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Símbolo era para ser a Cruz de Cristo, e não a Cruz de Malta, diz diretor de

A Cruz de Malta não era para ter sido o símbolo vascaíno. O verdadeiro emblema do clube, ao menos conforme a intenção dos fundadores, deveria ter sido a Cruz da Ordem de Cristo. “O elemento histórico foi ferido”, explica o diretor de Patrimônio Histórico do Vasco, João Ernesto da Costa Ferreira. “Era para ser a Cruz de Cristo, e ponto final”.

Nesta entrevista, o dirigente vascaíno afirma que uma sucessão de erros levou o clube ao manter, durante mais de um século, a Cruz de Malta — na verdade, uma Cruz Pátea, chamada equivocadamente de Cruz de Malta. “Existem erros que acontecem e que vão sendo divulgados e aquilo passa a ser uma grande verdade. O Vasco é conhecido como clube cruzmaltino, acabará sendo sempre, e ponto final”, admite. “Era para ser a Cruz de Cristo, mas, enfim, botaram uma cruz lá, chamaram aquilo de Cruz de Malta e aquilo acabou se tornando uma identidade.”

Segundo Ferreira, a partir de agora, o verdadeiro símbolo do Vasco, a Cruz da Ordem de Cristo, estará cada vez mais presente nos materiais esportivos do clube. Confira a íntegra da entrevista abaixo:

iG: Como os símbolos foram utilizados desde o começo da história vascaína?
João Ernesto: Já naqueles primeiros momentos, os fundadores definiram aquele que seria o pavilhão do clube, negro, com uma faixa diagonal branca e com uma cruz. Cada uma dessas cores já simbolizava o clube. O negro representa o desconhecido dos mares, pelas quais passavam as grandes navegações. A faixa diagonal branca, de um canto ao outro, representava a luminosa rota vitoriosa dessas grandes navegações portuguesas. E aquela cruz simbolizava a fé cristã, até porque muitos fundadores eram portugueses, vindos de uma nação essencialmente cristã. Mas aí eles feriram o elemento histórico. Por que qual cruz era essa que deveria ser colocada ali? A cruz que ornava as caravelas das grandes navegações, que era a Cruz (da Ordem) de Cristo. Era para ser isso, mas por razões que agora não adianta nós querermos discutir, a cruz que foi colocada ali foi um pouco deturpada. E se chamou aquilo de Cruz de Malta. Então, já estamos falando de um segundo nome: o primeiro seria Cruz de Cristo, depois falamos de Cruz de Malta. E o Vasco ficou conhecido como o clube da Cruz de Malta, o clube cruzmaltino. Entretanto, aquela que deveria ter sido colocada, a Cruz de Cristo, não foi colocada. Foi colocada essa Cruz de Malta, que na verdade nem é a Cruz de Malta. Ela se aproxima mais de uma outra cruz, que é a Cruz Pátea. Então, foi essa mistura que acabou acontecendo e houve esse ferimento do elemento histórico. Era para ser a Cruz de Cristo, e ponto final.

iG: Com a nova camisa, o Vasco finalmente vai usar a Cruz de Cristo, que era para ter aparecido já na primeira camisa, em 1898. De certa forma, o clube corrige, com isso, um equívoco histórico, que perdurou por mais de um século?
João Ernesto: Se você vier aqui no clube, você vai ver que, nas arquibancadas – tanto na curva, quanto nas gerais e sociais – temos pintada a cruz que se aproxima muito da Cruz de Cristo. É um pouquinho estilizada, mas se aproxima muito da Cruz de Cristo. É a cruz que consta no peito do navegador. Em uma reprodução, sobre a figura do almirante Vasco da Gama, você verá que a cruz que ele tem no peito, em um colar, é a cruz de Cristo, cuja parte debaixo da cruz é um pouquinho mais alongada que as outras três partes. A nossa cruz, aqui do clube, é simétrica. Mas não é uma tentativa de corrigir o elemento histórico. Isso é uma coisa que a alta direção do clube pensou com a terceira camisa? Não sei. A terceira camisa nada mais é do que pegar esse símbolo do clube e aumentá-lo, fazer um elemento de marketing, que nos remeta a esse outro grande símbolo, que nos diferencia dos demais clubes, o fato de termos essa cruz.

iG: Daqui para frente, a Cruz da Ordem de Cristo, que deveria ter sido o símbolo original do Vasco, vai aparecer mais nas camisas e materiais do clube? Essa é uma idéia da direção?
João Ernesto: Não tenha dúvida. Nós sempre queremos valorizar os nossos símbolos, até porque eles nos são muito caros. A eles nós nos agarramos há várias e várias gerações. Eles representam muito para mim, para a geração dos meus pais, para a geração dos meus avós. Esses são os símbolos que mantêm eterna essa nossa paixão pelo Vasco. A nossa cruz básica, com a qual nossos produtos devem estar vinculados, é a Cruz de Cristo, um pouco diferenciada daquela verdadeira Cruz de Cristo que está lá no peito do almirante Vasco da Gama. A cruz que nós temos, algo simétrico, bem geométrico essa é a cruz que queremos cada vez mais afirmar como sendo a nossa, e não com estilos um pouco diferentes, que podemos remeter a uma Cruz Pátea, uma Cruz de Malta, seja lá o que for.

iG: Durante quase um século, por causa da cruz de Malta, o Vasco foi chamado de clube cruzmaltino. A partir de agora, diante desse retorno às origens, com a Cruz de Cristo, o clube poderá ser chamado de “cruzcristino”?
João Ernesto: Existem erros que acontecem e que vão sendo divulgados e passam a ser uma grande verdade. O Vasco é conhecido como clube cruzmaltino, acabará sendo sempre e ponto final. Isso acabou se incorporando à nossa própria identidade. Não que a cruz seja uma Cruz de Malta. Era para ser a Cruz de Cristo, mas, enfim, botaram uma cruz lá chamaram aquilo de Cruz de Malta e aquilo acabou se tornando uma identidade. Até nisso o Vasco tem uma característica de miscigenação. Ele pegou essas três coisas aí, embaralhou isso tudo e adotou isso. Assim como essa miscigenação que um dia fez com que o negro tivesse espaço no mundo do futebol, o Vasco também acabou usando isso para os seus próprios símbolos.

Fonte: iG Esportes
  • Domingo, 17/03/2024 às 16h00
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