“Eu me lembro de todos os momentos da minha vida futebolística, principalmente porque passou muito rápido”, resume Edmundo sobre as passagens inesquecíveis de seus 19 anos como jogador profissional. O hoje comentarista da Band é um dos mais carismáticos jogadores do futebol brasileiro, marcado pelos belos gols, idolatria de duas das maiores torcidas do país e muita história pra contar.
Os títulos nacionais com Palmeiras e Vasco estão no topo da lista, mas é claro que as famosas provocações não ficaram fora. Neste sábado, o “Animal” completa 45 anos de vida e conta ao UOL Esporte quais delas foram mais marcantes.
A primeira lembrança de Edmundo ao falar de provocações em campo nem foi ele que aprontou, mas sim um rival. No primeiro jogo da final do Paulista de 1993, Viola fez o gol da vitória do Corinthians e imitou um porco na comemoração. “A gente ficou muito puto, mas depois demos um monte de risadas. Eu não conhecia o Viola, depois nos conhecemos na seleção e a gente tem um jeito de ser, de agir e pensar parecido, alegre e brincalhão. E aí foi fácil, quando se tem um bom relacionamento, toca no assunto achando aquilo bacana, engraçado. ‘Ah você me ferrou naquele jogo, vai ter troco’, essas coisas”. Naquele ano, o Palmeiras, de Edmundo, acabou levando o título na partida de volta.
A outra provocação inesquecível de Edmundo não foi muito boa para o torcedor do Vasco. A rebolada na frente do zagueiro Gonçalves na final do Carioca de 1997 contra o Botafogo foi como o porco de Viola: só aumentou a comemoração do rival no jogo de volta. “O Gonçalves é meu amigo, meu irmão, uma das pessoas mais maravilhosas que eu conheço. Nós estávamos na seleção na Copa América de 97 e a música do momento na época era a “Dança da Bundinha”, e a gente combinou que quem ganhasse o título faria a dança para provocar o outro. Mas eu acabei fazendo dentro do jogo, porque no primeiro jogo a gente estava ganhando, e aí ficou marcante, todo mundo mostra toda hora. Mas é legal, depois ele acabou sendo campeão me deu o troco, dançou também, isso faz parte”.
Edmundo foi campeão brasileiro com o Vasco em 1997. Em 1999, depois de uma vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo, soltou uma de suas frases para a história: “Foi muito pouco. Nosso time é dez vezes melhor do que essa merda”.
Protagonista de muitas outras polêmicas em campo, como a briga campal com jogadores do Vélez e o chute na câmera depois de uma derrota do Palmeiras na Libertadores de 1995, Edmundo admite que sente saudades de uma época em que o futebol era mais rico de histórias, brincadeiras e provocações. E arrisca dizer que toda a “chatice” atual interfere nos gramados.
“O público que ia ao estádio se divertia um pouco mais naquela época. Fazia parte do folclore brasileiro que a gente perdeu, e com isso nós perdemos da nossa essência, aquele futebol alegre de moleque, extrovertido, isso a gente tinha que resgatar. Você não pode nem mais chamar um amigo seu de cabeção, pô. Não pode mais chamar de nada”, lamenta o “Animal”.