Sorato, ex-Vasco, prossegue sua carreira em time desmontado

A missão de armar o Ituano para a disputa do Campeonato Paulista, que começa na próxima quarta-feira, foi um desafio de acordo com a mania de grandeza da cidade, que ostenta como ponto turístico \"o maior orelhão do mundo\".

O rubro-negro de Itu (a 103 km da capital do Estado) precisou recomeçar da estaca zero seu departamento de futebol para esta temporada. Até a disputa do Brasileiro da Série B de 2006, a gestão do futebol do Ituano estava a cargo do empresário Oliveira Júnior, que deixou o clube e levou junto todos os atletas, inclusive os das categorias de base.

Com a sede social do clube fechada, a solução foi alugar uma casa no centro da cidade para começar a traçar os planos para o Campeonato Paulista. O dinheiro usado para a reformulação foi a sobra de um valor que o clube ainda tinha no caixa, referente à transferência do meia Juninho (hoje no Flamengo) do São Paulo para o futebol inglês, nos anos 90.

Com pouco tempo para recomeçar tudo e deixar o grupo em condições de disputar o Estadual, a alternativa foi indicar atletas que já trabalharam juntos em outros clubes, para um mínimo de entrosamento.

Atleta mais conhecido do novo elenco do Ituano, o atacante Sorato, 37, diz que nunca passou por uma situação como a que vive no Ituano em toda sua carreira. Mesmo assim, o autor do gol do título brasileiro do Vasco em 1989 conta que o elenco \"pensa grande\".

FOLHA - Já viveu uma situação como esta em algum momento da carreira?
SORATO - Não me lembro de ter passado por isso em nenhum outro clube. Mas já treinamos juntos há mais ou menos um mês e tivemos um bom período de convivência. Claro que não é o ideal, mas a equipe já tem o conhecimento de o que o treinador quer. É importante o time pegar a maneira que ele deseja que joguemos. E isso, acredito, está acontecendo.

FOLHA - Há algum ponto positivo em um elenco iniciar um trabalho da estaca zero?
SORATO - Há uma desconfiança muito grande quanto ao time. E isso é um fator que nos motiva bastante. Independentemente das dificuldades que enfrentamos, sabemos que a cobrança será inevitável. Mas temos plena consciência da qualidade do time. Além disso, contamos com boas condições de trabalho no Ituano.

FOLHA - Na condição de atleta mais velho, desempenha um papel diferenciado no grupo?
SORATO - Experiência é algo importante em todas as áreas de trabalho, inclusive no futebol. Procuro conversar com os mais jovens, orientá-los e, às vezes, corrigir o posicionamento.

FOLHA - Quando o time terá um entrosamento razoável?
SORATO - Fizemos dois jogos-treino e amanhã [hoje] temos outro. É uma base. Mas o trabalho será para evoluirmos durante o Paulista. A partir da terceira ou da quarta rodada, acredito que nosso ritmo de jogo estará bem melhor.

FOLHA - Como foram as partidas anteriores?
SORATO - O primeiro jogo aconteceu muito no início do trabalho. Estávamos todos meio presos em virtude da grande carga de treinamentos físicos, como costuma ser no começo das temporadas. No segundo amistoso, as condições físicas já estavam bem melhores, e os jogadores, mais entrosados, mas a partida aconteceu sob uma forte chuva, o que nos atrapalhou demais.

FOLHA - O que a torcida pode esperar do Ituano neste Paulista?
SORATO - No elenco, todos nós pensamos em coisas grandes. Claro que sabemos das dificuldades deste torneio, mas dificuldades todos enfrentarão. Apesar da situação inusitada de um elenco 100% reformulado, estamos confiantes porque sabemos que há qualidade no elenco. Foram contratados bons jogadores.