MUV repercute depoimento de Eurico na Justiça

Por quase três horas o presidente do Vasco, Eurico Miranda, depôs em audiência do processo movido pelo Ministério Público Federal contra o dirigente, Nilson Gonçalves (atual supervisor de futebol do Vasco) e Aremithas Lima (funcionário do clube) por crime contra a ordem tributária (sonegação fiscal e não recolhimento de contribuição previdenciária). A ação foi baseada no relatório final da CPI do Futebol, do Senado, e foi iniciada em 2003 (Logo após o fim da imunidade parlamentar de Eurico Miranda).

No depoimento, dado ao juiz Flávio Lucas, da 4ª Vara Federal Criminal, Eurico afirmou que a determinação do uso da conta do funcionário Aremithas Lima partiu do presidente do clube, em 1998, Antonio Soares Calçada. O motivo seria o bloqueio das contas do Vasco pela Portuguesa de Desportos (Caso Denner). Ele disse, também, que Calçada manteve a autorização mesmo depois do desbloqueio das contas.

O dirigente vascaíno considerou normal o fato de que através da conta de Aremithas pudessem ser controladas as movimentações do funcionário, do próprio Eurico, do clube e até mesmo doações da campanha dele para deputado federal.

Eurico Miranda relatou um fato curioso: Ele trazia, semanalmente, de Brasília entre R$8 mil e R$10 mil, em dinheiro para Aremithas depositar em sua conta. O dinheiro, segundo ele, vinha do salário como deputado federal. Outra declaração interessante foi a de que estes valores eram \"pequenos\" e por isso vinham em espécie. O dinheiro \"grande\" era depositado através de transferências bancárias. A pergunta que ficou: com um salário de deputado federal é possível movimentar tais quantias?

Sobre a sociedade com Nilson Gonçalves, na Brazilian Soccer, Eurico primeiro declarou não conhecer os sócios do supervisor e, no final do depoimento, corrigiu-se lembrando ele e a esposa integralizaram as próprias cotas na empresa com R$80 mil, retirados da conta de Aremithas Lima.

Apesar de ter afirmado que nem o funcionário do Vasco nem o clube enviaram dinheiro para o exterior, documentos do clube assinados pelo atual presidente comprovam a remessa de cerca de R$ 12milhões para uma conta em Nassau - Bahamas.

Eurico Miranda informou que a Vasco da Gama Licenciamentos (VGL) depositou aproximadamente R$32 milhões na conta do Aremithas e a quitação destas quantias foi dada a VGL pessoalmente pelo presidente do Vasco.

No fim da audiência, Eurico Miranda afirmou que não deve nada ao fisco, tudo foi declarado e que está respondendo ao presente processo por perseguição política.