Torcedor, exceto os do São Paulo, são todos sofredores. Eu, obviamente, fui e sou torcedor, hoje com intensidade menor do que outrora, mas sempre torcedor. Só que no domingo eu fui mais sofredor do que o costume. Como se não bastasse o fato de eu ter sofrido na quinta-feira para trabalhar no Vasco x Criciúma, me peguei em pleno domingão de folga num ato de masoquismo. Assisti, por livre e espontânea vontade, a Ponte Preta x Vasco. E ninguém faz isso impunemente.
Fiquei quase 90 minutos purgando na frente da televisão. O único momento de prazer foi aos 42 minutos do segundo tempo, quando o débil mental do Jean, que já havia se estranhado com a própria trave no início do jogo e passou o resto do tempo dando migué, foi para a área vascaína tentar o gol de empate. Aos 42 do segundo tempo! Se fosse aos 47, ok, mas aos 42! Foi o suficiente para eu dar o último gole da cerveja e dizer: bem feito! Vasco!
Mas o castigado fui eu, o domingo não acabaria ali. Sei lá por que cargas d´água, uma hora depois eu parei no Domingão do Faustão. Um minutinho apenas que me atormentou mais do que os 90 do jogo. Não é que eu ouvi o tal de Zezé di Camargo dizer (no melhor estilo Zagallo) que, queiram ou não os brasileiros, aquela dupla estará para sempre entre os cinco principais nomes da nossa música. Eu pensei ter entendido errado e que eles estavam se referindo à música pantaneira, que eles estariam no Top 5 ao lado de Tonico & Tinoco, Elomar, Xangai, Sérgio Reis e/ou Renato Teixeira. Mas não. Eles estavam se colocando no Top 5 da Música Popular Brasileira!!! Aí eu parei. Era demais para o meu coração.
Sorte minha ter Nelson Rodrigues na cabeceira e lembrar de uma de suas célebres frases \"quem vê a programação matutina da televisão não pode acreditar que a vespertina seja pior\". Pois desliguei a tevê e fui me dedicar à leitura.
Não é que, coincidentemente, me deparei com uma entrevista do Chico Buarque na revista dominical de O Globo! Não podia ser melhor. Em primeiro lugar, porque o Chico quase não fala, pois sabe que não precisa falar se não tiver nada para dizer. Em segundo lugar, porque quando o Chico fala, há sempre algo por dizer, não é aquele falar por falar. E em terceiro lugar, porque eu jamais vou ouvir da boca do Chico que ele, queiram ou não os críticos, está entre os Top 5 da Música Popular Brasileira. Ele não precisa disso. Gol do Chico!
Caramba, escrevi, escrevi, escrevi tudo isso só para dizer que esta coluna e todas as outras que já escrevi e porventura vier a escrever são dedicadas a Telê Santana. Todas. E todos os gols que marquei nas peladas da vida também são dedicados a ele. E todos os pênaltis que defendi. Tudo. Tudo porque o Telê nunca precisou dizer o que ele é, um Mestre. E que me perdõem os torcedores do São Paulo, com quem não há como discutir, mas façamos justiça ao torcedores do Fluminense. O Telê, além de Mestre dos Mestres, era um apaixonado pelo Fluzão!