O personagem Baby Sauro, em um tempo remoto, invadiu as telas com o bordão “Não é a mamãe”. Lembrei desse frase cansativa ao ler que o Vasco estuda poupar jogadores contra o Goiás, pela Copa do Brasil, para guardá-los para o jogo contra a Ponte Preta, no fim de semana, pelo Brasileiro. A frase que falei sozinho, pra mim mesmo, foi: “Não é o Vasco. Esse não é o Vasco que eu conheci desde os anos 70″. Vamos por partes: primeiro, entre lutar pela Copa do Brasil e lutar para não ir para a Série B, é cláro, óbvio ululante, indiscutível, que a opção tem que ser não cair. Mas o que me surpreende é que o Vasco tenha voluntariamente colocado diante de si mesmo essa opção. O Vasco tem de pensar sempre grande. Tem de entrar para ganhar do Goiás – gente, o jogo é no Maracanã e o 1 a 0 a favor classifica o Vasco, e estamos falando de Goiás, não de Barcelona – e tem que entrar para ganhar da Ponte, ambos com o que tiver de melhor.
Há exemplos do que quero dizer dentro e fora de São Januário. O Fluminense, por exemplo, em 2009 lutava para não cair, numa situação até mais crítica do que a do Vasco, e foi com força máxima no Brasileiro (e escapou da degola) e na Sul-Americana (chegou à final, acabou perdendo por um golzinho para seu algoz clássico, a LDU). Não se precisa ir tão longe. O Vasco em 2011, após conquistar a Copa do Brasil e, com isso, garantir vaga na Libertadores, continuou honrando suas tradições, chegou ao vice campeonato brasileiro e à semifinal da Sul-Americana. Aquele é o Vasco.
Há ainda situações inversas, em que aí a opção se justificaria. Por exemplo: o Botafogo poupou jogadores domingo, contra o mesmo Vasco. Mas não porque estivesse com medo. Ao contrário, foi ousado por achar-se capaz de vencer um combalido rival mesmo guardando os titulares para a guerra desta quarta contra o Flamengo. Não conseguiu, permitiu ao Vasco empatar, pode-se até discutir a estratégia de Oswaldo num clássico desses, mas não se pode acusar o Botafogo de covardia. Muito pelo contrário.
Não proponho, até porque não sou preparador físico, que o time se desespere e coloque, já, jogadores em condições físicas não ideais. Ainda não é hora de forçar ninguém. Quem não tem condições, não joga. Mas o Vasco que eu conheço não pode entrar derrotado diante do Goiás, no Maracanã. Senão, como diria Baby Sauro, “não é o Vasco, não é o Vasco!”