A vitória não veio, mas é difícil encontrar um torcedor que não esteja orgulhoso da atuação do time de Ramon Menezes. Com oito desfalques, o Vasco desembarcou como franco atirador na Vila Belmiro, encarou o Santos de igual para igual, mostrou poder de reação e por pouco não saiu com a vitória no empate por 2 a 2.
Foi uma exibição que mais uma vez mostrou um time muito organizado, equilibrado, mas, acima de tudo, com brio e que deixa a vida em campo. Foi com essa atitude que o Vasco foi buscar duas vezes o empate quando estava atrás do placar e, nos minutos finais, ainda teve chances de virar o jogo, aproveitando espaços deixados pelo Santos. Se Ribamar tivesse caprichado mais um pouco nas ótimas chances que teve no fim, provavelmente Ramon & Cia. voltariam com da Baixada Santista com três pontos na bagagem.
Pouca posse de bola, equilíbrio nas finalizações
Em mais uma demonstração de que se adapta às características do jogo, o Vasco mais uma vez soube sofrer ao ser bem inferior na posse de bola - teve 33%. Embora a velocidade e os dribles de Soteldo e Marinho fossem ameaça constante, o time de Ramon mais uma vez conseguiu evitar que um rival levasse muito perigo ao seu gol.
No quesito finalizações, o Vasco pela quinta vez consecutiva foi superado, mas desta vez os números foram equilibrados: 12 a 11. Contra o Fluminense, a estatística também foi mais apertada (9 a 11), algo que não aconteceu contra Grêmio e Ceará, por exemplo.
Bola na trave e pressão do Santos
O início do jogo não fugiu muito do roteiro habitual do Vasco nesse início de Brasileiro. Embora Cano tenha deixado seu cartão de visita e carimbado a trave com apenas 12 segundos de jogo, quem deu as cartas na primeira metade do primeiro tempo foi o Santos.
Aos poucos, no entanto, o Vasco deixou claro que não foi à Vila apenas para se segurar e sofrer. Juninho foi se soltando mais pela direita, Catatau mostrou força pela esquerda, e o Vasco equilibrou a partida. Foi o Peixe, porém, que saiu na frente com Lucas Veríssimo, em um misto de falha do estreante Marcelo Alves e mérito do zagueiro santista.
Time não se abate e busca duas vezes o empate
Em outros tempos, provavelmente, o Vasco se abateria. Mas não o Vasco de Ramon. Organizado, apesar de remendado, foi buscar o empate no fim do primeiro tempo. Após cobrança de escanteio, Catatau ajeitou de cabeça, e Fellipe Bastos encheu o pé para estufar a rede num lindo voleio. A arbitragem assinalou impedimento, mas o VAR entrou em ação. Cinco minutos depois o gol foi validado. Foi o quarto de Bastos, artilheiro do Vasco no Brasileirão ao lado de Cao.
O Santos voltou melhor do intervalo e pressionou até encontrar o segundo gol, com Marinho, aos 13, em bela cobrança de falta. Nessa altura, o Santos tinha mais de 60% de posse de bola, mas o Vasco não deixava de assustar, como em um chute de fora da área de Andrey.
Catatau aguerrido
Além da assistência e de ter tentado arrastar seus marcadores para dentro da área santista, o estreante Ygor Catatau mostrou muita luta. Voltou o tempo inteiro para ajudar na recomposição da marcação e terminou como vascaíno que mais cometeu faltas: quatro, ao lado de Andrey.
E foi justamente da entrega do estreante que nasceu o gol de empate. Oito minutos após Marinho colocar o Peixe em vantagem, Catatau, cercado por três, fez jogada individual pela esquerda e ganhou. Na cobrança, a bola desviou no braço de Alison. O VAR voltou a trabalhar, e o árbitro, após revisar o lance, marcou pênalti. Cano cobrou com categoria e marcou seu quatro gol no Brasileirão (13º com a camisa do Vasco).
Chances desperdiçadas com Ribamar
Logo após o empate, Ramon sacou Cano, uma vez que Ribamar havia entrado após o gol de Marinho. A ideia foi retomar o esquema inicial, com um centroavante. O Vasco continuou forte, controlou a pressão do Santos e teve duas boas chances no fim de virar o jogo. Ambas nos pés de Ribamar. Afoito, ele as desperdiçou. Talvez se Cano ainda estivesse em campo, a história do jogo fosse diferente.
Ainda assim, não há o que lamentar. Aguerrido, o Vasco superou os muitos desfalques e deixou a Vila Belmiro de cabeça em pé e no alto da tabela. Com um jogo a menos do que a maioria dos times, é o terceiro colocado, a cinco pontos do líder Inter.