Torcedores do Vasco que decidiram comprar seus ingressos pela internet e foram retirá-los neste sábado, no Maracanã, muito tempo antes do jogo contra o Cruzeiro, passaram por transtornos. Sofreram com desinformação e burocracia e enfrentaram uma fila enorme entre 13h e 14h. Muitos ficaram sem ingresso.
A empresa FutebolCard, que oferece a venda online, avisa em seu site que a retirada ocorre de 10h a 14h no dia da partida. No entanto, a venda continua após esse horário, só que em bilheteria diferente (passa da número 3, na Uerj, para a 4, na Estátua do Bellini, do lado oposto). A justificativa é evitar a correria e o acúmulo de pessoas perto do horário, algo que causou transtorno nos primeiros jogos no novo Maracanã.
A concentração de pessoas em frente às bilheterias gerou uma fila de cerca de 100 cruz-maltinos, e cada torcedor levava em média 50 minutos para adquirir seu ingresso. Houve quem decidisse abrir mão da entrada comprada via cartão de crédito para ceder a um cambista, que negociava livremente a R$ 30 o ingresso do Setor Sul, já esgotado. O valor original é R$ 20 - com meia-entrada a R$ 10.
- Não tenho o que fazer. Preciso almoçar, vou para a casa da minha mãe e depois vejo como fazer, se dá para estornar no cartão - lamentou o estudante Felipe de Almeida, de 23 anos.
Dos 24 mil ingressos comercializados antecipadamente, aproximadamente três mil foram pela internet. Não há no Maracanã um sistema informatizado que permita aos torcedores usarem o próprio cartão de crédito para passar pela roleta, então eles precisam comparecer à bilheteria do estádio. Quem foi neste sábado ainda sofreu com a queda do sistema de vendas por duas vezes entre 14h e 15h30m.
Um torcedor discutiu com o funcionário da bilheteria, ameaçou-o de agressão e foi levado por policiais. Outro, ao descobrir que seu carro havia sido multado, sofreu um ataque epilético, foi socorrido pela Guarda Municipal e voluntários e levado ao hospital às pressas. O grupo com o qual ele estava teve problemas para obter a gratuidade a uma criança sem a certidão de nascimento e foi obrigado a comprar o ingresso ao preço máximo. Tratava-se, curiosamente, de um vascaíno e vários cruzeirenses, que toparam ficar na torcida do time carioca, na luta contra o rebaixamento.
- Já somos campeões, então não tem problema. O importante é se divertir, só é chata essa dor de cabeça aqui. Vamos acompanhar o amigo e assistir a um jogo no novo Maracanã - disse um dos mineiros, que, antes de poder se identificar, teve que se apressar para ajudar o colega que passava mal.
Um caso emblemático foi de um torcedor que carregava uma procuração e documentações de terceiros para retirar duas entradas para parentes. A informação na central de atendimento da FutebolCard (que opera de segunda à sexta) era de que a carteira de identidade do comprador e o cartão de crédito utilizado bastavam. Porém, uma funcionária e o gerente Thiago José exigiram a presença deste titular. A tal declaração, aliás, é feita à mão e pode ser facilmente burlada, como ressaltou o vascaíno Haroldo Lucena.
- Esse pedaço de papel é uma brincadeira. Estamos em 2013 e ainda inventam isso. Não serve para nada, só atrasa.
Enquanto estes episódios ocorriam, a espera para comprar ingressos, do outro lado da bilheteria, era praticamente nula. Os cavaletes pouco tinham serventia. Já pela internet...