Revelado pelo Sport de Recife, Juninho Pernambucano, que completou 31 anos nesta segunda-feira, ganhou projeção nacional e internacional vestindo a camisa 8 do Vasco, pelo qual conquistou títulos como o Brasileiro e a Libertadores. Há quase seis anos, o ex-Reizinho de São Januário está brilhando no Lyon, da França. Tetracampeão francês (fato inédito na história do clube), o meio-de-campo pode conquistar mais dois troféus para sua coleção neste ano: o penta nacional e o hexa mundial, com a seleção brasileira.
Em entrevista ao LANCENET, por email, Juninho falou de sua carreira, de seus planos para o futuro e da vontade voltar a vestir a camisa cruzmaltina.
LANCENET: Nesta segunda-feira, você completou 31 anos. Se pudesse escolher, qual seria o seu presente ideal?
JUNINHO: O hexacampeonato pela seleção, é claro.
L: Como foi sua infância e seu início no futebol?
J: Aproveitei bastante. Morei até os 5 anos em Olinda e depois fui para Recife. Joguei futsal nos colégios que estudei e também em clubes da capital até que aos 17 anos fiz um teste para os juniores do Sport e por lá me profissionalizei.
L: Ao longo de sua carreira, você vem acumulando muitos títulos de expressão. Neste ano, esta coleção poderá aumentar, com a conquista do penta, com o Lyon, e do hexa, com a seleção. Como está sua expectativa, tendo em vista a chance de conquistar mais esses dois troféus?
J: Procuro pensar no momento. E no momento ainda não conquistamos nada. É claro que será algo maravilhoso e inédito, um sonho para mim e vou buscar isso com muito trabalho.
L: - Por falar em seleção, você, apesar de todos os títulos já conquistados, está prestes a disputar sua primeira Copa do Mundo. Você guarda alguma mágoa dos ex-treinadores da seleção por não ter disputado os últimos Mundiais?
J: Não. O Brasil posssui e sempre possuiu grandes nomes, especialmente na minha posição (meio-de-campo). Foi uma opção técnica dos treinadores e entendo essa posição sem problemas.
L: Como você avalia o grupo que o Parreira tem nas mãos para a Copa?
J: É um dos melhores do Mundo, mas temos que provar isso na Copa em campo.
L: Na sua opinião, qual será o jogo mais difícil para o Brasil na primeira fase da Copa?
J: Acho que a estréia, pois estréias são sempre complicadas, seja qual for o adversário.
L: Quais são os favoritos para a Copa do Mundo? Quais seleções podem surpreender?
J: Eu acho que fazer uma Copa em casa é uma vantagem muito grande. No caso, a Alemanha vai jogar em casa. A Itália sempre joga um futebol difícil de ser batido; Portugal, com Felipão, a França também, mesmo não tendo ido bem na última. Acho que é difícil. A Costa do Marfim pode ser uma surpresa, como a de Senegal foi na última.
J: Uma das estrelas da seleção é o Ronaldinho Gaúcho. Você concordou com a escolha dele como melhor do mundo?
L: Com certeza. Ele possui uma condição técnica e física absurda.
L: Sua carreira começou no Sport-PE, mas foi no Vasco que você ganhou projeção e começou a ganhar alguns dos principais títulos do seu currículo.
Você ainda pensa em voltar a vestir a camisa vascaína?
J: Claro que penso, mas somente se tiver condições de voltar para jogar em um bom nível, não apenas para encerrar a carreira.
L: O que você se lembra da sua estréia com a camisa cruzmaltina (vitória por 5 a 3 sobre o Santos, na Vila Belmiro)?
J: Marquei um gol neste jogo. Foi uma partida sensacional que para sempre estará na minha memória.
L: Qual o seu sentimento em relação à torcida vascaína?
J: De amor e carinho. Nos quase seis anos que joguei no Vasco sempre fui muito bem tratado pela torcida, mesmo tendo o Vasco diversos ídolos neste período.
L: Você é embaixador da Fifa na campanha \"6 Aldeias para 2006\". Do que se trata esse projeto? Como surgiu o convite para participar dela?
J:
Foi em Recife. Pessoas ligadas à Fifa entraram em contato comigo e me mostraram como era o projeto e eu fiquei feliz em participar. O projeto visa a atender crianças carentes órfãs da região de Igarassu, no interior de Pernambuco.
L: Você se transferiu para o Lyon em 2000. Curiosamente, desde então o futebol carioca não ganhou mais títulos nacionais. Mesmo à distância, você vem acompanhando o desempenho dos times do Rio? Se a resposta foi positiva, a que você atribui essa má fase dos clubes do Rio?
J: Estrutura e organização. É isso que falta, mas torço para que as coisas melhorem logo.
L: - Como é o assédio da imprensa e da torcida francesas? Há muita diferença em relação ao Brasil?
J: Com o passar do tempo, dos títulos e tudo mais, a coisa cresceu. Mas trato todos com respeito e carinho e eles também. Fora de campo sou um cara como outro qualquer.
L: Do que você tem mais saudade do Brasil?
J: Sinto falta dos amigos, das praias de Recife e de poder andar descalço. Mas isso não quer dizer que não goste da França, pelo contrário. Aqui também tenho grandes amigos, curto minha família, sendo que uma das minhas filhas é francesa. Estou totalmente adaptado.
L: - Até quando você pretende jogar na França?
J: Espero cumprir meu contrato até 2008.
L: - Mudou alguma coisa em relação aos jogadores brasileiros, desde a sua chegada no Lyon?
J: Eu cheguei aqui com o Caçapa e o Edmilson praticamente e já tinha o Sonny Anderson. Como sempre fomos ótimos profissionais, o clube sempre procurou investir em outros brasileiros. E nós procuramos ajudar esses atletas que chegavam.
L: Como foi sua adaptação no clube francês?
J: Foi rápida. Nem tive esse período de adaptação até hoje. Preparei muito a minha cabeça, era isso que eu queria. Não posso entregar essas oportunidades de mão beijada. Felizmente, foi rápido, sem dificuldade.
L: - Neste domingo, o Romário completa 40 anos. Como foi atuar ao lado dele no Vasco? Na sua opinião, o Baixinho continua acima da média?
J: Ele foi e continuará sendo um grande jogador, um gênio na arte de fazer gols.
L: - Você também pretende chegar aos 40 como jogador?
J: Não, sem condições.