Futebol

Opinião: Eurico, quem diria, pode modernizar o futebol

A decisão da Agência Mundial Antidoping (Wada) de reexaminar o caso de Dodô coloca em xeque não só a carreira do atacante, como também a Justiça esportiva brasileira, notadamente o pleno do STJD, que o absolveu.

Para quem não lembra, Dodô deu positivo no exame antidoping após a goleada sobre o Vasco, no início do Brasileiro. A droga achada foi o estimulante femproporex. O Botafogo culpou a farmácia de manipulação que fornecia cápsulas de cafeína de erro na composição de um lote.

Embora todos os jogadores tomassem o mesmo suplemento, nenhum deu positivo em outros exames, nem o próprio Dodô. Um laboratório da USP comprovou a contaminação das cápsulas, mas disse que era impossível atestar que provinham da tal farmácia Na comissão disciplinar, Dodô foi condenado por 5 a 0. No STJD, foi absolvido por 5 a 3. Dias depois, o Vasco disse que recorreria do resultado à Fifa, até pelo fato de o Botafogo, para tentar defender Dodô, ter sugerido que todo o time teria joga-do sob efeito da droga naquele jogo.

Agora Dodô deverá ser julgado com base no Código Mundial Antidopagem, que prevê pena mínima de dois anos. O esporte brasileiro, apesar de signiatário de todos os acordos sobre o assunto, ainda se governa por regras mais brandas – a pena mínima é de 120 dias.

O tribunal da Wada também é mais rigoroso na análise dos casos.

Os casos de absolvição ocorrem, mas são muito raros, quase o contrário do que acontece no Brasil.

Para quem duvida é só lembrar o que aconteceu com a saltadora brasileira Maurren Maggi. Em 2003, um exame seu deu positivo. Ela argumentou que a droga detectada fazia parte da composição de uma pomada que usara para depilação.

No Brasil, foi absolvida por unanimidade.

Na Federação Internacional, foi suspensa e ficou fora dos Jogos de Atenas e só voltou há alguns meses.

Nos tribunais dos exterior, a conversa de doping por acidente não vale praticamente nada, menos ainda a importância do atleta ou do clube.

Se Dodô for suspenso, sua carreira pode chegar ao fim, em razão da sua idade. É o risco que corre quem vive num sistema que ainda não se convenceu dos males que o \"jeitinho brasileiro\" muitas vezes provoca.

Fonte: Lance