Responsável direto pela boa campanha do Vasco no Brasileiro, São Januário foi penhorado pela sexta vez, agora como garantia da execução de uma dívida com o Banco Central (BC). O processo, de março de 2006, mas descoberto somente no mês passado, envolve a venda do ex-jogador Bebeto ao La Coruña, da Espanha, em 1992. Além do estádio - onde o time não perde há 20 jogos - 30 imóveis do clube na Rua São Januário estão penhorados para garantir pagamento da dívida de R$ 20 milhões com INSS, IPTU, FGTS e Imposto de Renda.
A denúncia foi feita pelo presidente do Movimento Unido Vascaíno (MUV), José Henrique Coelho. Ele levantou os dados no Registro Geral de Imóveis e descobriu a nova penhora do estádio, que corre na 8ª Vara de Execução Fiscal.
- Ate hoje, ninguém sabia que São Januário estava penhorado mais uma vez, porque a diretoria interina omitiu o fato. Neste caso da venda do Bebeto, os dirigentes protelaram uma dívida de R$ 4.737.923,20, adquirida há mais de 10 anos com o Banco Central, e deram o estádio como garantia. As seis penhoras de São Januário já ultrapassam os R$ 10 milhões - disse o presidente do MUV.
Uma certidão emitida em 10 de fevereiro de 2006 revelou que o estádio estava, ainda, sob cinco penhoras, relativas a ações da prefeitura (IPTU não pago), Caixa Econômica Federal (falta de pagamento de FGTS) e uma da Fazenda Nacional (Imposto de Renda).
José Henrique informou que o MUV inicia hoje novo levantamento em 64 processos contra o clube em varas federais para verificar a data de expiração das penhoras.
- A qualquer momento pode estourar um leilão, depende apenas de um juiz executar e isso ocorre no decorrer do processo, com aviso apenas às partes envolvidas. As casas da Rua São Januário, por exemplo, são imóveis desmembrados e o processo burocrático para se levar a leilão é muito simples - afirmou.
A Escola Vasco da Gama, projeto social do clube, funciona em um dos imóveis penhorados na Rua São Januário. As casas foram compradas entre 1998 e 2001, através de uma parceria com o Nations Bank.
- São 44 imóveis e trinta deles estão penhorados. Todos devem IPTU e o total da dívida com a prefeitura chega a R$ 308.865,00. Acho engraçado, porque o presidente interino, Eurico Miranda, sempre afirma que o clube não tem dívidas - disse José Henrique.
Um relatório será enviado a partir de hoje aos conselheiros do Vasco e aos sócios do clube. Em uma reunião na sede do movimento, os advogados da entidade irão estudar de que maneira poderão responsabilizar o presidente interino, Eurico Miranda, pela diluição do patrimônio.
O vice-presidente jurídico do Vasco, Paulo Reis, informou que já teria vencido o processo contra o Banco Central. No entanto, uma consulta feita ao site da Justiça Federal revela que a ação está em andamento, com pedido de embargo feito pelo clube.
- Isso não quer dizer que o Vasco irá perder os seus bens. É apenas uma garantia que se dá. Para não ter que colocar dinheiro, o clube põe o bem - afirmou Paulo Reis.
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