Política

Membro do Grupo Casaca se pronuncia sobre a AGE

Domingo, 7 de agosto de 2022, um dia que pode ser um divisor de águas na história do Club de Regatas Vasco da Gama. A Assembleia Geral Extraordinária, que reunirá sócios estatutários, irá decidir se o clube vende ou não 70% da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) para a empresa norte-americano 777 Partners. Isso significa, caso a venda seja aprovada, que o controle do futebol e da maior receita do clube não estará com vascaínos, mas, sim, com a 777. O Vasco, segundo o contrato, terá participação na SAF como ente minoritário, de sete cadeiras, somente duas serão ocupadas por membros do clube. Portanto, a empresa ianque terá maioria folgada nas decisões e irá controlar o caixa.

A crise do Vasco, que teve sua eclosão no rebaixamento de 2008 e se estende até o momento (com poucos respiros nesse duro percurso), leva vascaínos de boa fé apostaram todas as fichas na venda do clube, acreditando que uma empresa saberá gerir o Vasco melhor que os associados do próprio clube. Porém, há aqueles que apresentam a venda de modo acrítico que são parte do problema estrutural do Vasco. Isto é, o futebol do clube não está indo a um leilão. Pelo contrário, a proposta de venda, tendo aparente exclusividade com a 777, foi montada e operada pela administração Salgado que conserva os piores resultados esportivos em todos os tempos. Ou seja, o futebol do Vasco está sendo vendido por incompetentes incontestes que lutaram na justiça para assumir o clube e não tinham em sua plataforma de campanha a proposta da venda.

Entretanto, o dado concreto é que parte da torcida foi ganha para a ideia da SAF “salvadora da pátria”. Todavia, não existe garantia alguma que o Vasco comandado pelos norte-americanos será vencedor. O recente rebaixamento do Genoa da Itália, administrado pela 777 Partners, é apenas um exemplo. A administração Salgado, por sua vez, deixou o Vasco em 10º lugar na Série B de 2021, tendo a maior receita de todos os clubes na competição. De tal maneira, a SAF Vasco irá reunir sete representantes de fracassos robustos no futebol. Quer dizer, mesmo com mais dinheiro circulando (em tese), se não houver competência e uma boa dose de vascainísmo, dificilmente o Vasco “novo” se aproxima dos resultados do “velho” Vasco imbatível.

Outro elemento precisa ser levado em conta, já que um dos argumentos pela venda é a superação dos políticos do clube por uma gestão “moderna, técnica e profissional”. Esse foi um dos argumentos para a contratação de Alexandre Pássaro para o cargo de diretor executivo do futebol profissional (nome inocente para a função de VP de Futebol). Para além da arrogância e ausência de identidade com o clube, o saldo “técnico” foi o maior vexame da história vascaína. De tal forma, não há garantias que a governança do futebol do clube seja tocada por profissionais competentes e conhecedores do assunto. Aliás, tal segurança sequer existe no mundo dos negócios empresariais, não é à toa que empresas quebram todos os dias.

Todas essas ponderações indicam que o Vasco deve fechar as portas para parcerias? Evidentemente que não, o clube teve seu último período de ouro com o Bank of America e sua história está repleta de notáveis vascaínos que contribuíram como mecenas para o clube. Mas, não só. O Vasco possui um ativo poderoso que deve ser mais bem explorado como parceria perene: sua torcida. A torcida cruzmaltina se revelou nos últimos quinze anos como a torcida mais fiel e engajada do Brasil. Por isso, deve ser vista com um olhar estratégico como os pioneiros da construção de nosso clube enxergaram. Aliás, a ideia de associação e democratização dos clubes, proposta antítese da SAF, era agitada como uma válvula progressiva para os clubes brasileiros.

Nada disso é utópico, pelo contrário, nenhum clube brasileiro que está despontando nas competições e ganhando títulos possuem SAF. Por exemplo: Atlético Mineiro, Palmeiras e Flamengo são administrados por “amadores” do quadro social dessas agremiações. Todos, em maior ou menor medida, possuem dívidas. Portanto, por que a SAF é “salvação da pátria” no escuro? Porque os norte-americanos estão prometendo 700 milhões em três anos? O Vasco, com todo seu potencial e pujança, se aproximando do centenário do título histórico dos Camisas Negras e da Resposta Histórica, não tinha condições de levantar recursos com campanhas massivas de marketing, conectando personalidades vascaínas da mídia e regressando para a Série A do Brasileiro? A negação consciente de caminhos alternativos para a manutenção do futebol do Vasco com o Vasco não me parece prudente.

Por fim, é preciso dizer o óbvio: não existe clube do povo com um dono. O regime de uma empresa é radicalmente mais antidemocrático do que o regime associativo. Isso significa que o voto “sim” pela SAF é de mudança da natureza do Vasco. Mesmo que haja cláusulas contratuais preservando elementos do passado, o fato é que o Vasco será distinto em suas moléculas dos últimos quinze anos, mas, também, do Vasco grandioso de Cândido José de Araújo, José Augusto Prestes, Raul da Silva Campos, Antônio de Almeida Pinho e Ciro Aranha. Contudo, o sucesso da SAF não é garantido. Por isso, entre uma empresa norte-americana afiançada pela pior gestão da história do clube e as raízes do Vasco, fico com as raízes. Não por dogma do passado, mas por estar convencido que não há futuro para o Vasco liquidando as bases estruturais do verdadeiro clube do povo. Por isso, votarei não à SAF.

Fonte: Grupo Casaca
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