Futebol

Vasco busca encerrar jejum de 14 anos, totalmente diferente de 2011

O futebol brasileiro mudou bastante neste período. E mesmo o Vasco, que se via preso no atraso em meio a todos os problemas, avançou de alguma maneira. Hoje, o clube é presidido por outro ídolo, Pedrinho, e ainda vive uma situação financeira delicada, embora esteja organizado nesse fundamento: está em processo de recuperação judicial, cuida da sustentabilidade econômica e não lida com salários atrasados, como acontecia com frequência nas últimas duas décadas, inclusive em 2011. Mas a resposta esportiva nem sempre é certa ou rápida.

Chegar à decisão já garantiu ao Vasco, pelo menos, R$ 33 milhões de reais em premiação. Se for campeão, o valor é de R$ 77,1 milhões. Os números financeiros são importantíssimos, mas a questão esportiva de estar na final e, no melhor dos cenários, vencê-la, é fundamental. É vital que o clube retome uma mentalidade vencedora, o que passa por diretoria, comissão técnica e elenco. Emendar dois anos seguidos de semifinais, com o segundo culminando na decisão, é a sinalização de um caminho positivo.

A torcida é peça fundamental nesse quebra-cabeça. Mesmo com o final melancólico de Campeonato Brasileiro, os vascaínos compraram o barulho da equipe e lotaram o Maracanã nas duas partidas, o que se repetirá na final. Voltar a uma decisão mexe com a autoestima dos torcedores, a parte mais machucada em anos marcados por desempenhos decepcionantes, quedas e pouquíssimo protagonismo.

Se for campeão, o Vasco pode estar diante da virada de chave de que 2011 não trouxe. Em 2026, o clube passará a vestir Nike, deve ter um orçamento um pouco menos limitado e, em caso de título, disputará a Libertadores novamente após seis anos. Tem ótimos ativos em seu elenco atual, uma espinho dorsal titular sólida para disputar grandes competições (ainda que falte opções no banco), um treinador identificado, uma joia que deve se tornar a maior venda de sua história e, como citado, uma organização financeira e institucional que não permitirá que o grupo se desfaça, como aconteceu nos anos seguintes ao da decisão de '14 anos atrás. Ainda há outros processos correndo, como a reforma de São Januário e a possível revenda da SAF, que podem acontecer em 2026.

Tudo passa, porém, por um confronto historicamente muito difícil para o cruz-maltino. O Corinthians é um dos maiores, senão maior rival do clube fora do Rio de Janeiro. A Neo Química Arena, palco do primeiro jogo, na quarta-feira, é um território espinhoso: o Vasco perdeu todos os jogos que disputou lá. No ano passado, encerrou um jejum de 14 anos sem vencer os paulistas em qualquer estádio, com triunfo por 2 a 0 em São Januário. Sair com um resultado positivo de São Paulo é vital para transformar o Maracanã, no segundo jogo, num palco tão opressivo aos rivais quanto a Colina Histórica.

— Foi um momento de profundo êxtase, de alegria, ver a torcida celebrar algo que ela merece muito. A gente deu mais um passo rumo a um sonho de todo vascaíno. Tem tudo para ser uma grande final. O Corinthians tem uma grande equipe, uma torcida que apoia bastante, e eles vão jogar um jogo em São Paulo dentro dos domínios deles e vamos fazer a finalíssima aqui no Maracanã. A gente tem que saber descansar e saber preparar. Tem tudo para ser dois grandes jogos — projetou o técnico Fernando Diniz.

Vasco e Corinthians se enfrentam na quarta-feira, às 21h30, na Neo Química Arena, em São Paulo. No domingo, fazem o segundo jogo, no Maracanã, às 18h30.

Quando conquistou a Copa do Brasil em 2011, encerrando um jejum de grandes títulos (de nível nacional, no mínimo) até então de 10 anos, o Vasco sonhava com uma virada de chave. O clube já vinha em turbulência financeira, havia caído para a Série B pela primeira vez três anos antes e tinha o ídolo Roberto Dinamite na presidência. O legado daquela conquista acabou sendo curto, e o Vasco mergulhou em problemas políticos, financeiros e esportivos ainda mais profundos nos anos seguintes. É um histórico que explica o quão importante para torcida e instituição é voltar à final do torneio depois de 14 anos. Ontem, o clube venceu o Fluminense nos pênaltis (4 a 3, após 1 a 1 no agregado dos tempos normais) e carimbou a vaga na final da decisão de 2025, contra o Corinthians.
 

Fonte: Agência O Globo