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Jorge Mendonça: Adeus à glória e à penúria

Era com orgulho que os mais velhos apontavam para Jorge Mendonça nas ruas de Campinas e contavam aos mais novos como tinha sido bom de bola aquele negro magrelo. Quase como um apêndice obrigatório, manifestava-se o espanto sobre a penúria em que passava os últimos anos de vida. Ao morrer ontem de infarto, aos 51 anos, Jorge Mendonça deixou uma ex-mulher, três filhos, problemas de dinheiro e com álcool e saudade nos que o viram jogar. (Assista ao vídeo exclusivo com a carreira do jogador)

Jorge Pinto Mendonça pertenceu à classe de jogadores que não souberam estender à vida de gente comum o brilho que refletiram nos gramados. Depois de uma carreira de destaque, com uma Copa do Mundo nas costas, o meia-atacante deixou o futebol em 1991, aos 37 anos, quando este já havia lhe deixado. Nessa época, já convivia com os males do alcoolismo, representado pela cervejinha que não dispensou até a morte. Dali em diante, os problemas pessoais se agravaram e a separação litigiosa pesou no bolso. Mendonça dizia-se enganado pela família da ex-mulher.

- Sabe, todo jogador deve ter um procurador para defender seus direitos, senão corre o risco de perder tudo. Eu não tenho mais nada, mais nada... - disse ao GLOBO, em 1997.

Na época em que tinha tudo - leia-se dezenas de imóveis em Recife e Campinas, além de carros e telefones -, Jorge Mendonça mandava no meio-campo de seus times. Foi rei no Palmeiras e no Guarani, clube que o acolheu em 2002, numa das piores fases de sua vida. Além do álcool, a artrite já corroia o corpo. Sem casa própria, foi morar com os pais. Quando ganhou um emprego nas escolinhas do clube, sonhou com dias melhores.

- Ele dizia que se sentia importante de novo. Era um cara feliz, amigo. Tinha aquele problema da bebida, mas nunca me deu dor de cabeça - conta um dos coordenadores das escolinhas, André Ceará.

Segundo André, Mendonça estava conseguindo viver com dignidade, apesar das dificuldades. Nas últimas duas semanas, vinha reclamando de cansaço e tirou dois dias para fazer exames. Não deu tempo de pegar os resultados. Ontem, ele acordou com dores no peito e, levado pelo pai ao hospital, não resistiu. Causou surpresa e comoção no Guarani.

- Apesar de tudo, ele vivia bem. A única coisa era a bebida, que o definhou. Às vezes, nas peladas, faltava força para correr e chutar a bola - recorda o administrador do futebol do clube, Jorge Correia.

Força não faltava a Jorge Mendonça no início de sua carreira. Natural de Silva Jardim (RJ), foi levado para o Bangu aos 18 anos pelas mãos do bicheiro Castor Andrade e, ali, logo chamou a atenção do Náutico, que não pôde segurá-lo por muito tempo. O jogador chegou ao Palmeiras em 1976, mesmo ano em que marcou o gol da final do Paulistão, contra o XV de Piracicaba. Foram outros 101 no clube.

Jogador barrou Zico na Copa de 1978

Ainda no Palmeiras, chegou à seleção brasileira. No Mundial da Argentina, roubou a vaga de Zico. Na volta ao seu clube, brigou com Telê Santana, que queria vê-lo marcando mais. Em 1980, foi jogar no Vasco por US$ 93 mil, um bom dinheiro na época, mas não repetiu o sucesso. Em 1981, foi o maior artilheiro do Brasil marcando 58 gols pelo Guarani - com 38 no Paulistão, foi também o maior artilheiro do campeonato na Era Pós-Pelé. Mas em Campinas viveu altos e baixos e foi vendido para a rival Ponte Preta. Era o início do fim, que foi precedido ainda por Cruzeiro, Rio Branco (ES), Colorado (PR) e, por fim, Paulista de Jundiaí.

Jorge Mendonça será enterrado hoje, às 10h30m, no Parque das Acácias, em Campinas.

Fonte: ge
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