Futebol

Thiago Maciel fala do seu carinho e gratidão pelo Vasco

ENTREVISTA COM O AUTOR DA JOGADA DO MILÉSIMO GOL DO ROMÁRIO: SAIBA O QUE ANDA FAZENDO AGORA!

Confira a resenha com o ex-jogador Thiago Maciel, revelado pelo Vasco nos anos 2000. No papo, entre outras coisas, fala da sua gratidão pelo clube, dos motivos que o levaram a virar taxista no Rio e, claro, conta um pouco sobre os bastidores do milésimo gol do Romário, onde foi crucial para o baixinho atingir tal marca histórica.

 



"Carrego com carinho o Vasco no coração"

Nosso bate-papo de hoje é com o ex-lateral-direito Thiago Maciel, revelado pelo Vasco no início dos anos 2000. Para os que não se recordam, Thiago foi nada mais nada menos que o autor da jogada que resultou no pênalti convertido por Romário em 2007, diante do Sport Recife pelo Brasileirão, e que garantiu o milésimo gol na carreira do atacante. Na ocasião, Thiago recebeu passe de Abedi, avançou pela direita e cruzou para o camisa 11. No caminho, a bola bateu no braço de Durval e o baixinho pode atingir essa marca histórica. É por essas e outras que até hoje o ex-jogador é lembrado como o coadjuvante do gol mil.

Thiago Maciel é natural de Santana do Livramento (RS). É irmão do ex-jogador Ygor, volante também revelado pelo clube e com passagens por Fluminense, Internacional, Figueirense, Goiás e tantos outros. Thiago Maciel chegou primeiro na colina histórica, em março de 1999, para jogar nos juvenis. Ele defendeu a camisa cruzmaltina por 9 anos. No profissional, atuou entre 2004 e 2007. Sua passagem poderia ter sido mais longa. Porém, o grande número de lesões prejudicou e muito sua trajetória em São Januário.

Além do Vasco, Thiago passou também por Olaria, Alania (RUS), Tombense, Ipatinga, Macaé, Bahia, Duque de Caxias, Juventude, América-RJ, Volta Redonda, Guarani, Ypiranga e Bonsucesso. Seu último clube foi o CSE, de Palmeira dos Índios, Alagoas, em 2014. Após atuar por lá, resolveu trocar os gramados pelas ruas e avenidas das grandes cidades. Encerrou a carreira, aos 31 anos, e se tornou taxista no Rio de Janeiro. Função que desempenha até hoje.

Consegui localizar Thiago Maciel e resolvi entrevistá-lo para nosso perfil. Hoje, aos 38 anos, fala do seu carinho e gratidão pelo Vasco, explica os motivos que o levaram a virar taxista no Rio, revela seus projetos com o futebol e, claro, conta um pouco sobre os bastidores do milésimo gol de Romário, onde foi crucial para o baixinho atingir tal marca histórica.

Confira!

Você foi revelado pelo Vasco, onde ficou por 9 anos. Qual sentimento que tem hoje por esse clube ?

Thiago Maciel: O sentimento que eu tenho pelo Vasco é um sentimento de gratidão. Foi um clube que praticamente saí de menino pra me tornar um homem. Cheguei com 16 anos, aprendi a gostar do clube, ter identificação, o que não é fácil você vir do Sul pra uma cidade grande como é o Rio de Janeiro e ser acolhido da maneira que eu fui acolhido lá no Vasco, onde eu tive a oportunidade de conhecer desde o pessoal lá da cozinha, que cuidava dos quartos, até o pessoal que era responsável pela direção da base. Carrego com carinho o Vasco no coração por ter me dado a oportunidade de me tornar um jogador profissional, de através do Vasco ter conhecido outros países, até mesmo na época da base, onde fomos disputar torneio em Angola e no Japão. Tô sempre na torcida. Sempre que eu posso, fico acompanhando os jogos, torcendo e a gente sabe que é muito difícil você se tornar um jogador profissional. São várias barreiras. Já começa pela concorrência, quando você vai fazer o teste, como foi o meu caso. Jogadores de vários lugares do Brasil. Todo mundo procurando um espaço. Eu tive essa oportunidade lá no Vasco. Sou grato eternamente porque um sonho de criança que eu pude realizar. Ainda mais um clube de massa, um clube gigante e com a torcida apaixonada. E era sempre bom jogar ali jogar em são Januário com casa cheia.

