Cadastramento das torcidas organizadas, identificação dos torcedores, interceptação telefônica e na internet, suspensão, responsabilização dos clubes de futebol e dos seus dirigentes, ampliação dos Juizados Especiais Criminais (Jecrims) nos estádios. Estas e muitas outras medidas foram discutidas na tarde desta terça-feira, dia 5, no Tribunal de Justiça do Rio, durante reunião convocada pelo presidente do TJRJ, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, para acabar com a violência nos estádios de futebol e buscar mecanismos para garantir a segurança do torcedor.
Estiveram presentes ao encontro os presidentes do Botafogo, Flamengo e Vasco, da Federação de Futebol, representantes do Ministério Público estadual, da Polícia Civil, além dos juízes Rafael Estrela e Alexandre Cruz que atuam no Posto de Atendimento do Jecrim no Engenhão. Representantes do Fluminense, da Defensoria Pública e da Polícia Militar não compareceram.
A reunião ocorreu uma semana após incidente que resultou no espancamento de dois adolescentes torcedores do Vasco nas proximidades da estação de trem do Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A Polícia Militar prendeu 21 integrantes da torcida organizada Young Flu, acusados do crime. Eles tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça do Rio.
Segundo o presidente do Judiciário fluminense, estamos na situação limite, uma vez que o Rio prepara-se para grandes eventos: Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, respectivamente, em 2012, 2014 e 2016.
Nós temos que dar uma resposta digna à sociedade. Esses bandidos travestidos de torcedores têm que ser eliminados dos estádios. Ou nós agimos ou seremos cobrados pelo o que virá. Seremos tragados pela violência de meia dúzia de bandidos que matam e agridem sem motivação alguma, apenas porque torcedores estão vestidos com a camisa de um time que não gostam, afirmou o desembargador.
A presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, disse que o discurso entre os clubes tem que ser unificado. Queremos ajudar para que as famílias possam ir aos estádios com segurança. Ela disse que há uma sintonia entre os quatro grandes clubes do Rio. Temos uma relação muito próxima, garantiu.
Para o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção Souza Júnior, o bom relacionamento entre os dirigentes é o exemplo que eles dão para os torcedores. A violência não faz bem para ninguém, nem para o esporte e nem para o público, ressaltou.
O presidente da Federação de Futebol, Rubens Lopes da Costa Filho, sugeriu a ampliação do Jecrim para todos os estádios. Nos últimos cinco anos temos nos envolvido com este tema constantemente, afirmou. Ele acrescentou que ainda não conseguiu unificar o esforço e estabelecer diretrizes. O discurso tem que ser único. É preciso que o clube tenha também participação, defendeu.
A chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, lembrou que 21 torcedores da Young Flu foram presos. Segundo ela, os acusados não acreditaram que seriam mantidos presos, por serem de classe média e não terem antecedentes criminais. Essa decisão foi um divisor de águas, destacou. Ela disse ainda que a Polícia Civil criou o Núcleo Especializado de Apoio aos Grandes Eventos.
O procurador-geral de Justiça do Rio, Cláudio Soares Lopes, alertou sobre a violência no entorno dos estádios. Há uma série de questões que envolvem a segurança fora dos estádios. A prisão foi exemplar. Temos que dar segurança às pessoas do bem, ressaltou.
Para o juiz Marcello Rubioli, que atua no Jecrim do Engenhão, a regulamentação do esporte é mais importante que a repressão. Existem situações que nem sempre serão resolvidas com a prisão. A antevisão desta jogada é a união, adiantou.
O presidente do TJ pediu mais sugestões e disse que um novo encontro deverá ser marcado em breve.\" alt=\"\" />