Quem te viu, quem te vê. O mesmo dirigente que demitiu técnicos em momentos decisivos de campeonato, afastou jogadores importantes e brigou com craques e ídolos da torcida vascaína, hoje passa a mão sobre a cabeça dos jogadores que acabaram de protagonizar a quinta humilhação consecutiva para o arqui-rival Flamengo em finais. Numa conversa de uma hora com o técnico Renato Gaúcho nesta sexta-feira, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, amenizou a tensão pós-derrota e confirmou a posição de não afastar ninguém do elenco.
Apesar de ouvir do treinador que alguns atletas não tiveram o procedimento correto de um profissional às vésperas de uma decisão, Eurico manteve o tom.
- Ele é presidente, aqui quem manda é ele. O que eu penso ele já sabe. Aprontou, eu passo para o presidente. Se ele vai punir ou não, é problema dele. Meu problema é dentro do campo. Ele decide lá em cima. Aqui embaixo, no campo, decido eu - disse Renato, com quem alguns atletas, mesmo que permaneçam no grupo, não atuam mais.
A decisão de Eurico contrasta com atitudes polêmicas do dirigente no passado. Às vésperas de uma decisão de Copa Mercosul e dos momentos decisivos da Taça João Havelange, em 2000, Eurico afastou Oswaldo de Oliveira e chamou Joel Santana para assumir o cargo. Após anos de clube, o goleiro Carlos Germano ficou fora do Mundial de 2000, realizado no Brasil, às vésperas da estréia. Hélton assumiu seu lugar e acabou se destacando. Luizão era artilheiro da temporada 1999 no Vasco, após ganhar a Libertadores, e foi dispensado por cobrar salários atrasados. Edmundo, maior ídolo do clube na década de 90, acabou brigado com o dirigente após idas, vindas e processos contra o Vasco.
Nesta sexta-feira, após chegar atrasado ao treino, o atacante Valdiram treinou em separado e não participou do coletivo, mas continua no elenco. Ives, outro acusado de indisciplina, treinou normalmente. Após o vermelho na decisão, Valdir Papel jogou entre os reservas e fez até gol. Os tempos mudaram na Colina.