Vasco da Gama: uma bandeira portuguesa na África do Sul

Quando a Selecção Nacional chegar à África do Sul, para disputar o Mundial, vai ter à sua espera uma comunidade habituada a ganhar. A culpa é do Vasco da Gama, o clube que encheu de orgulho os portugueses da Cidade do Cabo. Há dias venceu o título da II Divisão e na próxima época vai estar entre os maiores.
No plantel tem apenas três jogadores portugueses, dois dos quais são irmãos, mas nos gabinetes tem uma vasta comunidade. «Representámos a maior comunidade de um país estrangeiro na Cidade do Cabo», conta o fundador Marcelino Nogueira. «Mas não deixámos de ser um clube pequeno. Queremos dar o salto.»

Um campeão que quer inspirar a selecção

O presidente Mário das Neves assina por baixo. «Durante a época tivemos assistências médias de 500 pessoas nos jogos. Na final tivemos 6500 adeptos. Mas queremos mais.» Por isso promete uma campanha para conquistar a comunidade portuguesa, com um olho na comunidade residente em Joanesburgo. «É enorme», diz.

«Vamos fazer iniciativas em Joanesburgo e tentar captar os portugueses que moram na cidade. Também estamos a tentar colocar uma bandeira de Portugal na nossa camisola. Queremos ser um símbolo de Portugal na África do Sul», adianta Mário das Neves. «Se a comunidade aderir, seremos dos maiores clubes do país.»

Um clube que quer formar craques

Mas quer mais, o presidente. Quer também aproximar o Vasco da Gama de Portugal. «O Sporting vai instalar uma academia na África do Sul. Outros clubes podem estar interessados em fazer o mesmo e nós estamos disponíveis para cooperar. Temos todo o interesse em fazer parcerias com os clubes portugueses.»

Até porque o Vasco da Gama é acima de tudo um clube fundador. «Temos equipas em todos os escalões jovens e já demos ao futebol sul-africano alguns internacionais. O avançado Shaun Bartlett e o guarda-redes Andre Arendse, que jogaram no Charlton e no Fulham, foram formados no Vasco da Gama», acrescenta

O irmão, Carlos das Neves, treinador da equipa principal, diz que o repto está feito. «Somos um clube com a tradição portuguesa de formação de jogadores. Gostávamos de poder fazer intercâmbio com clubes do país», adianta, na esperança que se abra uma janela de oportunidade. Afinal os portugueses são uns para os outros.