Futebol

Guilherme, ex-Vasco, tenta se firmar como técnico

Desempregado há cerca de cinco meses, após sua primeira experiência como técnico, no Ipatinga, o ex-atacante Guilherme, que defendeu São Paulo, Corinthians, Vasco e Atlético-MG, entre outros clubes, espera uma outra oportunidade para se firmar como treinador. Com o alvinegro paulista, o ex-jogador tem duas memórias distintas: a de ser o carrasco do time e a da passagem apagada e traumatizante.

Guilherme relembra também do começo e da influência que Telê Santana tem até hoje. Ele revela que se inspira no ex-técnico, seu comandante no Tricolor paulista, para tentar repetir na nova carreira o sucesso obtido como jogador.

Guilherme foi descoberto por Telê Santana, em 1992, quando defendia as cores do Marília, time do interior de São Paulo. Levado para o Morumbi, no ano seguinte, o atacante, que ficou na reserva, ganhou de cara os títulos da Libertadores e Mundial, com a equipe formada por Cafu, Raí, entre outros atletas. No ano seguinte, com participação mais ativa, levou o Tricolor à conquista da Conmebol e da Recopa Sul-Americana.

\"Devo muito ao meste Telê, ele me descobriu, me indicou e levou para o São Paulo, que tinha um time fantástico. Fomos campeões de quase tudo o que disputamos e fui muito feliz. É um clube que tenho carinho grande, pois foi onde tudo se expandiu para mim\", afirmou Guilherme, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. Em 1995 ele se transferiu-se para o Rayo Vallecano, da Espanha.

Depois de dois anos no futebol espanhol, o ex-atacante atuou pelo Grêmio e Vasco, mas sem obter grande destaque, antes de chegar em 2009 ao Atlético-MG. Pouco acreditado, Guilherme viveu momentos especiais nas duas vezes em que vestiu a camisa alvinegra - entre 1999 e 2001 e em 2003 -, transformando-se em ídolo da torcida.

\"Adaptei-me melhor a Belo Horizonte, ao Atlético, consegui me voltar para o futebol e fui muito feliz, fazendo gols e tendo uma grande parceria com a torcida\", disse Guilherme, que é o sétimo maior artilheiro da história atleticana, com 139 gols marcados em 205 jogos.

\"Estar na história de um clube como o Atlético, como o sétimo maior artilheiro, com mais de 130 gols é uma coisa incrível. Passei grandes momentos nesta equipe. Foram muitos jogos decisivos e eu sempre marcava, quando o time precisava de mim eu estava lá para fazer o gol, contando com a colaboração dos meus companheiros\", lembrou Guilherme, que se destacava pelo bom posicionamento na grande área adversária.

Decisivo nas horas certas, Guilherme contou com parceria com o ex-atacante Marques para brilhar com a camisa atleticana. Ele ressalta seu \"faro\" de gols nos clássicos contra o rival Cruzeiro e também diante do Corinthians, que considera eram seus \"alvos preferidos\". Contra a equipe celeste, seu principal jogo aconteceu nas quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1999, quando levou o Atlético até a decisão, marcando com o peito um dos gols, das duas vitórias, em melhor de três jogos.

Drama pessoal no Timão

Do Corinthians, equipe que defendeu em 2002, o atacante guarda melhores lembranças jogando contra, por ter sido seu carrasco. Na final do Brasileiro de 1999, apesar de o título ter ficado com o clube paulista, Guilherme marcou três gols no primeiro jogo, no Mineirão.

Mas o seu momento mais marcante contra o Corinthians, foi o gol de cobertura marcado em Dida, na fase de classificação da competição, no Maracanã, quando o Atlético goleou por 4 a 0. \"Talvez tenha sido realmente o gol mais bonito da minha carreira, pela dificuldade que foi\", avaliou. Guilherme obteve conquistas individuais comprovando o seu faro de artilheiro, como ter sido artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1999, com 28 gols.

Emprestado em 2002, ao Corinthians, quando teve a oportunidade de devolver um pouco dos gols marcados contra o clube, pelos rivais, o ex-atacante acabou vivendo o seu momento mais difícil no futebol. Em agosto daquele ano, o jogador se envolveu em um acidente de carro, perto de Marília, que teve como consequência a morte de duas pessoas.

A BMW dirigida por Guilherme, chocou-se com um Escort. Sem gostar de falar muito no ocorrido, o atacante reconhece que viveu momentos difíceis, que refletiram em seu futebol. \"Foi complicado isso, fiquei desnorteado, pensei em largar tudo, foi um período triste, difícil de ser superado, quase não consegui\", lembrou o ex-atacante.

Se fez sucesso em vários clubes, Guilherme acredita que merecia ter recebido mais oportunidades na seleção brasileira, embora reconheça que a concorrência era grande. \"Mas pelo tanto de gols que fiz, fui artilheiro do Brasileiro, me destaquei, merecia ter sido mais observado. Mas foi muito bom poder vestir a camisa da seleção, é a realização de qualquer jogador\", salientou o ex-atleta, que foi convocado oito vezes.

Depois de pendurar as chuteiras em 2005, quando defendia o Botafogo, seu último clube, Guilherme resolveu trabalhar do lado de fora do campo e virou treinador de futebol. Iniciou a caminhada como assistente técnico no Marília, clube que o formou no futebol, em 2007. Em Minas Gerais, o atleta fez estágio no Cruzeiro, em 2009, com Adilson Batista, e também no Atlético-MG, no ano seguinte, com Vanderlei Luxemburgo.

No começo do ano, Guilherme teve a sua primeira experiência como treinador, ao aceitar o convite do Ipatinga. O ex-atacante pegou a equipe em situação complicada no Campeonato Mineiro e, apesar de iniciar uma reação, não conseguiu evitar o rebaixamento do clube. Ao todo, foram 11 jogos no comando da equipe do Vale do Aço, com três vitórias, quatro empates e quatro derrotas, aproveitamento de 39%.

Apesar da estreia ruim fora das quatro linhas, já convivendo com rebaixamento, o ex-atacante segue estudando e aguardando novas oportunidades para se manter na nova profissão. \"Deixei amigos no Ipatinga e espero voltar um dia. Tenho muita experiência no futebol. Estou na ativa, analisando propostas e ansioso para voltar, estou trabalhando forte para isso e espero ter oportunidade\", disse Guilherme.

Treinado por Telê Santana, o atacante afirma ter aprendido muito com o ex-treinador e quer passar alguns desses ensinamentos aprendidos para seus comandados. \"Foi um grande treinador, que me ajudou muito, me passou muito do que sei. Tento transmitir isso fora de campo, a gente vai buscando o que melhor aprendeu com cada treinador e vai formando assim a sua característica profissional\", ressaltou Guilherme.

Fonte: UOL Esporte