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Futebol Feminino: André Rocha fala sobre planejamento do Vasco

A audiência foi histórica, a repercussão gigantesca, e a queda para a França dolorida. Mas, terminada a Copa do Mundo feminina, fica a pergunta de como fazer para que a seleção brasileira tenha outras Formigas, Cristianes e Martas - até porque a própria camisa 10 disse que elas não vão existir para sempre. A resposta passa pelo investimento, sem dúvidas. Mas, de que forma? Onde? Foi pensando nisso que o GloboEsporte.com entrevistou os responsáveis pela área do futebol feminino em cada um dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro.

Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco têm em comum o investimento mais focado na base, a esperança de colher os frutos no futuro e a óbvia felicidade na percepção de que há um horizonte animador para o futebol feminino. Por outro lado, cada um dos tradicionais clubes cariocas tem uma história diferente com a modalidade, seja na destinação de dinheiro para o profissional, ou até mesmo há quanto tempo investe nas mulheres.

Se os Estados Unidos já possuem uma cultura de futebol feminino muito mais presente do que o Brasil, ao menos um passo para diminuir essa distância parece estar sendo dado. O foco nas categorias de base já acontece por lá há muito mais tempo e de maneira mais ordeira, enquanto por aqui a ideia começa a tomar uma forma mais consolidada - apesar de ter muito caminho a trilhar.

Botafogo: paciência é palavra-chave

Com cerca de R$ 25 mil para montar a primeira equipe do Alvinegro, Rose de Sá - coordenadora do time feminino - teve muitas dificuldades para disputar a Série A2 do Campeonato Brasileiro. Conforme ela mesmo disse, as gloriosas foram selecionadas às pressas e só participaram da competição para não serem multadas.

A partir de julho, a coisa começa a melhorar. O Botafogo pretende aumentar o investimento para R$ 100 mil mensais e, com mais tempo para poder organizar a equipe e as jogadoras, a luz no horizonte vai ficando mais nítida.

- Nosso foco é investimento na base. A torcida tem que esperar um pouquinho, porque não dá para fazer uma coisa de um dia para o outro. A não ser que tenha dinheiro. Me dê pelo menos R$ 300 mil por mês que eu consigo chegar em todas as finais.

Esses "R$ 300 mil por mês" chega perto ao que grandes clubes paulistas gastam para formar seus times, como é o caso do Santos, que apenas com benefícios de leis de incentivo recebe R$ 4 milhões anuais. Já existe o projeto no Alvinegro de captar esses recursos para fortalecer ainda mais as gloriosas.

Flamengo: base ≠ profissional

Maior exemplo de sucesso entre as jogadoras profissionais no Rio de Janeiro, o Flamengo tem dois modelos de negócios distintos. Campeão da primeira divisão do Campeonato Brasileiro em 2016, o Rubro-Negro tem uma parceria muito bem-sucedida com a Marinha. O Rubro-Negro arca somente com os custos de supervisor e treinador de goleiros e cuida da manutenção do gramado no Cefan (onde treinam as jogadoras).

Por outro lado, a divisão de base é toda custeada pelo Flamengo. Segundo Eduardo Freeland, gerente de futebol de base do clube e encarregado da área, o trabalho com as garotas menores de 18 anos ainda é projeto-piloto, que começou há quatro meses.

- É um formato totalmente diferente da base e do profissional. Na base, todas elas têm uma remuneração, que é mais uma ajuda de custo, e toda estrutura do clube dá o suporte a elas. Desde assistência social, psicólogos, assistência escolar... A gente dá tanto valor que trouxemos o Marcos Gaspar (que já teve experiência na seleção feminina de base). São dois formatos diferentes.

Assim como nos outros clubes, a ideia é aumentar o investimento na área. Esse incentivo à base passa pela intenção principal de aumentar a ajuda de custo para as meninas e contratar mais profissionais para o futebol feminino.

Apesar de ter um dos melhores centros de treinamento do país, o Flamengo ainda não pensa em levar as mulheres para treinar no Ninho do Urubu. De acordo com Freeland, isso se dá por alguns motivos, entre eles o de que na Marinha a estrutura já é feita para as rubro-negras.

