Futebol

Opinião: "Vai dar liga"

O melhor termômetro para medir qual torcida gostou mais do empate em 1 a 1 entre a mulambada e o Vasco são os comentários aqui no blog. A framengada veio comentar mais vezes nas três horas seguintes ao término do jogo do que na semana inteira que antecedeu o clássico. A maioria absoluta tinha o mesmo tom e o mesmo assunto: estavaum pençando q iam ganhar do mengaum? o framengo eh muito melhó!

Para eles, não ter perdido foi a prova da sua superioridade. Mas quem somos nós pra contestar? Cada um tem seu nível de exigência.

Mas entende-se a euforia mulamba pelo empate e a irritação de parte da torcida do Vasco pelo mesmo resultado. Além de, mais importante que tudo, perdermos a chance de chegar à nona colocação no campeonato, tivemos o anti-clímax de não ver os reforços corresponderem às expectativas criadas. E pra completar a sensação ruim, ainda vimos que depois de um jogo em que não corremos quase riscos, Fernando Prass garantiu o pontinho conquistado em uma das poucas cochiladas que a nossa defesa deu durante a partida. Logo o Prass, que até o começo do segundo tempo simplesmente não havia encostado na bola.

Nosso goleiro não teve qualquer trabalho no primeiro tempo inteiro porque nosso sistema defensivo foi bem. Nilton jogando praticamente como um terceiro zagueiro taticamente foi muito obediente e Rafael Carioca marcava com precisão. Quando a proteção dos dois não era o suficiente, Dedé e Fernando seguravam a barra na zaga com facilidade. Pelas laterais, uma surpresa: Carlinhos foi bem melhor que Irrazábal. Não que o paraguaio seja necessariamente melhor que o nosso garoto da base, mas exatamente por ser jovem, Carlinhos poderia tremer diante do Maraca cheio (do nosso lado). Isso não aconteceu, e Léo Moura subiu bem menos ao ataque que Juan, que teve mais liberdade para apoiar com Irrazábal o marcando.

Ofensivamente, Felipe demorou um pouco para se encontrar na partida. Iniciando a partida jogando pelo lado direito do campo, o Maestro acabou sofrendo com a marcação framenga. Quando ele se deslocou para a esquerda, apareceu mais no jogo, principalmente em jogadas com Zé Roberto, que foi bem na estréia. Com a mulambada marcando com cinco homens e o Vasco ainda se ressentindo da falta de entrosamento, os passes errados foram muitos. Nunes, sempre envolto por defensores rubro-pretos, não conseguiu receber boas bolas e foi figura apagada. Dessa forma as poucas chances da primeira etapa surgiram em chutes de fora da área e jogadas individuais do Zé e do Felipe. O Framengo passou em branco no primeiro tempo.

Na volta do intervalo, os times se estudaram menos e tentaram atacar mais. Porém, o jogo não mudou muito de figura: poucas chances de gol, passes errados e defesas mais eficientes que os ataques. Aos 13, PC Gusmão começou a mexer no time, tirando o involuntariamente pouco participativo Nunes e colocou Carlos Alberto em campo. Logo depois, sairam Irrazábal e Felipe (que pediu para ser substituido) para as entradas de Fagner e Éder Luis. O Vasco seguia melhor na partida, mas a falta de ritmo dos jogadores de frente nos prejudicava. Éder Luis teve duas boas chances, mas chutou mal. Ele também colocou Fagner na cara do goleiro mulambo, que saiu e fez bela defesa.

No fim do jogo, o Vasco parecia mais cansado que o time adversáio. E numa saída errada de bola, Fagner perdeu a bola e o Framengo teve sua primeira oportunidade de atacar com a nossa defesa desarrumada. Mas nessa hora mostramos que até no gol fomos melhores na partida: a mulambada teve três chances claras de marcar, mas Prass evitou o pior. Nosso goleiro ainda fez uma boa defesa antes do fim do jogo, em falta cobrada pelo Pet.

Pelo que os times apresentaram, o empate foi justo. Mas o resultado foi bem pior para o Vasco, que teve mais posse de bola e finalizou mais vezes. A falta de ritmo dos reforços foi evidente e nos faz pensar se a história não seria outra se eles tivessem jogado contra o Atlético-GO no domingo passado. Apesar da decepção com o empate, não vejo muito motivo para a torcida execrar o time. Com mais ritmo e mais entrosado, a equipe vai dar alegrias ao torcedor. PC Gusmão já havia previsto que o time daria liga e pelo que vimos ontem, temos mais motivos para acreditar nisso do que o contrário.

Felipe e Zé Roberto mereciam levar um amarelo cada um pelas canetas que deram no Borja e no Juan, respectivamente. Humilhar dois companheiros de profissão daquela maneira é vacilo.

No campo acabou 0 a 0. Mas nas arquibancadas a torcida do Vasco deu uma goleada na mulambada. Se o clássico teve o recorde de público até agora no Brasileirão, esse recorde é vascaíno! Agora é hora de continuar apoiando o time e lotando os estádios. Não é por causa de um empate no primeiro jogo com os reforços que os vascaínos devem abandonar o time.

Fonte: Blog da Fuzarca - JC Barbosa