O Vasco teve três chances de assumir a liderança da Série B. Para não repetir contra o Atlético-GO, hoje, em Brasília, as atuações instáveis diante de Vila Nova, Icasa e Avaí, o técnico Joel Santan tratou de irar a responsabilidade dos jogadores. Em vez de valorizar a possibilidade do topo, preferiu pensar em uma corrida de resistência, em que a estratégia é dar o bote no final. Assim, à moda Joel, o Vasco espera se consolidar no alto da tabela e deixar para trás os tropeços.
— Às vezes você está lá na frente e fura um pneu — alertou o treinador, iniciando uma sequência de analogias.
— Às vezes você se mantém em segundo e dispara. No Atletismo acontece isso. O bonzão vem lá atrás. Aí e vai com tudo na reta final. Tenho que dosar energia — completou Joel, seguro de seu discurso motivacional.
A forma de trabalho do novo comandante já vai sendo vista em pequenos detalhes. Se antes Joel tinha desconfiança ou era motivo de chacota, em poucos dias se impôs e cobrou respeito, trazendo para situações do cotidiano toda sua experiência.
Antes do treino de ontem, o técnico tomou café com a comissão técnica e pediu aos médicos cuidados com o lateral Lorran, que sofre com dor de garganta. No campo, exigiu que o gramado atrás dos gols seja cuidado para que o desgaste não seja maior na área do local do jogo.
— Algumas coisas a gente gosta, outras a gente coloca da nossa maneira. Agora só precisa ganhar jogo para ter esse ambiente tranquilo. Não está nem chovendo, o dia está maravilhoso. Mas o mais importante é ganhar jogo — encerrou Joel, sabendo que, no futebol, o tempo muda.
Mistério e ‘30 titulares’ viram estratégia
Aos 65 anos, Joel Santana sabe que a primeira coisa que um treinador deve fazer quando chega a um clube é conquistar os jogadores. Além do clima descontraído dos treinamentos, o técnico adotou o mistério na escalação e declarou aberta a disputa por vagas na equipe.
Com a suspensão de Kleber, Thalles e Edmilson treinaram entre os titulares de forma revezada. Da mesma forma que Pedro Ken e Aranda. Além de confundir o adversário, Joel disse com todas as letras que não tem reservas em seu grupo.
— Aqui não tem reserva. Somos um grupo de 30. Não tenho preferência. A torcida quer vitória. Não tenho mais idade para ficar prometendo. Lorran mostrou personalidade, é de casa, um menino, vem jogando bem. Não mexe. Se continuar bem, assume a titularidade — simplificou o comandante, repetindo que não tinha preferidos.
Ao longo das últimas atividades, Joel deu igual atenção a jogadores titulares e reservas. Conversou com Montoya ontem enquanto o colombiano se recupera de lesão na preparação física.
— Eu ver um jogador aborrecido não é bom. Eu não tenho preferência. Digo: se prepare. Trabalho da mesma maneira o jogador que não está jogando. Futebol não pode relaxar. A vida é assim. Tenho que vir com energia — afirmou, também dando um recado de cobrança.
A ênfase em bolas paradas foram a tônica do último treino antes do jogo de hoje. Foram muitas cobranças de faltas e escanteios. Joel admitiu que a defesa é sua maior preocupação e também deu voto de confiança em Martín Silva, que volta ao time.
— Sistema bom é o que ganha. Não interessa como jogar. Me preocupo com a defesa porque é ali que ganha jogo — resumiu o técnico, dando moral ao goleiro.
—Falei que tudo começa com ele, no gol. Ali no gol tem que ter um “São”. Um goleiro é 50% do time. Experiente, de um país diferente, mas nos entendemos. Deixei ele á vontade. Essa terrinha é tua, disse. E só não quero tomar o gol — simplificou.
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