Mais de 17 horas depois do previsto inicialmente, enfim Felipe fez sua estreia como técnico no comando do Tigres. No estádio de Los Larios, em Xerém, na manhã desta quinta-feira, o ex-jogador viu sua equipe abrir boa vantagem mas ceder empate por 2 a 2 para a Cabofriense. Inquieto no banco de reservas e sempre dialogando com seu fiel escudeiro Pedrinho, passou os primeiros 90 minutos da nova experiência em pé e se comunicando bastante com os jogadores.
Depois do temporal de quarta-feira, que causou adiamento do jogo, o tempo permaneceu nublado, mas nada de chuva. O calor e o clima abafado não foram nem de perto semelhantes aos que normalmente acontecem no local. Nos primeiros minutos, Felipe teve a “concorrência” de um torcedor, que da arquibancada dava suas orientações aos berros e incomodava a comissão técnica – os gritos pararam na metade do primeiro tempo.
A primeira orientação do estreante do dia aconteceu ainda antes do apito inicial, para o camisa 9 Núbio Flávio. Com a bola em jogo, fez o sinal da cruz e começou sua “andança” particular. Foi difícil ver o treinador parado por alguns segundos na mesma posição. Logo com 10 minutos, a primeira reclamação.
- Estão com medo de jogar! O jogo tá fácil, estão com medo de jogar! – gritou pouco antes de fazer um alerta – Tudo que a Cabofriense quer é a bola parada.
Preocupação pertinente com o experiente e ex-colega de Fluminense Leandro Euzébio, bom no jogo aéreo. Porém, mesmo acuado, o Tigres se segurou nos 45 minutos iniciais e levou o 0 a 0 para o vestiário. A equipe visitante criou chance claríssima, mas Sabão, depois de driblar zagueiro e goleiro, não conseguiu balançar a rede. Lance que decretou o primeiro silêncio de Felipe, que respirou aliviado e levou as mãos à cabeça.
- No primeiro tempo faltou um pouco de personalidade, de poder aparecer. Muita gente se escondendo do jogo e não jogamos dessa maneira. Faz parte, a gente entende que treino é treino e jogo é jogo. Confio nesses atletas, a ansiedade da estreia acaba prejudicando bastante, a pressão. Mas no todo, teve muitas coisas boas. Claro que temos que corrigir coisas, mas mostramos que temos capacidade – analisou.
Ouvindo gritos de “entra aí” por parte da torcida, Felipe conseguiu melhorar o toque de bola do time e ganhar o meio-campo com sua primeira substituição – a entrada de Rodrigo Yuri na vaga de Gean, no intervalo. Mudança que colaborou para que os mandantes abrissem o placar, com Núbio Flávio, e ampliassem, com Claudinho, ainda antes dos 20 da etapa final. O momento do jogo rendeu elogios do comandante, que falou sobre seu estilo.
- Acho que o futebol tem que ser bem jogado desde o início. O chutão pode até existir, mas os companheiros têm que dar linha de passe. Todo mundo tem que ter personalidade suficiente para aparecer e jogar, não jogar a responsabilidade para os outros. Trabalhamos muito isso e não podemos sair do nosso padrão. Temos que jogar futebol. Na minha filosofia de trabalho, o bom futebol tem grandes chances de ganhar. Vamos bater nessa tecla, vamos em busca de perfeição.
A manhã poderia ter sido perfeita não fosse um vacilo do goleiro Santiago, que foi de herói, após fazer duas ótimas defesas, a vilão, quando bobeou ao proteger, errou na saída e colocou as mãos na bola fora da área. Na falta, gol de Pedro e ira de Felipe à beira do campo. Os palavrões, já frequentes em suas falas, se multiplicaram ainda mais. O erro individual custou caro e certamente será motivo de bronca no vestiário. - A fatalidade foi quando ele (Santiago, goleiro) quis jogar com a mão, não foi nem jogando com o pé. Ele ficou querendo gastar tempo, ganhar 10 segundos. Achei desnecessário. Vamos conversar com o atleta, não tem necessidade disso. Com o pé ele foi perfeito em todas as saídas.
Com ânimo renovado, a equipe de Cabo Frio chegou ao empate, com Max, em posição duvidosa aos 33, único momento em que Felipe e Pedrinho reclamaram com a arbitragem de forma veemente.
Após o apito final, um resumo da nova sensação e um alerta para os próximos jogos.
- Tenho que ter um trabalho para (a garganta) aguentar e eu poder dar orientações aos atletas. Haja voz! Sem dúvida é ruim não poder entrar em campo para ajudar, mas é uma nova função e me preparei para isso. A estreia poderia ter sido melhor. Andar de um lado para o outro e conversar com o Pedrinho é um jeito de extravasar um pouco – resumiu.
O Tigres volta a campo no próximo sábado, às 16h30, contra o Nova Iguaçu, fora de casa. Cabofriense x Campos e Bonsucesso x Portuguesa completam a segunda rodada. Todas as equipes estão empatadas com um ponto na classificação na primeira fase do Campeonato Carioca.

