Serviço de ingressos da FIFA é pior que o de brasileiros

Com longas filas, ingressos caros e falta de informação, a comercialização de bilhetes para os jogos da Copa das Confederações vai na direção oposta ao que vem sendo feito pelos principais clubes brasileiros nesse tópico. O LANCE!Net analisou a comercialização feita pelos 12 principais clubes do país e constatou que a maioria deles apresenta um sistema mais eficiente.

Principalmente na questão dos passos após a aquisição pela Internet: na Copa das
Confederações, os torcedores precisam ir pessoalmente retirar os bilhetes, em pontos de alta concentração, e a checagem de informações é demorada. No caso dos clubes, é possível utilizar carteiras de sócios, cartões de créditos ou o comprovante diretamente nas catracas dos estádios.

Com táticas diferentes para aproveitar os programas de sócio-torcedores, os clubes brasileiros têm aumentado a quantidade de ingressos vendidos pela Internet e reduzido a necessidade de bilheterias. Mas ainda há quem siga na contramão, como Botafogo, Vasco e Flamengo.

A Fifa estabeleceu poucos pontos para a retirada dos ingressos. São apenas três no Rio de Janeiro e um em cada uma das outras cinco cidades-sede. Com o processo sendo iniciado a pouco mais de duas semanas para a abertura da competição, o resultado não poderia ser outro.

E nesta segunda-feira, em Fortaleza (CE), palco da próxima partida da Seleção Brasileira, contra o México, não foi diferente. Torcedores que não haviam agendado o saque dos bilhetes reclamaram do tempo dispensado – mais de duas horas.

A Fifa declarou que qualquer mudança na venda de ingressos para a Copa do Mundo só será analisada após a Copa das Confederações. Na opinião do ministro do Esporte, Aldo Rabelo, o sistema precisará ser aperfeiçoado. Porém, ele não indicou em que etapas do processo.

- Vamos avaliar no final o desempenho desse quesito e ver o que precisamos. O modelo precisa ser aperfeiçoado, no que for necessário. No primeiro jogo, eu acho, teve problema na Internet, na distribuição do sistema. Mas o sistema era de responsabilidade da Fifa - declarou.

Pontos de troca apenas nas sedes

Uma das maiores críticas à organização da Copa das Confederações é a falta dos pontos de trocas de ingressos nas cidades que não estão participando do evento. Até por isso, torcedores que moram em outros estados e assistirão a alguma partida da competição têm pego seus ingressos nos aeroportos das cidades-sede, o que aumenta ainda mais as filas nos locais.

– Saí de São Paulo e tive de retirar os ingressos no Galeão, o que é inaceitável. Nessa brincadeira, fiquei quase duas horas na fila. Se não tivesse pagado caro por ele, teria deixado o lugar sem nada nas mãos. É uma vergonha! – afirmou a estudante de 22 anos, Carolina Ganda.

Clubes fazem modernização

Mesmo com problemas na retirada de ingressos na Copa das Confederações, os clubes brasileiros têm se organizado. O Corinthians, por exemplo, praticamente aboliu a compra de ingressos em bilheterias. São Paulo e Internacional também chamam a atenção neste quesito.
Por outro lado, Flamengo, Botafogo e Vasco ainda engatinham neste conceito. Ambos ainda fazem grande parte das vendas nas bilheterias.


COMO É FEITO A VENDA DE INGRESSOS


BOTAFOGO: O bruto das receitas de ingresso vem das vendas nas bilheterias. Sócio-torcedores têm direito à meia-entrada, mas a comercialização na internet ainda é faca. Com o Engenhão, o clube readapta os procedimentos adotados anteriormente.


FLAMENGO: Maior parte dos ingressos é vendido em bilheterias, principalmente na Gávea e no Engenhão. Os sócios só ganham bilhetes em casos muito especiais. O desconto depende do plano de fidelização e a venda pela internet é fraca.


FLUMINENSE: A comercialização das entradas é feita basicamente pela internet e o percentual do total de vendas é alto, muitas vezes acima dos 65%. Sócio-torcedores têm desconto de meia-entrada, mas houve casos em que os ingressos foram grátis.


VASCO: A carga total de ingressos dos jogos é praticamente toda vendidas nas bilheterias, em especial de São Januário. A comercialização é iniciada sem antecedência e o projeto de sócio-torcedor do clube passa neste momento por reformulação.


CORINTHIANS: Clube comercializa os ingressos para os jogos com grande antecedência e majoritariamente pela internet. O diferencial é o desconto gradativo para os sócio-torcedores ( que tem preferência) de acordo com o aumento da compra de entradas.


PALMEIRAS: Venda é mais comum pela internet. Sócio-torcedor tem preferência de uma semana ou duas antes dos jogos. Palmeirense comum também pode adquirir bilhetes pela rede, mas sem desconto. Em seguida, venda é aberta nas bilheterias.


SÃO PAULO: Venda principalmente pela internet. Sócio tem desconto de 20% a 30%, dependendo do plano, e prioridade de compra. Depois a comercialização é aberta para os são-paulinos comuns. Só ao final ela é disponibilizada nas bilheterias.


SANTOS: Num primeiro instante a comercialização é feita para os sócios do Peixe, no site. A antecedência é pequena, de uma semana em relação aos jogos. Há também a venda na internet para o torcedor comum. Depois de tudo, bilheterias normais.


GRÊMIO: O Grêmio vende mais ingressos pela web. Os sócios do clueb têm prioridade de dois a três dias em relação aos outros. O desconto depende do programa de afiliação. Durante o Campeonato Gaúcho, a venda nas bilheterias deu problema.


INTERNACIONAL: A antecedência das vendas é maior do que a do rival, e a comercialização também é superior na internet. Os sócios que tinham direito à entrada grátis no Beira-Rio hoje têm de fazer check-in para os compromissos do Colorado.


ATLÉTICO-MG: Há dois programas de associação ao clube. Um dá direito à entrada em qualquer jogo como mandante, em qualquer lugar. O outro dá um dia de antecedência antes da venda nas bilheterias. O que só é disponibilizado nas bilheterias.


CRUZEIRO: O Cruzeiro oferece um sistema de venda de ingressos idêntico ao do rival. Existem pacotes especiais de bilhetes para a Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. A comercialização nas bilheterias também vem sendo reduzida.