Você foi responsável pela jogada que culminou no pênalti convertido por Romário e que o possibilitou a completar o milésimo gol na carreira em 2007. O que representou aquela situação pra sua vida ?

Thiago Maciel: Aquilo ali foi um momento único, que realmente fica marcado pelo fato em si. Um Romário que era um ídolo do futebol brasileiro, do futebol mundial, campeão do mundo. Um cara que sabia fazer gols como poucos. E o gol em si... eu nunca tive uma sequência muito grande no Vasco. Algumas lesões me atrapalharam. E no pré-gol mil, tinha jogos que eu estava ficando no banco. Aí quando o Celso Roth assumiu, quue eu comecei a ganhar mais oportunidades novamente. E o Romário, no jogo contra o Botafogo, teve chance de fazer o gol mil. E na semana nós comentávamos. Até ficava colocando pilha nele "Qual é baixinho, quem te der o passe, você tem que abrir a mão. Tem que dar uma moral. Pra gente ver um dim dim desse bolso é difícil". Aí ele: "Vou dar uma moral pra vocês, peixe. Só bola chegar". E foi aquilo. aquela noite lá foi uma noite histórica mesmo. Por tudo que envolvia repercussão. Toda mídia voltada pra aquele jogo porque ali tinha grande chance dele fazer o gol mesmo. O Sport tinha até uma equipe de qualidade. Mas a gente sabia que São Januário era difícil, qualquer equipe que fosse. Acho que até hoje mesmo, muita das vezes, o Vasco não tendo um bom momento quando se vai jogar lá em São Januário, as equipes sabem que é meio complicado. E aquela noite lá foi histórica. Uma parceria com Abedi pelo lado direito. Abedi tinha qualidade e era uma fumacinha. Era todo elétrico. A gente pôde fazer um desenrolar pelo lado direito. Aí o cruzamento resultou no pênalti que bateu na mão do Durval. Sempre bom lembrar. Volta e meia agora, durante a pandemia, os jogos estavam sendo reprisados. Meus amigos me ligavam volta e meia. Foi um fato marcante. As vezes eu vou lá em São Januário e sempre fico olhando pra estátua e lembro daquela noite.

Foram 4 anos atuando pelo profissional do Vasco. Depois passou por clubes menores até encerrar a carreira. Na sua opinião, o que faltou pra você escrever uma história mais longa e marcante com a camisa do Vasco?

