A sensação é a mesma da criança que, na melhor hora da festa, é chamada pelos pais porque já está na hora de voltar para casa. Acostumado a ser estrela dos clubes pelos quais passou, Ramon vem enfrentando um problema no Vasco: em quase todos os jogos, ali por volta dos 15 minutos do segundo tempo, ele olha para a lateral e vê a placa com o número 9 ser erguida pelo quarto árbitro.
Justamente no momento em que as partidas se decidem, o técnico Renato Gaúcho sinaliza que, para Ramon, a festa acabou. Até agora, em toda a temporada, a cena já se repetiu 21 vezes, num total de 24 jogos em que o meia começou como titular. Ou seja, Ramon só atuou os 90 minutos três vezes: contra Iraty e Criciúma, pela Copa do Brasil, e Fluminense, pelo Brasileirão.
Em outras quatro oportunidades, Ramon começou no banco de reservas e entrou durante o jogo.
Ontem, em São Januário, o meia revelou sua insatisfação com o fato de ser sempre o escolhido para sair.
Sem querer desrespeitar publicamente o treinador, ele afirmou: - Se você me perguntar se isso me incomoda, não vou mentir, é claro que sim. São opções do treinador. Não sei por que sou sempre eu a sair, é uma pergunta que tem de ser feita a ele - disse o meia.
Quem mais ameaçava a condição de titular de Ramon era Ernane, que se contundiu gravemente na semana passada. Agora, ele tem a sombra do baixinho Madson, que vem se destacando.
O maior cabo eleitoral da permanência de Ramon na equipe titular é ele mesmo. O meia fez uma auto-análise de sua temporada no Vasco até agora e não encontrou motivos que justifiquem tantas substituições feitas por Renato: - Acho que estou fazendo um bom ano. Tendo trabalhado muito duro. Fisicamente, estou no melhor momento dos últimos dois anos.
A queixa está no ar. Resta saber se, agora, Renato vai deixar Ramon ficar até o fim da festa.