Futebol

Opinão: "Na força do conjunto"

A vitória do Vasco sobre o Grêmio Prudente por 2 a 1 não apenas nos colocou definitivamente na luta por uma vaga no G4 como serviu também para comprovar a evolução do time sob o comando do PC Gusmão. O seu trabalho à frente da equipe é o que tem feito a diferença. Os reforços vindos do exterior ainda não mostraram tudo o que podem, e se o talento individual não consegue ser decisivo, o desempenho do grupo tem sido fundamental.

Na partida de ontem, por exemplo, se tivemos problemas em alguns momentos da partida, poucos ou nenhum deles surgiram por erros coletivos. O Vasco ontem jogou compacto, marcando com eficiência no meio campo e partindo para o ataque com velocidade. Foi na força do conjunto que dominamos com ampla vantagem o primeiro tempo e quando o brilho individual apareceu, conseguimos abrir o placar. Logo aos oito minutos, Fagner cruzou da intermediária, o zagueiro do Prudente não conseguiu cortar e Éder Luis arrematou uma bola complicada de bate-pronto, sem dar chances para o goleiro.

A vantagem no placar não diminuiu o ímpeto ofensivo da equipe, que ignorando estar jogando fora de casa continuou pressionando o Grêmio Prudente. Os homens de frente se movimentavam bem, envolvendo a defesa adversária e criando inúmeras chances de gol. Aí esbarrávamos na falta de pontaria do ataque, que finalizou de tudo quanto foi jeito, mas não conseguia colocar a bola nas redes. Éder Luis, Zé Roberto, Felipe, Max e Nilton perderam gols que, se não podemos falar que eram feitos, teriam sido marcados por um atacante mais afeito à artilharia.

O Prudente pouco conseguia fazer. Com os volantes marcando da nossa intermediária pra frente, o anfitrião chegou poucas vezes ao ataque. Sua única boa chance na primeira etapa parou nos pés do Fernando Prass, que tirou um chute que tinha endereço certo e que ainda assim carimbou a trave após o corte do nosso goleiro. O primeiro tempo terminou com um Vasco amplamente superior ao adversário, com maior posse de bola e incontáveis finalizações a mais.

Com o placar desfavorável e sabendo que uma derrota o faria dormir na beira da zona de rebaixamento, o Prudente mexeu no time no intervalo, colocando um terceiro zagueiro e tentando explorar as subidas dos nossos laterais. Num primeiro momento, a idéia não deu certo: o começo da etapa final foi parecido com a inicial, com o Vasco tomando a iniciativa do jogo. Em pouco mais de dez minutos, Felipe, Zé Roberto e Fagner tiveram suas chances de ampliar o placar. Mas logo depois, foi o Prudente quem conseguiu o empate, quando o volante João Vitor, em um chute daqueles que só se acerta uma vez na vida, acertou um balaço do meio da rua.

O empate fez o Prudente crescer na partida. Além disso, o Vasco começou a dar mostras de cansaço e os erros de passe – que vinham acontecendo desde o primeiro tempo – aumentaram. O jogo ficou equilibrado, com nosso adversário chegando com mais frequência ao ataque. Enquanto o Prudente tentava chutes de longa distância (o mesmo João Vitor obrigou Prass a fazer grande defesa aos vinte e poucos minutos), o Vasco tentava valorizar a posse de bola, trocando passes do meio de campo para frente. Aos 25, PC tirou o Felipe, que ainda não consegue ter pique para 90 minutos e coloca o Jonathan. E foi o garoto quem iniciou a jogada do desempate: na quina da área ele viu a penetração do Max e tocou para o lateral, que foi derrubado na área. A alegria da torcida se transformou em apreensão assim que Nilton foi visto colocando a bola na marca. O volante cobrou mal, a bola bateu nas pernas do goleiro e por sorte voltou aos pés do mesmo Nilton, que dessa vez acertou o gol (não sem antes acertar a trave).

Fagner ainda teve uma boa chance de ampliar antes da sorte nos ajudar mais uma vez. Nos minutos finais, o Prudente encontrou uma avenida pela nossa lateral esquerda e o jogador Rafael Martins entrou com liberdade e chutou cruzado. O atacante Vanderley deu um carrinho para escorar a bola e, sem goleiro, furou e perdeu o gol mais feito da partida. Depois dessa não teve jeito: Vasco 2 a 1 até o fim.

Apesar da série de sete partidas invictas no Brasileiro, das 10 posições conquistadas desde o fim da Copa do Mundo e da evidente evolução do time, ainda há os que criticam o treinador vascaíno. Se a pontaria dos nosso jogadores estivesse minimamente calibrada ontem, meteríamos uma sacolada no Prudente e restariam poucas ressalvas ao PC Gusmão. A torcida, sempre na expectativa de grandes atuações, parece esquecer como o time melhorou coletivamente e os placares apertados que temos conseguido, mesmo conquistando os três pontos, ainda dão motivos para os treinadores de plantão cornetarem. Quando o time estiver mais próximo dos 100% física técnica e taticamente ajustado e as falhas individuais forem menos frequentes (e principalmente menos decisivas), os corneteiros precisarão procurar bastante por falhas no trabalho do técnico.

Fonte: Blog da Fuzarca - JC Barbosa