Thiago Maciel: Em relação a termos de projeção de carreira, eu acredito que em momentos chaves, tive alguns problemas, principalmente de lesão no proprio Vasco. Sempre quando eu ia ter uma sequência, as lesões me atrapalharam. Eu tive uma lesão no púbis no comecinho de 2005, que me deixou quase 2 meses parado. Em 2004, eu tinha feito uma reta final de Brasileiro boa. Mesmo com o clube com o risco de entrar na zona de rebaixamento, eu pude me destacar. E na minha cabeça eu tinha que 2005 era o ano da afirmação. Aí logo no começo de ano, eu tive uma lesão no púbis que me afetou muito. Quando retornei aquela confiança, os movimentos que eu fazia já não eram com tanta naturalidade. E a gente sabe como é que é. Você joga num clube grande e muita das vezes você vai pra um clube de menor investimento. Aí na época eu saí do Vasco e fui pro Ipatinga, que tinha subido da série B. Uma realidade diferente. Uma outra situação. E aí comecei a rodar. Tive no Bahia também e não tive muito espaço. Aí rodei lá na Rússia. Joguei nos clubes aqui do interior do Rio. Até que em 2014, que foi o meu último clube em Alagoas. Foi onde eu resolvi realmente pendurar as chuteiras. Foi o nascimento da segunda filha. E eu já tinha uma menina, um ano de diferença que elas tem, e a gente sabe que é difícil fazer futebol no Brasil. Muitas das vezes a gente tem idéia que porque joga futebol, o jogador ganha dinheiro. Que eu tenho comigo em relação a isso é sempre a cabeça no lugar. Consegui realizar o meu sonho de ser jogador de futebol. Poderia ter ido muito mais longe pelo que acreditava assim em termos de qualidade que eu tinha. Mas a gente sabe que as vezes não é nossa vontade. É a vontade de Deus. Sempre procurei ser profissional. Nunca me envolvi em nenhum tipo de polêmica. Sempre fui de dormir cedo. Não bebia e me cuidava nas férias. Mas as coisas não aconteceram da maneira que eu acredito que poderia ter acontecido. Tem até um fato que em 2005, eu sempre lembro do púbis. O Romário até me chamou de canto. "Pô Thiago, tá voltando?" "Pô Romário, eu acredito que dentro de dias eu já tô 100%". Ele falou: "Pô cara, o Parreira me ligou. Vai fazer uma convocação só de quem joga aqui no Brasil. Ele falou em você e no Alex Dias, atacante". Eu falei: "Pô, baixinho, devo voltar só pela semana mesmo". Ele falou: "Pô cara, é uma oportunidade aí". Porque, eu acho, se não me engano, era despedida dele e da seleção num jogo lá em São Paulo. Foi convocado o Gabriel, que era lateral-direito do Fluminense. Só foram jogadores aqui do Brasil. Se eu não tivesse machucado, tinha acabado bem 2004. Era só manter 2005, que teria decolado. Mas acontece.

Em 2014, você decidiu largar o futebol e virar taxista no Rio. Por que optou por esse caminho?

Thiago Maciel: Eu já tinha adquirido o primeiro dinheirinho na época que ganhei no futebol. Tinha comprado a autonomia do táxi. Tinha o rapaz que pagava a diária e quando deu uma apertada em 2014, foi onde eu mudei o chip realmente. Comecei a pensar mais na minha família. Nas filhas que tinha que sustentar. E aí foi quando começou minha vida no táxi. Já tô nessa batida aí tem uns 6 anos. Completamente diferente. No começo, foi meio complicado. Você jogar bola e depois dirigir táxi pelas ruas do Rio de Janeiro que é um trânsito caótico. Complicado, não foi fácil não. Mas estamos aí nessa batalha desde 2014. E vamos em frente.

Pensa em trabalhar ainda no futebol, mas fora das 4 linhas ?

Thiago Maciel: Eu tenho projeto sim. Tenho o pensamento de voltar a trabalhar, principalmente com a garotada, na formação. É uma coisa que eu gosto. Até pensei em retornar lá pro Sul, pra minha cidade natal. Tem um amigo meu que convidou pra abrir uma escolinha lá. Até cheguei a ver ali como é que funcionava no Vasco pra ter o núcleo lá no sul. Mas acredito que é um pensamento futuro. Se não for lá, aqui no Rio mesmo, mas voltado pra essa área. Trabalhar com a molecada ali de 7 a 13 anos. É uma coisa que eu gosto. Seja no futsal ou futebol mesmo de campo. Eu acredito que o futsal dá uma base muito grande para o atleta, principalmente quando ele está começando. Tem vários fundamentos ali como passe, a propria marcação, você pensar rápido e espaço reduzido. Coisa desse tipo aí. Espero estar botando em prática essa meta.

Fonte: Detetives Vascaínos
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