
Se algum vascaíno teve motivos para deixar São Januário, no sábado, comemorando, este foi Dedé. O zagueiro teve seu nome gritado pela torcida durante o jogo e, ao final da partida, alguns mais empolgados chegaram a pedir seu nome na seleção. Euforia ou não, o fato é que o jogador é um dos poucos que tiveram o nome exaltado nas arquibancadas nestes anos de vacas magras dentro de campo. Tratando-se de um zagueiro, então, o último a obter tamanho carisma foi Mauro Galvão, na década de 1990.
Fico muito feliz de ver meu nome sendo gritado. Lembro logo das coisas ruins que deixei pra trás disse.
As coisas ruins às quais se refere passam a real noção da velocidade com que deu a volta por cima. Se hoje é admirado, há dois meses o jogador era ironizado pela torcida. No desembarque após a goleada para o Santos, em junho, Dedé era um dos mais assustados com a recepção dos torcedores.
Eu sabia que haveria cobrança. Mas não esperava que fosse daquele jeito. Guardei aquela sensação e transferi para o campo.
No início do ano, Dedé teve poucas chances com Vagner Mancini. Sua participação mais marcante foi num coletivo em que deu uma entrada em Carlos Alberto e o tirou das finais da Taça Guanabara. Tempo que ficou para trás.
Com apenas 22 anos, Dedé tem idade para jogar na jovem seleção de Mano. E os números comprovam sua evolução.
É um jogador que vem crescendo muito no passe e no desarme elogiou PC Gusmão, que teve influência na opção de Dedé em não aceitar proposta do futebol coreano há cerca de um mês. Disse a ele que iria crescer se ficasse. Ele confiou em mim e abriu mão de um salário alto.
Consciente de que ainda tem muito a crescer, Dedé não se vislumbra com os gritos de seleção. Por enquanto, seu sonho é seguir os passos de Aílson, zagueiro que conheceu no Volta Redonda e hoje está no Rio Branco-ES.
Até hoje peço conselhos a ele.
Um sonho modesto, que mostra a coerência de um jogador que sabe que cada passo tem seu tempo.
Falo para ele não se esquecer que futebol é imprevisível. Com a humildade que tem, vai longe disse Aílson.