Dizem que há coisas que só acontecem ao Botafogo carioca. Pois bem: o Vasco deitou e rolou em cima do Flamengo, meteu 3 a 0 e Romário ficou pela bola sete para marcar o milésimo gol. E contra que clube a bola sete poderá ser encaçapada? Contra o Botafogo, claro, pois o Baixinho será poupado da partida de meio de semana em São Januário.
A rigor, não há muito o que fazer, até porque aos 41 anos Romário se mexe pouco no gramado e pode perfeitamente ser marcado em cima. Mas e as bolas vadias que pingam ou sobram na área, nas quais ele é especialista? Quem poderá evitá-las, sem deixar que os demais atacantes fiquem livres? A essa altura do campeonato, eu não queria estar na pele do garoto Júlio César, goleiro de apenas 20 anos.
Júlio César, tenho certeza, não vai dormir até domingo. Ele poderá entrar para a história do futebol como ocorreu com o argentino Norberto Andrada grande goleiro do Vasco, por sinal que tomou o gol mil num pênalti cobrado por Pelé em 1969. Andrada, que vinha fazendo uma boa partida, naquela noite no Maracanã, socou o chão de raiva quando viu a bola nas redes. E ficou marcado para sempre como o goleiro que tomou o milésimo gol de Pelé.
Para o Botafogo que é freguês de caderno do Vasco será um jogo de vida ou morte. Se Romário marcar o gol mil, o time alvinegro irá a nocaute e não adiantará o árbitro contar até 10. O jogo, com qualquer resultado, entrará para a história moderna do futebol brasileiro. E se algum jogador do Botafogo, logo de saída, entrar duro para tirar Romário de campo, será uma covardia jamais vista. Resta saber se Cuca um treinador gaúcho conhece a escrita que predomina no Vasco x Botafogo ou só entende de futebol gaúcho.
A rigor mas muito a rigor mesmo só há uma única e escassa esperança para o jovem Júlio César e o Botafogo. A de que alguém, que tenha memória e saiba passar isso aos jogadores, tente convencer o grupo de que o jogo é uma decisão nem que seja de mentirinha.
Por quê? Porque nas decisões dos campeonatos cariocas (1948, 1968, 1990 e 1997) o Botafogo venceu sempre. Só perdeu (2 a 0) na disputa pelo título da primeira Taça Guanabara, em 1965. Mas se essa pessoa não existir, ou não souber a história do futebol no Rio, adeus corina que eu já vou me embora...
Seja como for, será um grande jogo. Talvez até com mais público do que Vasco x Flamengo (47 mil pagantes).
Aliás, que ninguém nos ouça, acho que o Maracanã, com as reformas, ficou pequeno demais. Ou encolheu ou o carioca, com receio da violência das torcidas, está preferindo ir às praias ou passear em lugares supostamente seguros como os shoppings.
A mesa de sinuca é verde como o gramado e o Botafogo tinha que ser o Botafogo está pela bola sete. Só que quem está com o taco na mão chama-se Romário e tem 999 gols.
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