Dia 20 de dezembro pode não parecer tão importante assim para o público geral. Talvez pela proximidade da celebração do Natal ou então pelas festividades de um novo ano que chega. Mas para os amantes do futebol e, em especial, para o torcedor cruz-maltino é um dia que está gravado na história do esporte como a mais emocionante final de uma competição.
Há 13 anos, o Club de Regatas Vasco da Gama e a Sociedade Esportiva Palmeiras – clubes de maior relevância sul-americana da segunda metade da década de 90, sendo campeões da Libertadores em 98 (Vasco) e 99 (Palmeiras) – faziam uma disputa particular para que todo o mundo esportivo soubesse quem era o melhor entre os melhores: A Copa Mercosul de 2000.
A grande batalha havia sido iniciada 14 dias antes, em São Januário, onde o Gigante fez prevalecer seu domínio na Colina e, com gols de Juninho Pernambucano e Romário, venceu por 2 a 0. Seis dias mais tarde (12/12), acontecia o segundo jogo da final. Dessa vez, o Palestra Italia assistiu ao verdão ganhar com um único tento marcado por Neném.
Como decidir esse embate épico entre Vasco da Gama e Palmeiras? Uma terceira e decisiva partida marcada para o dia 20 de dezembro, às 21:45 de uma quarta-feira, no tradicional dia e horário após a novela. O palco novamente seria o, àquela época, quase centenário estádio Palestra Italia.
E como diz a estrofe inicial do hino do clube paulista, “quando surge o alviverde imponente no gramado em que a luta o aguarda, sabe bem o que vem pela frente”. E realmente sabia.
Ainda no primeiro tempo, em seus dez minutos finais, a artilharia palmeirense apontou na direção do goleiro Hélton. O resultado foi um pesado 3 a 0 ao soar do apito de Márcio Rezende de Freitas para sinalizar intervalo. O abatimento tomava conta de mil em cada mil torcedores vascaínos que, naquele momento, não condiziam com a imensa torcida bem feliz.
Mas o esporte nos prega peças. E a estrela do Vasco, na terra a brilhar, iluminou não só o mar, como todos os seus jogadores e os olhos incrédulos e marejados de cada torcedor que assistia ao impossível se tornar real e eterno: A Virada do Século.
Aos 13 minutos do segundo tempo, Romário fazia o primeiro gol do Vasco na decisão. Cobrança indefensável para Sérgio. Aos 23, o baixinho bom de bola colocava o segundo pênalti na caixa e tornava a humilhação do torcedor do Gigante em esperança, pois ainda nos restavam pouco mais de 20 minutos. O que nos restava também era torcer para um time com apenas dez em campo, já que com 32 minutos, Júnior Baiano recebia seu segundo amarelo na partida. O que era complicado virava dificílimo.
Porém era noite de Vasco e aos 40 minutos, após furada de Romário, a bola sobrou para Juninho Paulista finalizar e ver a bola caminhar lentamente até cruzar a linha para que todos os que carregavam a cruz de malta no peito soltassem o grito na garganta. GOL! Cobranças de pênaltis se tornavam uma grata realidade para os jogadores em seu momento de exaustão máxima. Só que o coração do torcedor vascaíno não seria capaz de suportar tamanha crueldade.
Viola faz grande jogada individual e entra pela esquerda na área do Palmeiras, a bola sobra para Juninho Paulista que bate, Sérgio espalma a bola que sobra para Romário...
Naquele minuto, o quadragésimo oitavo da segunda parte, o Vasco se eternizava como “O Time da Virada” e registrava seu nome como “vencedor da Maior partida de futebol da história” e o esporte bretão mais uma vez nos mostrava porque é o mais amado do planeta.
Parabéns ao Club de Regatas Vasco da Gama pelos 13 anos da Virada do Século e conquista da Copa Mercosul!
FICHA TÉCNICA:
VASCO 4 x 3 PALMEIRAS
20/12/2000 – Estádio Palestra Italia
VASCO: Helton; Clébson, Odvan, Júnior Baiano e Jorginho Paulista; Jorginho (Paulo Miranda), Nasa (Viola), Juninho Pernambucano e Juninho Paulista; Euller (Mauro Galvão) e Romário. Técnico: Joel Santana.
PALMEIRAS: Sérgio, Arce, Gilmar, Galeano e Tiago Silva; Fernando, Magrão, Taddei e Flávio; Juninho e Tuta (Basílio). Técnico: Marco Aurélio.
GOLS: Arce (36/1T), Magrão (37/1T), Tuta (45/1T); Romário (14/2T), Romário (23/2T), Juninho Paulista (40/2T) e Romário (48/2T).
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