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Punição de sócios é apoiada por Eurico, e torcedor lamenta

Carlos Ferreira, de 62 anos, diz que pediu reunião com grupo de quatro torcedores. Diretoria faz queixa-crime e repudia ato: “Esses protestos nunca são pacíficos”

Depois da identificação e da suspensão por seis meses de dois sócios na semana passada, o Vasco chegou ao terceiro nome: Carlos Alberto Ferreira. Sócio desde 1983, o representante comercial escreveu manifesto nas redes sociais, protestando contra a carta de suspensão que recebeu na terça-feira e ironizando Eurico Miranda, a quem chamou de "todo poderoso". Na entrevista coletiva desta manhã de sexta, Eurico defendeu a punição aos associados, disse que eles não respeitaram o estatuto do Vasco e afirmou que o motivo da ação foi a invasão de São Januário. No protesto, no dia 1º de agosto, um boneco do presidente foi queimado do lado de fora do estádio.

O assunto veio à tona na entrevista, quando o presidente condenou os vascaínos que foram ao aeroporto e xingaram o técnico Celso Roth.

- O torcedor tem o direito de fazer o que achar que deve, mas normalmente essas coisas (protestos) têm outra natureza. Eles são insuflados por A, B ou C. Outro dia o clube estava fechado e é um direito que tenho de fechar o clube, e invadiram. Consequências? Simples. Prestamos queixa na delegacia por invasão de propriedade privada e aqueles que foram identificados como sócios foram suspensos. Pronto. De acordo com o estatuto. Aqui eu posso aplicar o estatuto. Lá fora, na rua, não. Aí quem pode tomar atitude são as autoridades. Esses protestos nunca são pacíficos - disse Eurico.

O artigo 34 do estatuto do Vasco fala que ''fica sujeito às penas combinadas no documento o sócio que, verbalmente ou expressamente, para qualquer fim, fizer ou subscrever declarações inverídicas atentatórias ao clube ou aos seus dirigentes, ou desprezar as regras da boa conduta moral, cívica e desportiva''. Já o 35 fala sobre as punições: advertência, suspensão de seis meses ou eliminação. Anteriormente, foram punidos Luis Rocha, da Torcida Pequenos Vascaínos, e Powzemarquer Monteiro dos Santos. A diretoria considerou a invasão um “ato gravíssimo”. 

Vice-presidente: “Não cabe recurso”

No dia do protesto e da invasão do clube, os jogadores treinaram numa academia na Barra da Tijuca. O presidente Eurico Miranda acompanhou parte do treino físico. Carlos Alberto Ferreira contesta a medida da diretoria e diz que o objetivo da ida ao clube era pacífico. Ele reconhece que houve xingamentos ao presidente, mas diz que não teve nada a ver com esses atos. O associado, que está suspenso até fevereiro de 2016 do quadro social vascaíno, vai enviar carta de defesa para o segundo vice-presidente geral e vice-presidente de comunicações do Vasco, Silvio Godói, relatando os acontecimentos daquele dia.

- Houve bate-boca, mas não houve violência. Formamos uma comissão e fomos conversar com uma pessoa do jurídico, o Luis Fernando. Nós queríamos ser recebidos pelo Euriquinho e escolhemos aleatoriamente quem iria entrar para a reunião, que foi feita ali na social mesmo. Não xinguei ninguém, não bati em ninguém, não fui agredido. Tem câmera lá, não fizemos nada - defende-se Ferreira, que contesta as normas do Vasco. - O clube só vive fechado. 

Silvio Godói diz que a diretoria vai receber “com todo carinho” a carta de defesa de Carlos Alberto Ferreira, mas afirma que não há contestação sobre a infração às regras do estatuto. Ele diz que não há recurso interno para este tipo de caso.

- Oito seguranças não conseguiram conter as 60 pessoas que entraram. Mas não importa se fossem dois ou três. O fato é notório, temos tudo filmado. Vai querer recorrer de quê? Não queremos prejudicar ninguém, mas ainda que seja associado, ninguém tem direito de invadir um clube privado que estava fechado. Eles entraram pelo portão 19, o da entrada de veículos, se aproveitando de quando um carro saiu. Na rua eles fizeram, xingaram, queimaram bonecos, mas isso (de invasão) é inaceitável. É crime apenado com detenção - afirmou Godói, que é advogado e lembrou que somente depois da chegada de duas viaturas da Polícia Militar os torcedores se retiraram do Vasco.

 

Fonte: ge