Flamengo reúne clubes e atletas olímpicos em seminário sobre valorização da cultura negra nos esportes
Como parte das ações pelo Dia da Consciência Negra, o Flamengo realizou nesta terça-feira (18/11), às 14h, no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), no Centro do Rio, o seminário “Valorização da Cultura Negra nos Esportes: Identidade e Desafio”, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. O evento reuniu representantes do Athletico Paranaense, Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo e Vasco, além de atletas olímpicos do Mais Querido, para debater pautas antirracistas e o papel transformador do esporte na sociedade.
A apresentação ficou sob o comando de Emerson Santos, narrador da FlamengoTV, junto com a presença de Ricardo Campelo, vice-presidente de Responsabilidade Social do Flamengo e Lavito Bacarissa, presidente da Comissão dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Grandes Clubes, Grandes Responsabilidades: A Agenda Antirracista nas Instituições Esportivas
Representantes de cinco clubes brasileiros se juntaram a Camila Nascimento, gerente de Responsabilidade Social do Flamengo para discutir o legado que o rubro-negro trabalha para deixar: que pessoas negras possam ocupar qualquer posição dentro do esporte. Nelson Barros Neto, coordenador de Conteúdo do Bahia citou o posicionamento firme do clube no caso Gerson, enquanto o historiador do Vasco Walmer Peres abordou o letramento oferecido para jogadores e torcedores do cruzmaltino.
Ainda no debate, Rubens Neves, diretor da Funcap (Fundação Athletico Paranaense) destacou a criação do canal de denúncias do Furacão, enquanto Débora Froquet, coordenadora de Gente e Cultura da SAF Botafogo relatou o banimento definitivo de um sócio-torcedor envolvido em ato de racismo no estádio. Já Henrique Muzzi, diretor de Comunicação do Instituto Galo, reforçou que ainda é preciso de muitos seminários como esse para o futebol caminhar para uma evolução no assunto.
A presença dos clubes no painel reforçou o papel social do futebol como agente de transformação e mostrou que a causa transcende a rivalidade em prol da sociedade.
Relatos em Primeira Pessoa: Vivências Negras no Esporte
Histórias reais de superação, coragem e orgulho deram o tom do painel, que reforçou o papel essencial dos atletas na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Lorrane Oliveira, atleta de ginástica artística e medalhista olímpica em Paris, emocionou o público ao afirmar: “Desejo que os negros continuem no topo da ginástica conquistando o que nós merecemos.” Gui Deodato, ala-armador do FlaBasquete e da Seleção Brasileira, ressaltou a necessidade do envolvimento de todos: “Que todo mundo busque o letramento racial buscando o bem comum.” Já Giovanna Santos, a Gigi, judoca bicampeã brasileira (2023/2024) imagina “um futuro em que não exista a injusta preocupação com a cor da pele.”
A mediação ficou por conta de Ingrid David, especialista em Relações Étnico-Raciais e Acessibilidade e estrategista de Negócios de Impacto, que guiou o diálogo sobre trajetória, desafios, experiências de enfrentamento ao racismo e a importância da representatividade para jovens negros que sonham com uma carreira esportiva.
Formação Antirracista no Esporte: Caminhos e Experiências
Profissionais e instituições que atuam diretamente na promoção da educação antirracista compartilharam práticas e reflexões sobre como construir um ambiente esportivo mais justo, consciente e livre de preconceitos. Participaram do debate Mario Love, da Central Única das Favelas (Cufa), Barbara Azeo, gestora cultural e assessora da Rede Complementar de Equipamentos Culturais da Secretaria Municipal de Cultura do Rio, Yago Feitosa, mestre em Educação das Relações Étnico-Raciais pela UFRRJ e gerente da Rede Complementar de Equipamentos Culturais da Secretaria Municipal de Cultura do Rio e Vitor Matos, mestre em Políticas Públicas em Direitos Humanos pelo UFRJ e coordenador-geral de Ações Afirmativas na Educação no Ministério da Igualdade Racial.
Práticas antirracistas do Flamengo durante o ano
Em 2025, o Flamengo consolidou seu compromisso antirracista com uma medida histórica: a inclusão de novos parágrafos no Estatuto do Clube, tornando inegociável a luta contra o racismo em todas as suas esferas — esportiva, social, cultural e de formação profissional. A cláusula estabelece penalidades severas para práticas discriminatórias, como suspensão e expulsão de associados, demissão de colaboradores e rescisão de contratos de prestadores de serviço, reforçando que o combate ao racismo deve guiar todas as ações do clube.
Além da mudança estatutária, o Flamengo promoveu formações em letramento racial para atletas das modalidades de futebol (base e feminino), judô, basquete, remo e vôlei, além dos educadores do projeto social Jogaremos Juntos. As atividades foram conduzidas por profissionais especializados e instituições reconhecidas, como Cufa, Secretaria Municipal de Cultura e ID_BR, com o objetivo de ampliar a compreensão sobre racismo, fortalecer a consciência crítica e incentivar atitudes de respeito, equidade e responsabilidade dentro e fora das competições.
Sobre a Responsabilidade Social do Flamengo
No Flamengo, a Responsabilidade Social não é feita de ações isoladas, mas de um movimento contínuo que une Educação, Inclusão Social, Sustentabilidade e Saúde e Qualidade de Vida. Cada iniciativa representa nosso compromisso em transformar realidades e reforça o papel do clube como agente ativo na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
Flamengo reúne clubes e atletas olímpicos em seminário sobre valorização da cultura negra nos esportes
— Venê Casagrande (@venecasagrande) November 18, 2025
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