O jeito de comemorar o gol, simulando uma laçada de peão, fez o meia Marco Antônio se tornar o boiadeiro mais famosos do futebol brasileiro. O ex-jogador, que defendeu Cruzeiro, Vasco, Corinthians e seleção brasileira, não deixou as raízes de lado e hoje vive em sua fazenda na cidade de Poloni, no interior de São Paulo. Ele faz questão de falar do passado na roça e da satisfação de poder viver no lugar onde sempre se destacou seja na carreira ou na vida pessoal: o campo. E também não esquece dos seus tempos de jogador, quando atuou ao lado de craques como Bebeto, Raí, Cafu, Roberto Carlos, Edmundo e Ronaldo, que viu surgir na Toca da Raposa.
- Nasci e me criei na roça, tirando leite de vaca e andando de cavalo. Nunca deixei de curtir as raízes. Minha avó foi a parteira do meu nascimento e tenho muito orgulho disso. Hoje, estou morando na fazenda no interior de São Paulo. Antes mexia só com gado, mas agora trabalho também com cana e arrendo o cultivo para uma usina próxima daqui. Tenho duas filhas maravilhosas - Ana Beatriz e Natália - e elas estão na faculdade, o que me deixa orgulhoso. Uma faz direito e a outra medicina - lembrou.
A paixão pelo esporte não deixou Boiadeiro se afastar do futebol. Ele mantém contatos com alguns clubes onde apresenta jogadores para fazer testes. A amizade com certos dirigentes o faz dar oportunidade para jovens promessas da região.
- Ainda trabalho no futebol indicando alguns jogadores. Tenho um bom relacionamento com o Zezé Perrella e com o Roberto Dinamite. Mando muitos jovens para Minas Gerais. A prioridade é o Cruzeiro - afirmou.
A carreira começou por acaso. Destaque entre os garotos da pequena cidade de Américo Campos, em São Paulo, ele logo chamou atenção e acabou sendo convidado para fazer um teste no Botafogo de Ribeirão Preto. No meio de 39 adolescentes, foi o único que passou. Depois de cinco anos no clube, ao lado do companheiro Raí, foi contratado pelo Guarani em 1986. Naquele mesmo ano, o Bugre chegou na final do Campeonato Brasileiro, perdendo o título para o São Paulo na disputa de pênaltis.
- Quem me descobriu foi o Paulão. Era amigo do Sócrates e me levou para fazer um teste no Botafogo. Acabei ficando, mas só tinha 15 anos e chorava muito com saudades de casa. Eu andava de bota, fivelona, de chapéu e foi quando surgiu o apelido. Mas consegui me manter e a carreira veio naturalmente. Fui para o Guarani e tudo começou. Foi lá que marquei meu primeiro gol de destaque, na semifinal do brasileiro contra o Atlético-MG. Só lamento ter perdido para o São Paulo na decisão - disse.
Boiadeiro entre Sorato e Bebeto em 1989
Porém, três anos mais tarde, deu o troco no Tricolor paulista. Já com a camisa do Vasco, Boiadeiro conquistou o título nacional, em pleno Morumbi. Com a equipe carioca, também ganhou o Troféu Ramon de Carranza, na Espanha, e a Supercopa. Também ajudou o clube a levantar o caneco da Taça Guanabara de 1990.