por obra do acaso que a nação vascaína tem dado um show em São Januário, maracanã e dividido estádios (quando não está bem maior) com as torcidas locais nos outros estados. Inclusive essa força surpreende a cada partida os nossos atletas e comissão técnica, que não tinham idéia da dimensão desse povo que por tanto tempo ficou adormecido.
Mesmo sem os títulos, os resultados contra times da série A neste ano comprovam a melhora do futebol do clube. No Campeonato Carioca, por exemplo, só perdeu para o Botafogo, mesmo assim em jogo atípico, quando o time praticamente não entrou em campo e teve a sua pior partida do ano. Mas o mesmo alvinegro perdeu de 4 a 1 quando a equipe vascaína jogou de verdade. Já o campeão carioca foi derrotado por 2 a 0 e contra o Fluminense houve um empate, mas com os cruzmaltinos jogando boa parte da disputa com apenas 10 jogadores. Isso sem falar que o clube teve a melhor campanha do Campeonato Estadual e fez o melhor segundo turno da história da competição. É bom lembrar também que o Vasco da Gama foi desclassificado do primeiro turno no “tapetão”, de uma forma considerada absurda até por atletas e técnicos de equipes rivais, onde tiraram seis pontos conquistados em campo, impedindo uma possível chegada à final.
Na Copa do Brasil outras mostras da qualidade do elenco: goleada de 4 a 0 em cima do Vitória-BA e dois empates contra o campeão do torneio, o Corinthians, que somente passou à final graças a não marcação de um pênalti a favor do Vasco, que o Brasil inteiro viu, menos o árbitro que até hoje parece tentar compensar o incompensável.

Vamos chegar lá

Enfim, seja no futebol ou em outros departamentos, apesar de estar no caminho certo, falta muito para o Vasco da Gama chegar aonde sua torcida almeja. Temos um time aguerrido e que tem o nosso apoio justamente por isso, mas que é limitado tecnicamente e nem de longe é a equipe que merecemos e precisamos para alcançar as conquistas que nos cabem por direito.
Necessitamos e cobraremos grandes nomes sempre, outros craques do nível do Carlos Alberto, por exemplo, pois a nossa torcida não quer ou aceita um bicampeonato da segunda divisão. Para toda a nação vascaína, já que estamos nessa situação, basta sermos campeões uma única vez, para ratificar que estamos no local errado e por motivos errados, e nunca mais voltar para esse lugar.

Rumo à 1º Divisão!

À diretoria.

Força Jovem Unida e Forte.


Agradecemos ao nosso leitor Lucas pelo envio da matéria.

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Fonte: Site da Força Jovem
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