Futebol

Paulinho fala sobre base, titularidade e desejo de jogar na Europa

O rosto e o aparelho nos dentes deixam claro que Paulinho ainda é um adolescente. Mas dentro de campo, já se comporta como um adulto. Não se intimida com os mais velhos e tem uma determinação que chama a atenção de quem acompanha seu desenvolvimento como homem e jogador. Na última sexta-feira, por quase duas horas, falou sobre sua vida e seus planos, na casa da família, no Recreio dos Bandeirantes, sempre  acompanhado pelo pai, Paulo Henrique, e pelo  irmão Romário. Seguro, sabe o que quer. E o que ele quer é jogar num grande clube da Europa. Como todo jogador brasileiro. Pelo andar da carruagem, isso é questão de tempo. 

- Você ficou mais “bonito” depois que ficou famoso? O assédio feminino aumentou? 

Pior que fiquei (risos). Mas sou um cara muito caseiro, não tenho nem namorada. Deixa as coisas acontecerem naturalmente.

- Você ainda tem idade para jogar no sub-17 mas já está incorporado ao elenco profissional do Vasco desde o segundo semestre de 2017. É muito diferente jogar entre adultos?  

As coisas aconteceram muito rápido na minha vida. Fiquei apenas cinco meses nos juniores. Se estive lá ainda, seria o mais novo do elenco. No profissional sou o caçula. No início estranhei a pegada, que é muito mais forte. A malandragem também nem se compara. Mas já estou totalmente adaptado. O que continua igual a época da base é na hora de viajar para fora do país. Todo mundo entra por uma fila e eu vou para a fila dos menores de idade. Os caras zoam muito.  

- Já tentaram te intimidar dentro de campo por você ser ainda um garoto? 

Aqui no Brasil até que não, mas na Libertadores sim. No jogo contra o Jorge Willstermann, aqui em São Januário, o capitão deles, um veterano que parece um senhor, ficou me xingando o tempo todo. Mas como era em espanhol não entendi nada. Só sei que ele falava alguma coisa da minha mãe.

E no Vasco, existe ciúmes por você ser a joia do elenco e ainda não ter 18 anos? 

Claro que sim. Ninguém fala nada, mas dá para ver nos olhos dos caras mais velhos. É evidente que incomodo por eu ser um  garoto ainda. Mas não tô nem aí.

- A sua geração, nascida no ano 2000, é bastante badalada. Você enfrenta o Vinícius Júnior desde menino. São amigos? 

Amigos não, mas nos damos bem. Do Flamengo sou mais chegado no Lincoln e no Wesley. A gente se aproximou na seleção sub-17 que disputou o Mundial na Índia.

- O fato de o Vinícius Júnior ter sido vendido por R$ 150 milhões para o Real Madrid teve alguma influência no seu desenvolvimento como jogador? 

Acho que sim. No início, todos os holofotes ficaram em cima dele. Fui chegando de mansinho e acabei me firmando no profissional antes dele. Joguei dois minutos contra o Vitória e, na depois, já entrei de titular contra o Atlético-MG. Fiz dois gols e não sai mais do time, Mas o Vinícius foi  muito importante para a minha geração. Pôs o holofote em cima da gente.

- Você também quer jogar na Europa? Acho que todo jogador brasileiro hoje quer, né? 

E eu não sou diferente, mas acho cedo ainda. Depois dos 18 anos, quem sabe?

- Qual o clube europeu que você admira? 

O Barcelona. Admiro o clube, a história, mas hoje não tenho mais uma preferência. Quero ir para um clube que me dê chance de progredir. Eu quero jogar, disputar uma Liga dos Campeões.

- Você tem algum ídolo, um jogador em que você se espelha? 

O Cristiano Ronaldo. A determinação dele, a persistência, é muito focado. Por isso está há dez anos no topo do topo. O Messi também é uma fera, tem até mais técnica, mas me identifico mais mesmo com o Cristiano Ronaldo.

- E o Neymar? 

Ele é uma referência para a molecada que está chegando agora. É o cara. A trajetória dele é um espelho. Só foi para a Europa com 21 anos, depois de ganhar a Copa do Brasil pelo Santos.

- Você já está jogando no profissional e foi  convocado para a seleção brasileira sub-20 que vai disputar amistosos com o México no fim do mês. Jogar nas seleções de  base ainda te seduz? 

Eu adoro estar na seleção. Pode ser sub-17, sub-20, não importa. É uma ótima vitrine e ajuda na formação.  Sem falar que é muito bom  ficar com os jogadores da minha geração.

- A derrota para o Jorge Wilstermann por 4 a 0 foi o momento mais difícil da sua carreira até o momento? 

Não. Como ganhamos nos pênaltis, acabou ficando suave. No vestiário parecia que a gente tinha vencido a partida. Se tivéssemos nos classificado direto com uma derrota de 3 a 0 seria pior. Mas o dia mais difícil para mim até hoje foi a derrota para o Atlético-MG, nas semifinais da Copa do Brasil sub-20. O empate era nosso e ganhávamos de 2 a 1, em São Januário, até os 44 minutos do segundo tempo. Levamos dois gols nos acréscimos. Foi o único dia que chorei mesmo no futebol.

- No seu terceiro jogo como profissional você fez os dois gols da vitória de 2 a 1 sobre o Atlético-MG, em Belo Horizonte. Você nunca vai esquecer este jogo, né? 

Jamais, não tem como. Eu tinha jogado só dois minutos na minha estreia, contra o Vitória, e depois o segundo tempo diante do São Paulo. Contra o Atlético-MG o Mílton Mendes me pôs como titular. Estava muito nervoso no início, mas fiz um gol logo aos 12 minutos e fiquei à vontade.

- Você tem fama de ser um jogador muito determinado. É verdade? 

Acho que sim. Tenho um personal trainer que faz um trabalho complementar comigo todos os dias. Gosto de ver meus jogos depois para ver meus erros e poder corrigi-los. E também tem as dicas do analista de desempenho do Vasco. Ele manda pelo celular os vídeos da minha participação nos jogos. Mostra o que eu deveria ter feito em determinado lance, mesmo que eu não estivesse participando da jogada.

- E como ficam os estudos com esta rotina? 

Como desde pequeno tenho dificuldade para comparecer às aulas, minha mãe ia na escola e levava os trabalhos para eu fazer em casa. Consegui completar o ensino médio. Mas agora, no profissional, não tem como eu continuar estudando. Mas faço aulas de inglês. Não só eu como toda a família.

Fonte: Jornal do Brasil
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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