OPINIÃO: Código de ética

Clubes brasileiros reclamam da falta de ética de adversários, mas este é um filme sem mocinhos. O São Paulo perdeu Amoroso para o Milan, mas flertou com Alex Dias sem conhecimento do Vasco. O Fluminense, vez por outra, protesta, mas contratou jogadores que abandonaram a Ponte Preta. Falta ao futebol brasileiro um código de conduta para punir a farra de agentes e dirigentes.

Na Inglaterra, por exemplo, um jogador não pode iniciar conversas com outra equipe sem o consentimento do clube com o qual tem contrato. Se um atleta e até mesmo um técnico forem descobertos negociando ou se encontrando na surdina com cartolas de outra equipe, sofrem pesadas multas e o clube infrator também é punido.

Foi assim com o lateral Ashley Cole, do Arsenal e da seleção inglesa, flagrado ano passado saindo de um encontro com um dirigente e com o técnico do Chelsea, José Mourinho.

Será assim com o Portsmouth. Ontem, a Premier League acusou o clube pela aproximação ilegal que culminou na contratação do técnico do Southampton (da Segunda Divisão), Harry Redknapp. Este último fora proibido de abrir negociações com o Portsmouth e pediu demissão. Uma semana depois, apresentou-se ao Portsmouth.

No Brasil, os clubes reclamam, mas ninguém clama por um código que venha regular essas negociações. Como advogado, Paulo Reis, vice-jurídico do Vasco, conseguiu uma liminar que levou Jonílson do Botafogo para o Cruzeiro.

Outra medida interessante que poderia ser adotada por aqui vem da Football League (Liga de Futebol) da Inglaterra. Desde 2004, os 72 clubes da Segunda, Terceira e Quarta Divisões (administradas pelo FL) são obrigados a declarar quanto gastam anualmente com pagamento de comissões a agentes e empresários.