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Maracanã é entregue a consórcio sem definição sobre clubes

Um acordo entre o governo do Rio de Janeiro e o Consórcio Maracanã SA vai garantir que o grupo de empresas assuma o controle do maior estádio do Estado sem ter cumprido as condições em contrato para que isso ocorra. A partir da próxima terça-feira, Odebrecht, AEG e a IMX, de Eike Batista, já responderão pela administração da arena apesar de as companhias não terem cumprido as exigências estabelecidas pelo próprio governo estadual na licitação do Maracanã.

Quando o edital de licitação do Maracanã foi lançado, foi estabelecido que o consórcio vencedor da concorrência só assumiria o controle do estádio após a apresentar ao governo do Rio acordos para o uso da arena com dois clubes cariocas. Ficou combinado também que essa era uma espécie de garantia ao grupo empresarial. Se ele não conseguisse fechar os acordos, poderia abrir mão do Maracanã e repassar o controle do estádio para o segundo colocado na concorrência da privatização.

Na licitação, ainda existia a possibilidade do consórcio assumir o controle do estádio sem o acordo com os clubes. Neste caso, porém, o grupo empresarial informar ao governo que assumiria o risco de administrar o estádio sem a parceria com os clubes. Feito isso, o contrato de concessão da arena entraria em vigor e o consórcio passaria a responder pelo Maracanã. Em caso de desistência, o grupo de empresas teria de pagar multa ao governo.

Nesta sexta-feira, no entanto, o governo do Rio de Janeiro informou que facilitou a vida do Consórcio Maracanã SA, o futuro controlador do estádio. O Estado garantiu o direito do grupo de assumir o Maracanã, fazer obras no estádio e até realizar um jogo na arena mesmo sem o acordo com os dois clubes cariocas. Decidiu também que, caso o consórcio não consiga firmar esses acordos, poderá devolver o estádio ao governo sem multa.

Na prática, o governo do Rio entregou o Maracanã ao seu futuro concessionário apesar do contrato firmado entre as partes não ter entrado em vigor. O governo informou que não tem mais interesse de administrar o estádio depois de sua reforma. Assim que a Fifa retirar as estruturas e equipamentos usados na Copa das Confederações, o Maracanã passará direto para o consórcio, mesmo com as pendências no contrato.

Questão nebulosa

As dúvidas sobre a administração do Maracanã começaram logo após a final da Copa das Confederações. Na terça-feira, dois dias após o jogo, o Consórcio Maracanã SA emitiu uma nota oficial informando que começaria a trabalhar no estádio na próxima terça-feira. No dia 21, realizaria o primeiro jogo no Maracanã sob gestão privada: Fluminense x Vasco.

Até aquela terça-feira, nenhum clube carioca havia fechado contrato com o Consórcio Maracanã para jogar no estádio. Por isso, na quarta-feira, o UOL Esporte questionou o grupo empresarial e o governo: como o consórcio poderia assumir a gestão do estádio sem ter apresentado ao governo os acordos de utilização da arena?

O governo do Rio de Janeiro explicou então que o consórcio poderia, sim, assumir o estádio sem a parceria com os times. Esclareceu que os acordos com os clubes eram, na verdade, uma garantia para o consórcio. Ele poderia abdicar dessa garantia e assumir o Maracanã sem os clubes. A partir do momento que o consórcio renunciasse do acordo com os clubes, o contrato de concessão entraria em vigor.

Ainda na quarta-feira, o UOL Esporte procurou esclarecimentos do consórcio: afinal, o grupo tem os acordos com os clubes ou vai abdicar disso e assumir o Maracanã por conta e risco? Nesta sexta-feira, a reportagem recebeu a resposta: nem um nem outro.

Segundo nota enviada nesta tarde pelo Consórcio Maracanã, o grupo assume o estádio com o contrato ainda sem eficácia. Vai continuar negociando com clubes até o início de setembro (prazo previsto na licitação). Se não conseguir nenhum acordo até lá, definirá se fica ou não com o Maracanã. O governo já informou que não cobrará multa nenhuma em caso de desistência.

Fonte: Uol