Recém-saído da zona de rebaixamento após uma derrota sem alma para seu principal rival, o Vasco encontrou, na esfuziante vitória contra os tricolores, um novo afã para sua torcida. No embalo da vitória, a diretoria anunciou o repatriamento de Fágner e a excelente contratação de Guiñazu.
É hora dos vascaínos comemorarem. Se animarem. Retomar o ímpeto de torcer e retornar aos estádios. O que não se pode fazer é perder a linha de raciocínio sobre os erros e más intenções da gestão do clube.
Mais uma vez, estamos contratando reforços em cima da hora dentro da competição. Foi sempre assim. Na hora de planejar, estruturar, o clube é de uma bagunça sem tamanho. Estamos no campeonato mais difícil do calendário clubístico, tivemos um monte de dirigentes que não se entendiam fazendo a preparação para essa jornada, entramos o ano com três técnicos diferentes e não pudemos dar padrão tático nenhum ao time.
A base de juniores está morta. Os poucos que sobem não têm mais oportunidades do que os vários jogadores ruins, de empresários, que nos são enfiados goela abaixo. A base vascaína não consegue mais revelar bons jogadores, e tem interesse mínimo nisso. Sepultaram a nossa tradição. Não podemos, nunca, achar normal o Vasco entrar em campo sem seus meninos da Colina em campo. Isso está oculto, mal explicado, sem justificativa.
Sem revelar jogadores com alma e história vascaínas, estamos dependentes do veterano Juninho para incendiar o time com essa chama. No primeiro desafio, isso ficou claro. O problema é lançar sobe as costas do ídolo esse desafio - o mesmo ídolo outrora lançado fora e vendido pela mesma diretoria como traíra. Ou já nos esquecemos da má fama e da impudicícia que tentaram associar ao rei Juninho ainda muito recentemente?!
Pela natureza dos fatos, bem se percebe quem é, de fato, vilão nessa história.
Não podemos esquecer, ainda que, na semana do jogo, o presidente tentou encobrir sua ingerência quanto ao Maracanã apelando à torcida para não ir ao estádio. Estamos sob a promessa dos patrocínios (há seis semanas ouvimos o \"agora vai\"), o estádio anunciado há alguns anos como \"primeiro mundo\" estava há bem pouco com gramado de várzea.
Muito provavelmente o Vasco está saindo de um time esquálido e desordenado para a montagem de uma equipe forte e até competitiva neste Brasileirão. É motivo de festa? Claro que sim. Mas não de alienação. O presidente já mostrou que é incompetente e oportunista. Começa as temporadas sem planejar sua equipe, choraminga centavos e acaba, quando vê sua popularidade em risco, viabilizando o que antes imputava como impossível. É a lógica da demagogia típica dos deputados de ofício...
Que Dorival possa fazer seu trabalho com paz, equilíbrio e tranquilidade. O clima no clube está excelente e todos nós, vascaínos, podemos até voltar a sonhar.
A volta do Reizinho, cuspido do Vasco há meses como traíra pela mesma diretoria, mostrou que o amor à bandeira deve estar sempre acima da politiquice e dos interesses escusos de quem só quer se promover no clube.
E nós, vascaínos, precisamos ficar bem atentos. O brilho do time dentro de campo é inversamente proporcional ao oportunismo cínico desses comandantes que o Vasco de hoje tem.
Vamos vibrar, sim, e torcer muito. O Vasco, a camisa, a bandeira, a tradição...esses merecem! Mas, de minha parte, está muito claro que, até quando fazem a coisa certa, esses gestores apenas confirmam o equívoco e a intenção de ocultar fatos dentro do Vasco.