- A gente ainda não pensa em levar as meninas para o Ninho, pelo menos neste ano, por algumas questões e a principal delas é que na Marinha já tem uma referência do futebol feminino, inclusive de campo. A gente tem que levar em consideração também que são adolescentes, e que são homens e mulheres dividindo espaço de vestiário. Hoje, no Ninho, temos cinco campos que atendem bem e acreditamos que se levarmos nossas jogadoras para treinar lá poderíamos sobrecarregar os campos. Mas não é nada definitivo, só que, neste ano, não acontecerá.

Fluminense: foco desde o sub-12

O Tricolor das Laranjeiras é um dos únicos clubes do Brasil que tem todas as categorias de base a partir do sub-12. Orgulhoso de ter um dos centros formadores mais prósperos do país no futebol masculino, a ideia do Fluminense é que isso se repita entre as garotas.

Esse é o objetivo conforme Amanda Storck, gerente de futebol feminino do clube: formar atleta. Segundo ela, apesar da visibilidade da Copa do Mundo ter sido consideravelmente maior, não há previsão de que o investimento mude por causa da competição. Por outro lado, existe sempre a ideia de aumentar cada vez mais o aporte financeiro nas meninas de Xerém.

- Tem um planejamento desde o início do ano independentemente de retorno. A gente não vai mudar o planejamento por causa da visibilidade que teve a Copa. Vamos continuar com o nosso projeto de dar o melhor para essas meninas. Essa era a ideia desde o início e vamos continuar. Nosso investimento é na estrutura. O mercado feminino não é inflacionado como o masculino ainda. A ideia é dar uma boa estrutura para atrair melhores atletas com o tempo e fazer com que a máquina gire cada vez mais.

Amanda também apontou para a necessidade de que exista um bom calendário para as divisões de base e lembrou que muitas vezes as meninas ficam treinando o ano inteiro sem ter uma competição para disputar.

Além da intenção de investir mais nas meninas do clube, o Fluminense também busca melhorar o desempenho dentro de campo em um curto prazo: ir mais longe na Série A2 (em 2019 caiu nas oitavas para o Grêmio), ganhar campeonato estadual - que dá acesso para a Série A1 - e disputar a primeira divisão no ano que vem. A longo prazo, a intenção é usar o máximo de base no adulto. E isso já começa a acontecer, com uma zagueira de 15 anos que tem 1,87m e joga no profissional.

Vasco: 20 anos de futebol feminino

Entre os quatro, o Gigante da Colina é o clube que há mais tempo destina recursos para a modalidade sem interrupções. Contente por ter tido o privilégio de contar com Marta em São Januário por cerca de três anos quando ela estava nas divisões de base, o Vasco encara a saída para o sucesso justamente entre as meninas.

De acordo com André Rocha, coordenador técnico, o futebol feminino tem sofrido grandes mudanças dentro do clube. Apesar disso, o foco principal do investimento segue sendo na base e em formar atletas com qualidade, e o Cruz-Maltino não pensa em montar um time para ser campeão no momento.

- Nosso planejamento estratégico do primeiro ciclo de formação do clube (de quatro anos) é que a gente tenha uma equipe profissional com uma base de 15 a 18 atletas formadas no clube, com padrão de jogo nosso até 2023. Nossa meta sobre base é ter até o fim do ano que vem equipes sub-11 e sub-13.

Segundo André, a preocupação está inteiramente voltada para organização e capacitação da categoria de base do clube. A ideia é que se invista muito nos profissionais e qualificar ao máximo possível a comissão técnica. Inclusive, a ideia é trazer mulheres para a equipe, parte física, logística...

Com a mesma comissão há mais de oito anos, o clube aposta na continuidade para chegar à excelência. Mas, para isso, espera conquistar outros patrocinadores, que tem sido uma dificuldade até mesmo para o time masculino. Porém, a Copa trouxe sinais de possíveis parceiros, mas nada concreto ainda.

Fonte: ge
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