Ex-jogador, bom de papo, educado e querido por todos. À primeira vista, PC Gusmão apontava ser um técnico de estilo bem definido, no que se refere a parte pessoal. A cada dia em Mangaratiba, no entanto, tem se revelado um verdadeiro disciplinador em campo, o sargentão, como o próprio definiu, em entrevista exclusiva ao LANCE!.
No bate-papo, logo após o treino da manhã (mais um que levou o grupo à beira da exaustão, diga-se), PC deixou claro que aprendeu ao longo dos anos que o futebol não é nada sem a entrega física. Em quatro dias de Vasco, crê já ter indicado sua filosofia, distinta dos outros três chefes na temporada (veja mais abaixo).
O jogador tem de sentir dor, se estiver acomodado não rende. Ainda que tenhamos um grande time no papel, a técnica não funciona se a parte física não for superior à do rival. Meu estilo é assim, eles já assimilaram e têm de se adaptar a mim, não o contrário decretou PC, que reserva parte de seu dia ao diálogo com o elenco, que expõe sua visão.
Para enfatizar a concentração e o ambiente de trabalho, o treinador tem optado por almoçar e jantar com a equipe, sem dar moleza ou muito tempo de lazer. Para se ter ideia, estão previstas atividades em tempo integral até o fim do período em Mangaratiba, na sexta. Nem mesmo hoje, com jogo do Brasil pela Copa, haverá folga. Um fortalecimentomuscular na academia está marcado para as 18h.
Não abro mão de certos hábitos, principalmente a voz de comando e a dedicação. Você viu que eu reclamei dos que quiseram sombra depois da primeira corridinha? O sol está tão bom, tem de encará-lo ressaltou.
Por trás de tudo, a intenção dePC é recuperar a autoestima do grupo: Recebo a equipe em baixa, sem a confiança que deve haver no Vasco.
Só assim daremos a volta por cima.
Perfil ideal da diretoria, PC ´encarna` filme de sucesso
Outros foram sondados, mas Vágner Mancini, a aposta pós-Dorival, fracassou. Jovem, com novas ideias e com alguns resultados, era o que a diretoria buscava. Em seguida, Gaúcho foi efetivado, muito pela identificação e conhecimento interno do Vasco. Mas a falta de nomepode ter pesado nos resultados.
Aí, Celso Roth veio para dar um tom gaúcho e de pulso firme na Colina. Mas o próprio, sem laços presos aos clube, desistiu do projeto.
PC é um caso que reúne praticamente todas essas características.
Ex-goleiro cruzmaltino na década de 80 e acostumado a inverter fases ruins, até em times de menor expressão, o técnico também possui seu lado de broncas e exigência. Seis meses depois, um sentimento de De Volta para o Futuro, filme de sucesso na mesma época em que atuou, já toma conta. A esperança é grande.
É algo curioso, a sensação é de nostalgiamesmo. A referência é justa e vamos olhar para o futuro, que será bem diferente disse PC.
Carlos Alberto, cujos elogios foram retribuídos pelo chefe, destacou o fato de que ele largou o vice-líder: Quem faz isso, crê no grupo.
Confira Bate-bola com PC Gusmão:
Ter saído do Ceará para assumir um clube abaixo na tabela lhe tem rendido elogios. Lá, porém, as dificuldades era maiores, não?
Sem dúvida, o Ceará tem o menor poder de investimento entre os times da Série A. A colocação prova que não é o que se ganha por mês, e sim o quanto você quer vencer.
Qual a resposta você está recebendo do elenco que assumiu?
Eles comparam a minha ideia e espero muito sucesso. Não pode ter moleza e vou ficar em cima disso. O trabalho com o Jorginho (Sotter, preparador físico) tem sido na medida certa. Mal chegou e ele pediu avaliações.
Nesse estilo de trabalho, é fundamental ter líderes, não?
Muito, mas tem de ser algo positivo, como a que o Carlos Alberto exerce. Não posso ter um cara que esmorece em um momento importante. Foge do meu controle se ele vai ficar ou não, mas torço muito para que sim.
É prematuro falar em nomes de reforços tão cedo?
Sim, ainda estou avaliando o grupo e darei chance a Caíque e Rafael Coelho, por exemplo, antes de mandar alguém embora.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)