Opinião: "Contrariando prognósticos"

Por Luccas de Oliveira e Thiago Rabelo

Em condições normais, seria uma chave com certo desequilíbrio. Afinal, Vasco x Vitória e Palmeiras x Atlético Goianiense se baseiam em um duelos entre tetracampeões nacionais e campeões da Libertadores, contra times de muita expressão regional, mas com poucos títulos fora de lá.

Acontece que não eram condições normais. Os tais supercampeões fazem campanhas muito ruins nessa temporada. Tropeçaram no estadual e vinham cambaleando. Já Vitória e Atlético estão em ótima fase, com a moral do recente título estadual. Ainda assim, muitos acreditavam que a tradição ia acabar fazendo a diferença.

Jogando em Goiás e com um homem a mais, o jogo foi dominado pelo Dragão. Os goianos sufocaram o adversário, mas não conseguiam se livrar da blitz alviverde. O gol de Marcão foi um grande alívio para os rubronegros. Atrás no marcador e ciente de que não tinha condições de fazer um gol que certamente classificaria a equipe, o Palmeiras se fechou mais ainda e abdicou totalmente do ataque. A medida era esperar os pênaltis e contar, como sempre, em São Marcos.

Na loterias, dez penaltis e apenas três gols. Incrível. Os goleiros roubaram a cena no duelo. Mas quem merece destaque mesmo é Márcio. O arqueiro rubronegro não só impediu quatro pênaltis do adversário, como converteu a sua tentativa. O goleiro artilheiro também derrotou o arqueiro adversário, unanimidade no Brasil quando o assunto é decisão de pênaltis. No duelo do Serra, além de Márcio, apenas Ewerton e Elias marcaram nas penalidades e, por 2 a 1, o Dragão conquistou a vaga para a próxima fase. O jogo mostrou que Atlético não é um azarão e que a vaga na Série A não foi conquistada por sorte.

Já em São Januário, partida emocionante e que terminou com muita reclamação pelo lado vascaíno. Com certa razão. Não dá para explicar o critério adotado por Evandro Rogério Roman nos pênaltis. No primeiro tempo, expulsou Nilton por derrubar Neto Berola e ser o último homem. Mais tarde, deu só amarelo para Viáfara quando também não tinha ninguém depois do arqueiro. Na ocasião, faltavam 15 minutos e o Vitória teria que botar um jogador de linha no gol. Seria difícil resistir.

Mas não foi essa a principal causa da classificação do time baiano. Souberam aproveitar muito bem o mando, dominaram o primeiro jogo e fizeram um placar muito difícil de reverter. Tem muitos méritos. O Vasco foi corajoso no Rio de Janeiro. Empurrado pela bela festa da torcida, mostrou uma vontade rara nos últimos tempos, e não se classificou por muito pouco. Por um gol, para ser mais exato. 3 x 1. Umcastigo pela atuação ruim e desorganizada na Bahia.

Agora Palmeiras e Vasco têm que juntar os cacos causados por duas eliminações precoces e seguir em frente. Esquece o primeiro semestre. Dá tempo de se reestruturar e recuperar o tempo perdido no Brasileirão. Mas para isso precisa trabalhar sério, trocar o que for necessário, cuidar do psicológico dos atletas, contratar… Não dá mais para brincar.

Em lua-de-mel com suas torcidas, Vitória e Atlético Goianiense colhem frutos de uma boa temporada. Estão na semifinal por mérito. Quem passar alcançará uma final inédita em suas histórias. Do outro lado aparecem os gigantes Santos e Grêmio, times que têm jogado o fino da bola em 2010. Mas, observando a temporada das duasequipes, disposição não vai faltar.