Futebol

Gilmar Ferreira comenta a 24ª rodada do Campeonato Brasileiro

A rigor, a disputa do título do Campeonato Brasileiro parece mesmo polarizada entre quatro clubes - dois do Rio de Janeiro, dois de São Paulo.

E apesar do perde-e-ganha das últimas rodadas, Vasco, Botafogo, Corinthians e São Paulo brigarão palmo a palmo até a última partida.

O mais provável é que se alternando na liderança de acordo com o maior ou menor grau de dificuldade oferecido por seus adversários.

Por ora, o Vasco, campeão da Copa do Brasil, parece mais equilibrado e ajustado entre suas virtudes e defeitos.

Mas ainda não quer dizer nada.

Pelo todo, mantenho o favoritismo do Corinthians.

E peço um pouco mais tempo para opinar sobre o que querem de fato São Paulo e Botafogo.

São dois times que jogam o futebol que gosto de ver, mas não exibem a chamada maturidade competitiva.

Por certo, lá no final, o campeão terá que mostrar algo que ainda não foi visto.

Vasco 4 x 0 Grêmio

Talvez por isso o líder da vez seja o time de Ricardo Gomes, neste momento dirigido por Cristóvão.

No sábado, goleou o Grêmio com uma atuação segura, coroada pela bela atuação de Diego Souza, que resolveu jogar.

Ele ajudou na marcação, criou jogadas de ataque, deu assistência e fez um belo gol.

Mas não brihou sozinho.

Os volantes Eduardo Costa e Rômulo, bem posicionados, ajustaram a marcação e facilitaram os avanços de Fágner pela lateral.

Éder Luís infernizou seus marcadores e Élton entendeu a diferença entre jogar no Vasco e jogar para o Vasco.

Tudo bem que o fraco miolo de zaga do Grêmio facilitou e não será sempre que haverá pela frente uma dupla de zaga tipo Ed Carlos e Simon.

Não adiantaria muito se o todo cruzmaltino não estivesse numa noite muito feliz!

Botafogo 1 x 1 Flamengo

O empate no clássico carioca não agradou os gregos - tampouco foi festejado pelos troianos.

De uma coisa, porém, não se pode negar: as atuações do Botafogo no Engenhão são de encher os olhos.

Não tanto pela plasticidade, mas pela aplicação e determinação tática dos jogadores dirigidos por Caio Júnior.

No clássico deste domingo, por exemplo, a falta de Elkeson foi parcialmente compensada com a aplicação de Herrera.

Como correu o argentino, procurando jogo, combatendo os adversários e chamando para si um pouco da responsabilidade.

Mas o meia contratado ao Vitória este ano deixa no time um vazio difícil de ser preenchido quando não está em campo.

Afinal, ele marca, ele cria, ele cruza, ele finaliza de pé e com a cabeça e ele é bom também nas bolas paradas.

Se não é craque, tem, como se vê, tudo para sê-lo.

Herrera tentou, Loco Abreu fez seu papel e os demais correram ese aplicaram como mandava o roteiro.

Só que para desequilibrar o jogo a seu favor, o Botafogo precisava de um pouco mais.

Precisava, por exemplo, que Maicosuel fizesse a diferença...

O empate em 1 a 1 deu ao Flamengo seu nono jogo sem vitória.

Traduzindo: foram quatro pontos conquistados em 27 disputados - fora o padrão de jogo bem abaixo do ideal.

O time de Vanderlei Luxemburgo empacou e não consegue produzir mais do que permite a aplicação dos seus principais jogadores.

Ronaldinho, Thiago Neves, Leo Moura, Renato, Willians, Deivid... nenhum deles tem feito além do mediano presumível.

Parecem esgotados, entediados, sem coordenação - e aí o Flamengo dá volta em círculos.

Faltam inspiração, peças e alternativas táticas que modifiquem a postura do time.

Vanderlei olha para o banco e não vê quem possa modificar o panorama.

Aí apela para as substituições previsíveis, embora por vezes elas funcionem - como desta vez: Jael entrou e empatou o jogo.

A campanha do Flamengo no returno é ridícula, condizente com a de um time candidato ao rebaixamento.

O elenco não é dos mais bem fornidos, mas permite campanha melhor.

Resta ver se a culpa é apenas do treinador.

Bahia 3 x 0 Fluminense

Faltou ousadia a Abel Braga, na minha opinião, o responsável pela derrota do Fluminense no Estádio de Pituaçu, em Salvador.

Tudo bem, sei que é difícil responsabilizar o técnico por uma derrota, quando um zagueiro faz gol contra, um pênalti e é expulso.

Mas Abel fez uma péssima leitura do jogo: não alterou o time quando perdia apenas por 1 a 0 e carecia de talento no meio, e quando mexeu não acertou.

Pelo menos ontem, Rafael Sóbis e Rafael Moura não poderiam estar na reserva para Marquinhos, Ciro, Fred e Martinuccio jogarem.

Não, mesmo!

O Fluminense entrou em campo muito mais preocupado com os desfalques de Diogo e Digão do que com real poder ofensivo do Bahia.

E o adversário, escalado com três cabeças de área, não se mostrou um adversário tão assustador assim.

O time tricolor igualou a pegada e até sofrer o segundo gol do Bahia dava mostras de que poderia reagir.

Precisava, no entanto, de mais qualidade no meio e no ataque - carência que o técnico não soube suprir.

Menos mal que o resultado não tirou o time da briga por uma vaga na Libertadores e até mesmo do título.

Não creio que o Fluminense consiga chegar ao título - o time está em evolução, mas em desvantagem se comparado aos rivais.

Mas dá tranquilamente para beliscar uma vaga na Libertadores.

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